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CAPITULO I DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO PRECOCE DA DOENÇA

2.4. Instrumentos e Procedimento de Recolha de dados

A recolha de dados é uma etapa muito importante no processo de investigação, pois a sua abrangência e eficácia permitem um trabalho mais enriquecedor, devendo ser realizada em função do objetivo do estudo e, nessa medida, “a escolha do método de colheita dos dados depende do nível de investigação, do tipo do fenómeno ou de variável e dos instrumentos disponíveis” (Fortin 2009, p. 368). Este autor refere ainda que as investigações com abordagem qualitativa privilegiam os métodos de colheita e tratamento de dados flexíveis e favorecedores do aprofundamento dos conhecimentos sobre os fenómenos.

A colheita de dados foi realizada no primeiro contato com utente, na USF selecionada, aquando a verificação do diagnóstico de DPOC, confirmado pela espirometria, e posteriormente durante e após as sessões de educação para a saúde e claro através das entrevistas semiestruturadas, ou seja, oportunamente.

Os instrumentos de recolha de dados na investigação qualitativa e no método de investigação ação, podem ser recolhidos ao longo de todo o projeto de investigação, implicando uma reflexão e uma adaptação sempre que necessário. Na investigação-ação a colheita de dados incluiu factos e interpretações ou explicações desses factos, inicia-se

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de modo amplo e compreensivo e à medida que as descobertas surgem orientam e focam as colheitas de dados sucessivas (Strubert e Carpentier,2013)

Os instrumentos de recolha de dados utilizados nesta investigação foram: a entrevista semiestruturada, realizada com gravação áudio; a observação direta; uso de aparelho de espirometria; uso do computador do investigador (usado para registo de informação e também com o apoio de um retroprojetor foram essenciais nas sessões de educação para a saúde) e o uso do telefone de serviço (sempre que necessário quer para lembrar os utentes das sessões quer para esclarecimento de dúvidas. Por outro lado, tornam-se essenciais as técnicas para registo de dados, tais como: fotografias (só ao investigador e material das sessões), gravações, folha de registo de dados observados e para registo dos valores das espirometrias.

De entre os instrumentos explicitados, saliento a entrevista, dado que ela possibilitou ao investigador identificar os fatores de risco dos participantes e as suas principais necessidades na adaptação a uma doença crónica diagnosticada no momento, efetuada no início e no fim da intervenção.

Coutinho (2011) salienta que a entrevista é o principal método de recolha de dados nas investigações qualitativas, ao possibilitar ao investigador um contato direto com os participantes e o acesso a uma vasta amplitude de dados para análise, que o sujeito entrevistado transmite com base nas suas ideias e opiniões, de forma não condicionada. Ao ser não estruturada, engloba questões abertas, pelo que se apresenta como um método de colheita de dados marcado pela flexibilidade.

Antes da realização das entrevistas semiestruturadas foi essencial a elaboração de um guião previamente organizado e que é o eixo orientador do desenvolvimento da mesma

(Apêndice A), sendo um aspeto significativo, que promoveu a fluidez da entrevista e

facilitando o recordar de todos os conteúdos a focar e permitindo a livre expressão de opiniões dos entrevistados sobre cada um dos assuntos (Hernandez Sampiéri, Fernández Collado e Batista Lucio, 2013).

A aplicação prévia de um pré-teste a dois utentes com DPOC não incluídos na população em estudo, foi a etapa que se seguiu, após a elaboração do guião e antes da realização das entrevistas aos participantes, de modo a avaliar se a mesma era de fácil compreensão e qual a sua aplicabilidade. Segundo Fortin (2009) o pré-teste faz a prova que consiste em verificar a eficácia e o valor da entrevista de uma amostra reduzida da população. A realização do mesmo, decorreu no dia 02 de outubro de 2017, ajudando a estimar o tempo médio de duração da entrevista, aperfeiçoar a técnica, sendo também um meio de validar

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a entrevista formulada. No final da realização do pré-teste, verificou-se que não era preciso alterar o guião da entrevista.

A duração das entrevistas foi de cerca de 45 minutos, deixando os utentes expressar livremente os seus pensamentos e ideias, favorecendo a exploração da resposta dos participantes, durante as quais o investigador procurou sempre dar resposta às questões da investigação e aos objetivos do estudo. As entrevistas foram gravadas em registo áudio, após consentimento informado dos participantes (Apêndice B). A colheita de dados efetuou-se num gabinete da USF onde decorreu o estudo, de acordo com a disponibilidade dos utentes, sendo garantida a privacidade e o conforto dos mesmos. As entrevistas realizaram-se em dois momentos distintos, antes e depois de três sessões de educação para a saúde. As primeiras entrevistas decorreram entre 25 de outubro e 15 de novembro de 2017 e as ultimas entre janeiro e março de 2018.

É de salientar que no primeiro contato com os utentes foi preenchida uma Folha de Registo de dados, para recolha de alguns elementos pertinentes e que foram importantes para que o investigador ficasse a conhecer o grupo em estudo (Apêndice C). Estes elementos recolhidos, foram analisados, em conjunto com alguns dados recolhidos das entrevistas. Nesta análise de resultados obtidos, constam dados sociodemográficos, e também clínicos importantes para o estudo, como fatores de risco, sintomas, diagnóstico e estadio da doença.

Na sequência da descrição dos instrumentos de recolha de dados, torna-se fundamental descrever, passo a passo, o desenho de investigação delineado e implementado, após aprovação pela comissão de ética a ARS Norte:

1. Verificação dos utentes com fatores de risco e/ou sintomatologia da DPOC e confirmação do diagnóstico pela observação da espirometria realizada. Na folha de registo das espirometrias foi também registada alguma informação dos utentes, após o seu consentimento informado e esclarecido. Foram também avaliados alguns parâmetros importantes (TA, o peso e a altura) e foi fornecido o contato telefónico do investigador para qualquer esclarecimento.Esta etapa decorreu entre setembro e outubro de 2017.

2. Realização de uma entrevista semiestruturada, individual aos utentes com o diagnóstico de DPOC e planeamento com os mesmos das sessões de educação para a saúde. Esta etapa decorreu entre outubro e novembro de 2017;

3. Realização da 1ª Sessão de educação para a saúde, tendo como título “Aprender a viver com a DPOC “. Nesta sessão foram apresentados diapositivos alusivos ao tema e esclarecidas dúvidas dos participantes, sendo exclusivamente de conteúdo teórico. Realizou-se uma abordagem geral sobre a temática, onde foi apresentada

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a definição de DPOC, quais os seus estadios, sintomatologia, como diagnosticá-la, quais os principais fatores de risco e complicações da doença e como combate-los e preveni-los, como tratar e viver com a doença. Foi também dado a conhecer o dia Mundial da DPOC. Esta sessão teve uma duração de aproximadamente 60 minutos e decorreu no dia 22 de novembro de 2017.Nesta sessão foi combinado com os utentes qual a data das próximas sessões, todos concordaram que continuaria às quartas-feiras pelas 18horas;

4. Realização da 2ª Sessão de educação para a saúde, tendo como tema “A importância da autogestão da DPOC” Esta sessão pretendeu promover a adesão ao regime terapêutico, no sentido de dar empowerment ao doente. Neste sentido, foi dada importância à gestão eficaz da medicação, reforçada a importância da nutrição e incentivado o exercício físico na DPOC. Foram, ainda, abordados temas como a sexualidade, o sono e a gestão do stress e da ansiedade na DPOC, sendo temas que despertaram particular interesse nos participantes. Foram apresentados diapositivos sobre o tema e ainda realizado o cálculo do IMC, do perímetro abdominal e da saturação de oxigénio. Teve uma duração total de 60 minutos, sendo 45 mn para a parte teórica e 15 mn para a avaliação dos parâmetros, decorrendo no dia 29 de novembro de 2017;

5. Realização da 3ª e última Sessão de educação para a saúde, tendo como tema “Benefícios da Reabilitação respiratória na DPOC.” Esta sessão decorreu com duração que ultrapassou os 60 minutos, dado que tinha uma componente essencialmente prática. Deste modo destacam-se duas partes principais, uma pequena apresentação teórica do tema (cerca de 15 minutos) e o restante tempo da sessão (mais de 45 minutos) foi prático. Esta sessão englobou o ensino e treino do autocontrolo da respiração, posições de conforto e relaxamento, ensino da tosse controlada, técnicas de conservação de energia, reforçando mais uma vez a prática de exercício físico, onde deve inspirar e expirar. Foram, ainda, abordados os recursos da comunidade, sendo fornecido aos participantes, contatos e sites credíveis relacionados com a DPOC. Nesta sessão recorreu-se ao seguinte material: espelho, halteres, bolas de ténis e de relaxamento, faixas elásticas, bastão de madeira, garrafas de água pequenas, uma almofada e uma escada de dois degraus. Esta sessão aconteceu no dia 06 de dezembro de 2017.

6. Entrevista semiestruturada individual, no fim das sessões de educação para a saúde e esclarecimento de dúvidas.

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É de salientar que ao longo das sessões, foram realizadas algumas alterações de modo a adaptar as sessões às necessidades dos participantes.

No sentido de acolher os participantes e lhes proporcionar bem-estar, foi-lhes oferecido chá e bolachas, antes de cada sessão e no início das sessões, aquando a receção dos utentes foi-lhes fornecida uma pasta com elástico de tamanho A4 para que pudessem guardar os documentos fornecidos em cada sessão (Apêndice D) e na qual constavam também algumas folhas brancas e uma caneta, para que pudessem anotar algo que considerassem importante. Os utentes trouxeram este material para as restantes sessões. É de salientar que todo o material usado para a realização deste trabalho de investigação foi da inteira responsabilidade do investigador, sem qualquer gasto para os utentes, ou para a USF onde decorreu o estudo.