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Instrumentos e procedimentos de coleta de informações

4.1. Passos metodológicos

4.1.4. Instrumentos e procedimentos de coleta de informações

As abordagens: quantitativa e qualitativa devem ser consideradas complementares e não antagônicas, apesar de suas diferenças (MINAYO & SANCHES,1993). A realização de pesquisa através da complementaridade de abordagens é uma maneira atual de reconhecer os limites dos “modelos fechados” e a existência de processos, na realidade investigada, que permitem ser “explicados em sua magnitude e compreendidos em sua intensidade.” (MINAYO, 2005: 99).

Com isso pretendeu-se um maior aproveitamento do tempo de coleta e uma maior riqueza de dados. Enquanto o questionário assegurou um nível maior de uniformidade nas respostas e uma maior confiabilidade nos dados, já que há uma tendência a maior honestidade nas respostas por conta do anonimato do instrumento, os grupos focais permitiram observar a

interação do sujeito em grupo de semelhantes, como também verificou e aprofundou os relatos obtidos através de questionários. Outro aspecto importante para o uso desse conjunto de técnicas é o levantamento dos aspectos diretamente relacionados com o objeto de investigação (RAUPP & REICHLE, 2003).

Assim para o levantamento das percepções dos jovens sorteados e localizados sobre as possíveis mudanças ocorridas em sua relação com a escolarização e o mundo do trabalho e se atribuem tais mudanças (se houver) a sua participação no ProJovem, foram utilizadas duas técnicas de coleta de dados: um survey com aplicação de questionário com questões abertas e fechadas e a realização de grupo focal.

4.1.4.1. O survey

Pesquisa de survey é uma forma particular de pesquisa social empírica, que tem como objetivos gerais: a descrição, explicação e exploração de um determinado objeto (BABBIE, 2005). Neste estudo o survey foi utilizado para acompanhar a trajetória dos jovens antes e depois de sua participação no Programa e ter um panorama mais amplo sobre suas opiniões.

Trinta itens compuseram o questionário utilizado na pesquisa. As questões foram dispostas em quatro blocos: o primeiro contou com variáveis sócio-econômicas, o segundo e o terceiro – blocos que correspondem às dimensões do programa - buscaram saber sobre sua relação com a escolarização e com o mundo antes de sua participação no programa e no momento atual; para finalizar o quarto bloco procurou detectar a opinião dos jovens sobre o Programa e as mudanças trazidas pelo Programa na vida do jovem.

Como referido anteriormente, uma equipe de aplicadores foi preparada pela autora para a realização da aplicação do instrumento. Para cada jovem localizado os itens foram perguntados e registrados pelo aplicador, buscando assim maior precisão na compreensão dos mesmos e garantindo que todas as respostas fossem dadas.

Com o objetivo de apurar a padronização do entendimento dos aplicadores sobre o instrumento e a abordagem para a coleta, reuniões semanais foram realizadas com a equipe onde foram discutidas e esclarecidas dúvidas que surgiram durante a aplicação, sendo possível

realizar ajustes nas estratégias para localização do egresso e refinamento dos padrões de aplicação do instrumento. Além das reuniões semanais, questões emergenciais foram discutidas através de outras vias de comunicação como: telefone celular e e-mail, além de encontros extras com algum membro da equipe em particular. Desta forma, todo o processo foi acompanhado e coordenado pela a autora.

4.1.4.2. O grupo focal

Para um maior aprofundamento das questões relacionadas com a percepção dos jovens sobre as possíveis mudanças ocorridas em suas vidas nas dimensões supracitadas, dois grupos focais foram realizados. Aqui utilizou-se um roteiro elaborado para a condução, que também contemplou as dimensões de análise.

Os grupos focais, ou grupos de discussão, referem-se a uma técnica de investigação de base qualitativa que consiste em conversas semi-estruturadas, baseadas em um roteiro previamente elaborado. Seu objetivo é reunir entre 06 e 12 pessoas que apresentem determinadas características em comum para a coleta de opiniões a respeito desse assunto.

Essa técnica possibilita uma diluição das defesas na expressão de conflitos e afinidades, permitindo a apreensão das “realidades múltiplas”. Como técnica grupal, se mostra extremamente válida no tratamento dos objetivos da pesquisa em educação pela semelhança com a prática pedagógica, que também se realiza em grupos (MACEDO, 2004:179).

O grupo focal revelou-se uma técnica apropriada para alcançar o objetivo principal deste trabalho – investigar as percepções de mudança dos ex-alunos do programa acerca de sua relação com a escolarização e com o mundo do trabalho. Para tal, foram conduzidos dois grupos focais com concluintes do programa no ano de 2007, utilizando o gênero como critério de composição dos mesmos.

Para viabilizar o contato com os egressos foram utilizadas as listas dos aplicadores do survey que continham, em ordem alfabética, os nomes dos jovens que haviam sido entrevistados por cada um deles na primeira etapa de coleta de dados. Partido destas listas, a seleção dos jovens obedeceu aos critérios de acessibilidade – através de contato telefônico – e disponibilidade dos jovens para comparecerem no dia e horário marcados para o grupo focal. Para cada um dos grupos, foram convidados 12 jovens e foi oferecida uma ajuda de custo de R$ 20,00 (vinte reais) para transporte e alimentação, visando à obtenção de maior adesão.

Para a realização dos mesmos, cada grupo contou com a participação de um moderador (a autora), um observador e um relator. Ao

promovendo a participação de todos, para que expressassem sua opinião a respeito do assunto tratado, evitando a dispersão e a concentração das falas somente em alguns participantes do grupo. A função do observador f

contribuir para a coleta de maior quantidade possível de informações, além da responsabilidade com os gravadores (substituir as fitas quando

relator foi registrar, o máximo possível, as falas dos participantes do grupo, bem como numerá-las de acordo com a posição de cada participante no grupo focal.

A operacionalização dos grupos aconteceu da seguinte forma: o grupo focal feminino foi conduzido no turno matutino do dia

ocorreu no turno vespertino do mesmo dia. Ambos os grupos foram realizados em uma sala de aula do Centro de Estudos Interdisciplinares para o Setor Público

de acordo com o modelo pro

Figura 7: Modelo de organização de sala para grupo focal.

Fonte: a autora, adaptado d Sudeste I/UFMG

Para a realização dos mesmos, cada grupo contou com a participação de um moderador , um observador e um relator. Ao moderador coube suscitar falas no grupo, promovendo a participação de todos, para que expressassem sua opinião a respeito do assunto tratado, evitando a dispersão e a concentração das falas somente em alguns participantes do grupo. A função do observador foi estar atento às falas dos participantes do grupo, a fim de contribuir para a coleta de maior quantidade possível de informações, além da responsabilidade com os gravadores (substituir as fitas quando era necessário). O papel do máximo possível, as falas dos participantes do grupo, bem como las de acordo com a posição de cada participante no grupo focal.

A operacionalização dos grupos aconteceu da seguinte forma: o grupo focal feminino foi conduzido no turno matutino do dia 01 de dezembro de 2008 enquanto o grupo masculino ocorreu no turno vespertino do mesmo dia. Ambos os grupos foram realizados em uma sala de aula do Centro de Estudos Interdisciplinares para o Setor Público – ISP

de acordo com o modelo proposto pela figura 7.

: Modelo de organização de sala para grupo focal.

, adaptado de Instruções para Logística de Grupo Focal elaborado por: Sudeste I/UFMG

Para a realização dos mesmos, cada grupo contou com a participação de um moderador moderador coube suscitar falas no grupo, promovendo a participação de todos, para que expressassem sua opinião a respeito do assunto tratado, evitando a dispersão e a concentração das falas somente em alguns participantes do oi estar atento às falas dos participantes do grupo, a fim de contribuir para a coleta de maior quantidade possível de informações, além da necessário). O papel do máximo possível, as falas dos participantes do grupo, bem como las de acordo com a posição de cada participante no grupo focal.

A operacionalização dos grupos aconteceu da seguinte forma: o grupo focal feminino 01 de dezembro de 2008 enquanto o grupo masculino ocorreu no turno vespertino do mesmo dia. Ambos os grupos foram realizados em uma sala ISP/UFBA, organizada

Antes de dar início efetivamente aos grupos focais, foi informado aos participantes como seria a dinâmica utilizada na discussão e foi solicitado que os jovens assinassem a um documento autorizando a utilização das suas falas em estudos relacionados ao programa. Posteriormente utilizou-se um quebra-gelo onde cada participante se apresentasse, atribuísse uma nota de 0 a 10 ao ProJovem e justificasse sua resposta, com isso pretendeu-se iniciar a discussão de modo mais amplo e “aquecer” o grupo antes das questões mais diretamente relacionadas com o objetivo do estudo.

Apesar de o roteiro ser estruturado em forma de perguntas, durante a realização dos grupos procurou-se lançar os temas para discussão. Os probes foram utilizados apenas quando os assuntos, considerados muito relevantes para a pesquisa, não foram espontaneamente discutidos pelos jovens. O roteiro foi adaptado de versão anteriormente utilizada pelo Sistema de Monitoramento e Avaliação do ProJovem, em pesquisa com participantes do Programa.

O grupo feminino contou com a presença de 08 das 12 ex-alunas convidadas e teve duração de aproximadamente 2:00 horas. Já para o grupo masculino, compareceram 06 jovens e a duração foi de aproximadamente 1:30 hora.

Após a conclusão dos grupos, o relator leu os registros feitos para o grupo a fim de que o mesmo confirmasse ou esclarecesse algum possível equívoco nos mesmos. Após os agradecimentos, o grupo foi dispensado e as fitas k7 gravadas e os registros dos relatos encaminhados para transcrição e posterior análise das falas. Este passo será tratado a seguir.