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Instrumentos e procedimentos para coleta de dados

3 OBJETIVOS

4.6 Instrumentos e procedimentos para coleta de dados

Neste estudo utilizamos como técnica para a captação da realidade empírica, a observação participante orientada e a entrevista com roteiro semiestruturado. Como instrumento de registro da pesquisadora, foi utilizado o diário de campo.

A observação participante foi o instrumento inicial na coleta de dados e o direcionador do momento de realização da entrevista. A observação, conforme mencionado anteriormente, foi realizada após contato prévio da pesquisadora com as mães.

4.6.1 Entrevista com roteiro semiestruturado

A entrevista com roteiro semiestruturado (Apêndice D) foi utilizada como instrumento para coleta de dados por entendermos que seria uma técnica apropriada para estabelecer ou descobrir que existem pontos de vista sobre fatos além daqueles do entrevistador conforme propõem Bauer e Gaskell (2007). Possibilitou conhecer as crenças, os valores, as atitudes e motivações, em relação aos comportamentos das mulheres e familiares em seus contextos sociais. A entrevista forneceu dados para o desenvolvimento e a compreensão das relações entre as mães e a situação do aleitamento materno após a alta hospitalar.

Ao optarmos pela entrevista como instrumento de coleta de dados, dois aspectos foram considerados: a especificação do tópico- guia (o que perguntar) e a seleção dos entrevistados (a quem perguntar) conforme orientado por Bauer e Gaskell (2007).

O tópico-guia foi planejado para dar conta dos fins e objetivos da pesquisa e resultou de leitura crítica e aprofundada da literatura, do reconhecimento do campo, de discussões com pesquisadores mais experientes e de algum pensamento criativo.

Na entrevista individual, conseguimos mais detalhes sobre a experiência pessoal, decisões e sequência das ações com perguntas dirigidas à motivação (BAUER; GASKELL, 2007). As perguntas procuraram ser um convite à entrevistada a falar longamente, com suas próprias palavras e com tempo para refletir.

A fim de encorajar as entrevistadas a falar longamente, a se expandir e a ser sinceras, optamos por realizar as entrevistas em seus domicílios. Assim, ficaram à vontade e pudemos estabelecer uma relação de confiança e segurança conforme propõe Bauer e Gaskell (2007).

A entrevista com roteiro semiestruturado foi utilizada para valorizar a presença do investigador e oferecer todas as perspectivas possíveis para que as informantes alcançassem a liberdade e a espontaneidade necessárias, enriquecendo a investigação (TRIVINOS, 2007).

O roteiro foi construido de forma a permitir a flexibilidade nas conversas e a apreensão de outras questões trazidas pelas entrevistadas como sendo sua estrutura de relevância (MINAYO, 2007).

Em relação ao número de entrevistas realizadas, Bauer e Gaskell (2007) advertem que não há um número pré-definido de entrevistas mas há um número limitado de versões ou interpretações da realidade pois as representações não surgem das mentes individuais, mas como um processo social. Além disso, há a questão do tamanho do corpus a ser analisado.

Neste trabalho, as entrevistas seguiram o critério de saturação. Por critério de saturação entende-se o conhecimento formado pelo pesquisador, no campo, de que se conseguiu compreender a lógica interna do grupo ou da coletividade em estudo (MINAYO, 2007).

As seguintes questões foram norteadoras da entrevista:

- Como foi sua experiência de amamentar seu filho no hospital? - Como está sendo sua experiência de amamentar seu filho em casa?

- Quais foram as facilidades que você encontrou para amamentar seu filho após a alta hospitalar?

- Quais foram as dificuldades que você encontrou para amamentar seu filho no domicílio?

As entrevistas foram gravadas e transcritas pela pesquisadora. O tempo de duração das entrevistas variou entre sete minutos e doze segundos e trinta e seis minutos e

dez segundos. A pesquisadora considerou que a variação de tempo não prejudicou o conteúdo das entrevistas e deveu-se ao modo de ser de cada entrevistada.

4.6.2 Observação participante

A observação participante, segundo Minayo (2007), é um instrumento essencial para coleta de dados na pesquisa qualitativa.

A utilização dessa técnica permitiu a aproximação com o fenômeno pesquisado, pois participando da vida diária dos sujeitos pesquisados, foi possível tentar apreender a visão de mundo e os significados que os sujeitos atribuem à realidade que os cerca e a suas próprias ações (LUDKE; ANDRÉ, 1986).

Podemos afirmar que um dos principais objetivos dessa técnica foi conhecer a vida humana a partir do cotidiano. Nesse sentido, “a observação tem sido utilizada para descrever uma cultura, um ambiente, uma instituição, a partir de dentro” (NOGUEIRA- MARTINS; BÓGUS, 2004, p.53).

Durante a observação, não nos limitamos ao papel de espectador do fenômeno, pois os fatos observados e suas representações, as contradições existentes entre as normas e as práticas vividas no dia a dia de um grupo podem ser reveladas a partir da observação participante e, dessa maneira, foi possível compreender os aspectos que foram aflorando durante as situações (MINAYO, 2007).

Segundo a orientação de Ludke e André (1986), as observações foram planejadas, tiveram um roteiro definindo o quê e como observar. Pelo exposto, a observação participante foi norteada por um roteiro contendo alguns aspectos a serem observados.

A observação participante foi norteada pelas seguintes questões:

• Sobre a família

1. Como se dá a interação entre mãe e filho? 2. Como é a dinâmica da família?

3. Como é a atuação da mulher na família? 4. Como é a rotina de cuidado do bebê?

As observações ocorreram no período de 06 de janeiro a 05 de maio de 2010 e foram realizadas em diferentes horários e dias da semana, incluindo finais de semana.

O tempo de duração de cada observação variou de uma hora e quinze minutos a três horas e dez minutos, de acordo com a necessidade de a pesquisadora observar a dinâmica do domicílio e a percepção da mesma em relação à disponibilidade da participante em receber a pesquisadora.

Foi necessário retornar a um dos domicílios para observação, devido às condições físicas da mãe no dia da coleta. Ela havia passado a noite com a filha no pronto atendimento e percebi, por sua expressão facial, suas olheiras e constantes bocejos, que estava exausta e com dificuldade para se manter acordada.

Para o registro das informações da observação participante foi utilizado o diário de campo. As observações foram escritas imediatamente após a saída da casa da entrevistada, no domicílio da pesquisadora.

4.6.3 Diário de Campo

O diário de campo foi um instrumento utilizado como forma de organizar e manter um arquivo da experiência vivenciada durante o trabalho de campo para registro de

idéias, percepções e sentimentos da pesquisadora no período de coleta de dados e constou de um caderno pautado e paginado de 01 a 31. Os registros feitos nesse diário tiveram início com a inserção da pesquisadora no campo e terminaram após a conclusão do relatório final.

Para a construção do diário de campo, utilizamos as orientações de Minayo (2007) que considera que esses registros compõem o quadro das representações sociais, ou seja, as categorias de pensamento, de ação e de sentimento que expressam a realidade, explicando-a, questionando-a e justificando-a.

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