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Capítulo 3 Orientações metodológicas

3.7. Instrumentos e técnicas de recolha de dados

Segundo Coutinho, numa investigação do tipo investigação-ação, “tal como para qualquer acto de investigação, é sempre necessário pensar nas formas de recolher a informação que a própria investigação vai proporcionando” (2014, p.371). Os dados são ao mesmo tempo provas e incluem os elementos essenciais dos aspetos que se pretende investigar.

A escolha dos instrumentos é uma tarefa essencial em investigação, “se não queremos que o relatório final seja um conjunto de dados e resultados inconscientes e sem relevância para a investigação em CSH” (Coutinho, 2014, p.47). No presente projeto de investigação os instrumentos e técnicas selecionados para a recolha de dados foram a observação, as gravações áudio e vídeo e o inquérito por questionário (cf. Quadro 2).

A utilização de diferentes métodos para a recolha de dados permite obter dados mais concretos para responder à questão de investigação, assim como conseguir informações de diferente natureza e, posteriormente, fazer a triangulação dos dados.

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3.7.1. Observação

A observação foi um dos métodos de recolha de dados utilizado no presente relatório. Segundo Pardal e Lopes, “não há ciência sem observação, nem estudo científico sem um observador” (2011, p.71). A observação é o ato de observar, ou seja, direcionar a atenção para algo específico, com o objetivo de posteriormente analisar ou investigar determinado acontecimento. A observação dos acontecimentos “torna-se assim de primordial relevância, quer para o professor, quer para o investigador, pois faculta a comparação entre aquilo que se diz e aquilo que se faz, ao permitir entrar na situação que se encontra a decorrer” (Sá, 2012, p.208).

Os métodos de observação “constituem os únicos métodos de investigação social que captam os comportamentos no momento em que eles se produzem em si mesmos, sem a mediação de um documento ou de um testemunho” (Quivy & Campenhoudt, 1992, p.196). Este método de recolha de dados, a observação, é um método em que o observador acompanha os participantes no seu ambiente natural ou contextos criados para ação, como os laboratórios.

Segundo Lourenço, “observar cientificamente é perceber ativamente a realidade exterior com o propósito de obter dados que, previamente, foram definidos como de interesse para a investigação” (2013, p.281). A observação “[é] uma estratégia muito valorizada na investigação em educação, já que nem sempre o que as pessoas dizem que fazem é aquilo que realmente executam” (Alves, 2017).

Considerando que acompanhei os alunos e participei nas sessões, a observação realizada foi a observação participante, em que “o próprio investigador procede directamente à recolha das informações, sem se dirigir aos sujeitos interessados” (Quivy & Campenhoudt, 1992, p.164), pois para se considerar um observador participante é necessário participar na íntegra num grupo e na vida do mesmo. Trata-se “de um método no sentido restrito, baseado na observação visual” (Quivy & Campenhoudt, 1992, p.196).

Segundo Carmo e Ferreira (1998), “[e]m grande parte das situações o investigador deverá assumir explicitamente o seu papel de estudioso junto da população observada, combinando-o com outros papéis sociais cujo posicionamento lhe permita um bom posto de observação” (p.107).

Neste trabalho a observação participante, enquanto técnica de investigação, “é realizada em contacto directo, frequente e prolongado do investigador, com os actores sociais, nos seus contextos culturais, sendo o próprio investigador instrumento de pesquisa” (Correia, 2009, p.31). Este método de recolha de dados tem como princípio

Capítulo 3 - Orientações metodológicas ____________________________________________________________________________ “a necessidade de o pesquisador manter sempre algum grau de interação com a situação estudada, afetando-a, e sendo por ela afetado” (Amado, 2017, p.155).

Em síntese, a observação apresenta vantagens que segundo Quivy e Campenhoudt passam por:

• “A apreensão dos comportamentos e dos acontecimentos no próprio momento em que se produzem.

• A recolha de um material de análise não suscitado pelo investigador e, portanto, relativamente espontâneo.

• A autenticidade relativa dos acontecimentos em comparação com as palavras e com os escritos. É mais fácil mentir com a boca do que com o corpo” (1992, p.199).

3.7.1.1. Gravações áudio e vídeo

As gravações áudio e vídeo apresentaram-se como um instrumento complementar para a recolha de dados. A opção pela gravação áudio e vídeo das sessões justifica-se pelas limitações da observação participante e do registo escrito, uma vez que se torna difícil registar as ideias dos alunos no decorrer da aula. Também o facto de não conseguir captar todos os momentos da aula exclui pormenores pertinentes para o trabalho, por isso, a estratégia utilizada tornou-se mais vantajosa. Neste estudo, para garantir maior transparência e rigor na recolha de dados, foram utilizados áudio e vídeo gravação das sessões.

Fazer o registo escrito descritivo apenas após as observações limita o investigador e este não pode confiar nas recordações, uma vez que a memória é seletiva e pode eliminar dados essenciais para a investigação (cf. Lourenço, 2013, p.281). Nesta linha de pensamento, a utilização de gravações áudio e vídeo tornou-se uma mais valia para eu poder analisar os dados recolhidos com o projeto de intervenção.

3.7.2. Inquérito por questionário

Por último, utilizei o inquérito por questionário para a recolha de dados. O questionário realizado era composto por questões de resposta fechada e aberta. No que toca às questões de resposta aberta o objetivo passou pela tentativa de

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compreensão das aprendizagens que as crianças revelam no final do projeto. A resposta aberta requer que os alunos sejam capazes de expressar a sua opinião acerca de algum aspeto em particular ou justificar uma resposta dada anteriormente. As questões fechadas exigem, também, um conhecimento prévio por parte do investigador sendo que as opções de resposta podem não ter a mesma interpretação para todos os participantes.

Segundo Quivy e Campenhoudt (1992), o questionário

“[c]onsiste em colocar a um conjunto de inquiridos, geralmente representativo de uma população, uma série de perguntas relativas à sua situação social, profissional ou familiar, às suas opiniões, à sua atitude em relação a opções ou a questões humanas e sociais, às suas expectativas, ao seu nível de conhecimentos ou de consciência de um acontecimento ou de um problema, ou ainda sobre qualquer outro ponto que interesse os investigadores” (p.188).

Importa salientar que “o sistema de perguntas deve ser extremamente bem organizado, de modo a ter uma coerência intrínseca e configurar-se de forma lógica para quem a ele responde (Carmo & Ferreira, 1998, p.138).

O inquérito por questionário é uma técnica que pretende interrogar um determinado número de participantes com o objetivo de obter um conjunto de respostas individuais.

Segundo Amado, “os questionários abertos e outros documentos escritos, posteriormente sujeitos a uma ‘análise de conteúdo’, são instrumentos de grande valor heurístico e muitas vezes utilizados na investigação” (2017, p.273). Por outras palavras, o inquérito por questionário é a técnica de recolha de dados que mais se compatibiliza com a racionalidade instrumental e que tem predominado nas ciências e na sociedade em geral.

O questionário apresenta vantagens que segundo Quivy e Campenhoudt passam por:

• “A possibilidade de quantificar uma multiplicidade de dados e de proceder, por conseguinte, a numerosas análises de correlação.

• O facto de a exigência, por vezes essencial, de representatividade do conjunto dos entrevistados poder ser satisfeita através deste método” (p.189).

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Para garantir a resposta a todas as questões e de modo a não levantar quaisquer incertezas, o questionário foi elaborado de forma a ser o mais claro, objetivo e acessível possível, com indicações explícitas e curtas, evitando a dúvida tendo sido previamente validado pelos supervisores da prática pedagógica. O questionário realizado no final do projeto incluía cinco questões de resposta aberta e quatro questões de resposta fechada (cf. Anexo 9).

Este instrumento de recolha de dados foi aplicado a todos os alunos da turma do 4.º ano de escolaridade, na qual se desenvolveu o projeto de intervenção, depois da dinamização de todas as sessões, exceto aos alunos com NEE que optaram por não participar nos questionários.

CAPÍTULO 4

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