• Nenhum resultado encontrado

Instrumentos e técnicas para coleta de dados

4 PERCURSO METODOLÓGICO

4.4 Instrumentos e técnicas para coleta de dados

A coleta de dados aconteceu no período de fevereiro a maio de 2012. Com relação ao primeiro grupo estudado, enfermeiros especialistas em Nefrologia foram realizados um contato inicial, por telefone, com as gerentes de Enfermagem de cada UTRS para agendar um dia adequado a fim de entregar a cópia do projeto e explicar os objetivos propostos do estudo. Após este momento, foi solicitada a relação do número de enfermeiros atuantes em cada clínica, para selecionar os outros participantes da pesquisa.

Após este momento, foram selecionados os enfermeiros assistenciais que se dispuseram a participar da pesquisa, pois, dentre os inúmeros que estavam atuando, foi escolhido, junto à gerente de Enfermagem de cada clínica, aquele que tivesse mais tempo de experiência na Nefrologia por se achar que contribuiriam melhor com as vivências e experiências do dia a dia.

Após este momento, solicitou-se iniciar a pesquisa com data e hora marcada, conforme a disponibilidade de cada participante, de acordo com a hora de serviço e, consequentemente, dos turnos de trabalho na diálise para iniciar a pesquisa.

Com isso, os encontros foram agendados para iniciar a pesquisa no mesmo ambiente de trabalho, pela indicação dos próprios enfermeiros, pelo fato de referirem falta de tempo após o trabalho. Assim sendo, as entrevistas foram realizadas entre os intervalos dos turnos de diálise, se não surgissem intercorrências e/ou emergências com os pacientes no momento da pesquisa que pudessem atrapalhá-la; caso contrário, seria necessário marcar outro dia para iniciar a coleta novamente.

Com este grupo, foi utilizada, primeiramente, a Associação Livre de Palavras, por meio do TALP (APÊNDICE B), com dois estímulos indutores no

processo de evocação das palavras e, após este momento, efetivou-se uma entrevista semiestruturada (APÊNDICE C).

4.4.1 Teste de Associação Livre de Palavras

Essa técnica da evocação livre de palavras teve origem com a Psicologia Clínica, como um teste de memória, que se emprega na avaliação dos domínios cognitivos afetados pelos distúrbios neurológicos.

Conforme Oliveira et al. (2005, p. 575), a técnica de associação livre de palavras consiste em

Pedir ao indivíduo que produza todas as palavras ou expressões que possa imaginar a partir de um ou mais termos indutores, ou ainda em solicitar um número específico de palavras, seguindo um trabalho de hierarquização dos termos produzidos, do mais para o menos importante.

Para tanto, antes de se iniciar o teste, foi explicada a aplicação da técnica com uma simulação com os participantes, com o intuito de facilitar uma melhor compreensão e maior assimilação da técnica, evitando, com isso, erros durante a aplicação das perguntas da pesquisa.

Essa técnica objetivou a percepção da realidade do grupo com base em uma situação preexistente, com o intuito de facilitar o entendimento. Para que não haja erros, deve-se realizar um treinamento prévio com termos indutores que sejam distintos do objeto da pesquisa. Neste caso, foi pedido que escrevessem seis palavras ou expressões que lhe viessem à mente quando escutassem as palavras “praia”, “maçã”, “político” etc.

Para que esta técnica ocorra de maneira adequada, deve-se observar o seu local de execução, pois é uma técnica que exige um ambiente tranqüilo, por dispor de reflexão, não podendo existir interferência externa que venha atrapalhar os resultados da pesquisa. Em ambos os grupos pesquisados, os encontros foram realizados em lugares silenciosos sem nenhuma influência externa, realizadas entre os intervalos de turnos de hemodiálise.

Após se verificar a aceitação e a assimilação da técnica pelos participantes, o teste definido foi aplicado individualmente, por ordem auditiva, com a verbalização da expressão indutora, tanto para as enfermeiras nefrologistas quanto para as enfermeiras neonatologistas, pedindo-se que colocassem em ordem de

importância a palavra ou expressão mais e menos importante, pois Oliveira et al. (2005, p. 577) dizem que “[...] produzirá uma nova ordem de dados que, associado ao cálculo das freqüências, permitirá uma análise da centralidade dos diversos elementos produzidos”, o que constituirá um dos critérios para a determinação dos elementos centrais e periféricos.

No caso do grupo dos enfermeiros especialista em Nefrologia (APÊNDICE B), foram solicitados os seguintes estímulos, o primeiro: “Diga seis palavras que venham a sua mente quando ouve as palavras identidade profissional do enfermeiro” e o segundo: “Diga seis palavras que venham a sua mente quando ouve as palavras identidade profissional do enfermeiro que atua em Nefrologia”; em ambos, foram solicitados que situassem os estímulos na ordem de mais importante para a menos importante.

Este teste deriva da Associação Livre de Palavras que “Consiste em exprimir indiscriminadamente todos os pensamentos que ocorrem ao espírito, quer a partir de um elemento dado (palavra, número, imagem de um sonho, qualquer representação), quer de forma espontânea.” (LAPLANCHE; PONTALIS, 1998, p. 38).

4.4.2 Entrevista semiestruturada

Nesta perspectiva, foi utilizado um instrumento que, para Polit, Beck e Hungler (2004), é considerado um autorrelato estruturado apropriado quando o pesquisador, com antecipação, estrutura questões apropriadas para obter informações daquilo que necessita saber. Na opinião de Marconi e Lakatos (2006, p. 205), a entrevista

É aquela em que o entrevistador segue um roteiro previamente estabelecido; as perguntas feitas ao individuo são predeterminadas. Ela se realiza de acordo com um formulário elaborado e é efetuado de preferência com pessoas selecionadas de acordo com um plano.

Para tanto, foi elaborado em roteiro de entrevista (APÊNDICE D), com questões fechadas e abertas a ser realizada somente com os enfermeiros especialistas em Nefrologia, pois é o grupo-alvo da pesquisa que exige maior aprofundamento no assunto.

Neste momento, foi solicitada a liberação do recurso adicional, de um gravador, a fim de registrar todas as respostas dos entrevistados, se estes estivessem de acordo.

A entrevista foi dividida em duas partes. A primeira foi composta de questões fechadas e abertas que englobaram: dados de identificação, da graduação em Enfermagem e da especialização em Enfermagem em Nefrologia. Com suporte nesses indicadores, foi permitido traçar desde o perfil socio-demográfico até o início da vida profissional de cada participante.

A segunda parte da entrevista se deteve somente em questões abertas, com o intuito de deixar o participante livre para falar o que achasse importante. Foi abordado seis assuntos: o significado de ser enfermeiro; o processo de escolha da profissão de Enfermagem em Nefrologia; a trajetória profissional como enfermeiro em Nefrologia; o cotidiano de trabalho atual como enfermeiro nefrologista; a interferência e o significado das vivências cotidianas de trabalho no estabelecimento da identidade profissional e, por fim, informações complementares que os participantes quisessem escolher. Com base em cada item desses, surgiram as questões subsequentes de cada assunto para o aprofundamento dos temas.

Foi observada, também, a noção de tempo-espaço da entrevista, pois não é exclusividade do momento presente do encontro com a pessoa que foi entrevistada, mas é algo que precisa ser refletido com cuidado por quem entrevista - manter-se em sintonia com ela. Para Gauthier (1998, p. 43), “Entrevistar constitui-se numa práxis que demanda um ‘espaço-tempo histórico’ que, evidenciam-se contradições do instituído e do instituinte. A transversalidade é uma forma de leitura possível dessa práxis.”