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PARTE II ESTUDO EMPÍRICO

CAPÍTULO 2 METODOLOGIA

2.5. Instrumentos

No presente estudo, a recolha de dados realizou-se pela aplicação de um instrumento constituído por três partes, onde foi utilizada uma escala de medida anteriormente testada e validada por outros autores.

1ª Parte – uma página de apresentação sobre o estudo, onde foi apresentada a investigação e foram prestadas informações sobre o modo de preenchimento e envio do questionário, assegurando o total anonimato dos participantes (anexo 2).

2ª Parte – a escala Maslach Burnout Inventory – Human Services Survey (Maslach et. al., 1996) para avaliar o burnout (anexo 3);

3ª Parte – constituída por 16 questões para avaliar as variáveis sociodemográficas relacionadas com o burnout.

2.5.1. Maslach Burnout Inventory - Human Services Survey

Services Survey (MBI-HSS), na versão portuguesa traduzida e cedida por Marques-Pinto (2009) e utilizada para investigação na população portuguesa tendo sido retirada da versão original de Maslach et. al. (1996).

O MBI-HSS é um instrumento constituído por 22 itens, relativos a sentimentos relacionados com o trabalho. A resposta dada em cada item corresponde à frequência com que cada sentimento ocorre e pode variar numa escala tipo Likert de 7 pontos, de 0 a 6 onde: 0 (nunca), 1 (algumas vezes por ano), 2 (uma vez, ou menos, por mês), 3 (algumas vezes por mês), 4 (uma vez por semana), 5 (algumas vezes por semana) e 6 (todos os dias).

Os 22 itens correspondem a escala total que subdivide-se em três subescalas, que são: exaustão emocional, despersonalização e realização pessoal. Os itens da subescala de exaustão emocional são nove e descrevem sentimentos de sobrecarga emocional e de desgaste emocional provocados pelo trabalho. Os cinco itens da subescala de despersonalização descrevem uma atitude insensível e impessoal do profissional para com os utentes. A subescala de realização pessoal, com oito itens, corresponde aos sentimentos de sucesso e realização no trabalho.

Quadro 1 - Itens das subescalas do Maslach Burnout Inventory – HSS

Dimensões Itens

Exaustão Emocional 1. Sinto-me emocionalmente esgotada(o) pelo meu trabalho. 2. Sinto-me desgastada(o) no fim do dia de trabalho.

3. Sinto-me fatigada(o) quando acordo de manhã e tenho de enfrentar mais um dia de trabalho.

6. Trabalhar com pessoas todo o dia é realmente uma pressão para mim.

8. Sinto-me esgotada(o) pelo meu trabalho. 13. Sinto-me frustrada(o) pelo meu trabalho.

14. Sinto que estou a trabalhar demasiado na minha profissão. 16. Trabalhar diretamente com pessoas sujeita-me a demasiado stresse.

20. Sinto-me como se estivesse no limite da minha resistência.

Despersonalização 5. Sinto que trato alguns doentes como se fossem objetos impessoais.

10. Tornei-me mais insensível para com as pessoas desde que comecei a exercer esta profissão.

11. Receio que este trabalho me esteja a endurecer emocionalmente.

15. Não me importo realmente com o que acontece a alguns doentes.

22. Sinto que os doentes me culpam por alguns dos seus problemas.

Realização Pessoal 4. Posso compreender facilmente como os meus doentes se sentem em relação às coisas.

7. Lido muito eficazmente com os problemas dos meus doentes. 9. Sinto que estou a influenciar positivamente a vida de outras pessoas através do meu trabalho.

12. Sinto-me com muita energia.

17. Sou capaz de criar facilmente uma atmosfera descontraída com os meus doentes.

18. Sinto-me cheia(o) de alegria depois de trabalhar de perto com os meus doentes.

19. Realizei muitas coisas que valem a pena nesta profissão. 21. No meu trabalho, lido muito calmamente com os problemas emocionais.

Maslach et. al. (1996) afirmam que o MBI não produz uma medida única de burnout. A síndrome de burnout consiste numa variável contínua, cujos valores assumidos podem ser valores baixos, médios ou altos de acordo com os sentimentos vivenciados. Analisar as relações existentes entre as três subescalas do burnout torna-se imprescindível, mas em cada subescala os resultados devem ser considerados isoladamente e não pela combinação de um valor único ou fator global.

Quando são constatados valores baixos nas subescalas de exaustão emocional e de despersonalização e um valor alto na subescala de realização pessoal, significa que existe um baixo nível de burnout. Mas, se os valores encontrados nas três subescalas foram médios o nível de burnout também mantém-se médio. No entanto, se as subescalas de exaustão emocional e despersonalização apresentam valores altos e a subescala de realização pessoal possuí valor baixo, o nível de burnout é elevado e os profissionais neste quadro são considerados em burnout. Em suma, quanto maior for a pontuação obtida nas subescalas de exaustão emocional e de despersonalização e quanto menor for a pontuação obtida na subescala realização profissional, mais elevado será o nível de burnout no profissional (Maslach et. al., 1996).

Em relação as qualidades métricas da escala do MBI-HSS, na sua versão original, a escala apresenta uma boa consistência interna nas três dimensões, dado que o valor do coeficiente de alfa de Cronbach obtido foi de 0,90 para dimensão de exaustão emocional, 0,79 para a despersonalização e 0,71 para a realização pessoal. A exaustão emocional aparece como a subescala com maior consistência interna seguida da despersonalização e realização pessoal (Maslach et. al., 1996).

A realidade portuguesa revela que a grande maioria dos estudos empíricos realizados tem como foco áreas ligadas à saúde, apesar de recentemente terem sido desenvolvidos estudos no campo da educação e das forças de segurança. Porém, existem poucos estudos sobre as qualidades psicométricas do Maslach Burnout Inventory – Human Services Survey para a população portuguesa (Vicente et. al., 2013).

2.5.2. Variáveis sociodemográficas

Com intuído de caracterizar e descrever a amostra, a última parte do instrumento foi constituída por um questionário para recolha de dados sociodemográfico e profissionais, composto pelas variáveis: sexo, idade, habilitações literárias, estado civil,

nacionalidade, filhos, categoria profissional, regime de trabalho, exercer ou não funções de chefia, tipo de vínculo contratual, número de anos na função, número de anos na organização, horas diárias trabalhadas, tipo de horário e dedicação exclusiva.

Ressaltamos que algumas variáveis como, número de anos na função, número de anos na organização foram colocadas numa escala de intervalo, para que a confidencialidade das respostas fosse garantida e para que os inqueridos mantivessem-se em anonimato.

Preferimos que as variáveis sociodemográficas estivessem na última parte do instrumento, pois acreditamos que os inquiridos encontrassem-se mais predispostos a respondê-las, compreendendo a sua importância para o estudo como um todo e aceitando- as melhor após o questionário estar concluído.

Todas as perguntas foram de resposta obrigatória, condição necessária para concluir e submeter o questionário.

No documento Dissertação de mestrado RebeccaSantos (páginas 45-49)

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