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Parte II – Estudo Empírico

Capítulo 3 – Metodologia

3.3. Instrumentos

No momento prévio ao preenchimento dos instrumentos, foi solicitado aos participantes que indicassem os dados sociodemográficos apresentados na secção anterior.

3.3.1. Questionário das Conceções Pessoais acerca da Infidelidade (QCPI)

Tendo em conta que um dos objetivos principais do presente estudo passa por compreender a influência das conceções quanto às causas da infidelidade nas reações à mesma, este instrumento foi criado no âmbito desta investigação de modo a avaliar as conceções dos participantes quanto aos fatores que conduzem à infidelidade.

Neste instrumento constam três cenários que remetem para situações de infidelidade, nomeadamente um cenário de Infidelidade Sexual Ocasional (Cenário ISO), um cenário de Infidelidade Emocional (Cenário IE) e um cenário de Infidelidade Sexual Continuada (Cenário ISC). Os cenários foram apresentados por ordem aleatória, utilizando uma funcionalidade da plataforma Qualtrics. Seguidamente solicitava-se aos participantes para avaliarem, através de um conjunto de 18 itens, em que medida consideravam que cada um dos aspetos indicados teria provavelmente contribuído para o comportamento de infidelidade descrito no cenário apresentado. Alguns exemplos de itens são “Devia haver alguns desentendimentos entre o Virgílio e a mulher”, “O Virgílio deve ser uma pessoa que não tem valores morais”, “A Mónica deve ser uma pessoa muito atraente”, “Estas coisas acontecem, não é possível evitar”, “O Virgílio já não deve sentir-se atraído pela mulher”. Por uma questão de simplicidade na apresentação dos itens, designar-se-á em algumas tabelas o agente ativo (parceiro infiel) pela letra A e à outra pessoa (pessoa com quem é praticada a infidelidade) será atribuída a letra O. A avaliação decorria mediante uma escala de tipo Likert de cinco pontos (0 - Não deve ter contribuído nada; 1- Deve ter contribuído pouco; 2 - Deve ter contribuído moderadamente; 3 - Deve ter contribuído muito e 4 - Deve ter sido completamente determinante). Os itens remetiam para aspetos das conceções pessoais dos participantes

acerca das causas predisponentes para a infidelidade. Foram construídos com base em atribuições em conceções teóricas prévias quanto a tipos de atribuições que poderiam ser encontrados (ver hipóteses). Os cenários e respetivos itens eram apresentados em duas versões (masculina e feminina). As únicas diferenças entre as versões eram no género das palavras e no nome das personagens. Todos os cenários e itens pressupunham uma relação heterossexual.

3.3.2. Questionário de Reações à Infidelidade do Parceiro

Com o intuito de relacionar as reações à infidelidade com as conceções acerca da mesma, recorreu-se a um questionário construído com base num conjunto de itens desenvolvido e utilizado em duas investigações realizadas na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (Moreira e Baptista, 2006; Silva, Santos e Baptista, 2006; citado por Farinha, 2010). Este consiste numa lista de 35 itens indicando emoções passíveis de serem sentidas face a uma situação de infidelidade. Os participantes teriam que imaginar-se no lugar do parceiro da personagem principal do cenário apresentado no QCPI e avaliar o grau de intensidade com que julgavam que sentiriam cada emoção. A classificação era feita mediante uma escala de tipo Likert, de nove pontos, variando entre 0 (“Eu nunca sentiria esta emoção”; sublinhado no original) e 8 (“Eu ficaria consumido por esta emoção”), sendo o 4 correspondente a uma posição intermédia (“Eu sentiria esta emoção moderadamente”).

No fim do questionário eram apresentadas três questões que remetiam para possíveis ações do parceiro traído, nomeadamente perdoar o comportamento descrito, terminar a relação por causa desse comportamento e falar no assunto com o parceiro infiel. As respostas eram atribuídas de acordo com uma escala de tipo Likert de cinco pontos (0 - Não, de certeza; 1 - Pouco provável; 2 -Talvez; 3 - Muito provável; 4 - Sim, de certeza).

3.3.4. Experiências em Relações Próximas – Versão Reduzida (ERP- VR)

O ERP-VR corresponde à adaptação portuguesa do Experiences in Close Relationships, originalmente desenvolvido por Brennan, Clark e Shaver (1998) e traduzido e adaptado por Moreira, Lind, Santos, Moreira, Gomes, Justo, Oliveira, Filipe e Faustino (2006). É um instrumento de autorrelato que visa avaliar as duas principais

dimensões subjacentes às diferenças individuais no estilo de vinculação adulta, o Evitamento e a Preocupação.

O questionário original é constituído por 36 itens e encontra-se dividido em duas escalas, Evitamento e Preocupação, cada uma composta por 18 itens. Neste estudo foi utilizada uma versão reduzida do questionário original, constituída por 12 itens, dos quais 6 avaliam a dimensão Preocupação e os restantes 6 a dimensão Evitamento, sendo que três itens desta última dimensão são de cotação invertida. Estes itens foram selecionados de entre o conjunto de itens da versão original através de análises fatoriais realizadas com os dados recolhidos aquando da tradução e adaptação do instrumento para a população portuguesa (Moreira et al., 2006).

Em ambas as versões, completa e reduzida, os itens encontram-se distribuídos intercalada e sistematicamente, sendo que os números ímpares correspondem à dimensão Evitamento e os números pares à dimensão Preocupação. A avaliação decorre mediante uma escala de tipo Likert de sete pontos, iniciando-se no 1 (Discordo Fortemente) e terminando no 7 (Concordo Fortemente), sendo que o 4 corresponde a uma posição intermédia (Neutro/misto).

Nas instruções pede-se ao indivíduo que avalie o grau em que cada afirmação descreve os seus sentimentos típicos nas relações, quer sejam passadas ou presentes, e apela para que as pessoas reflitam sobre a forma como geralmente se sentem nessas relações.

Relativamente à consistência interna das escalas da versão reduzida, foram obtidos em estudos anteriores (Afonso, 2011; Fontinha, 2009; Leal, 2009; Vilhena, 2010) alfas entre .68 e .87 para a dimensão Preocupação e entre .55 e .81 para a dimensão Evitação.

No presente estudo foi obtido um alfa de .72 para a dimensão Preocupação e de .84 para a dimensão Evitamento.

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