CAPÍTULO I – BASES DA PESQUISA
I. 4.3 – Instrumentos de financiamento
Apesar do Compromisso de Brasília – abril de 1970, ser um marco importante
no debate a respeito do patrimônio cultural brasileiro será no Compromisso de
Salvador – outubro de 1971 que a questão dos financiamentos e custeios será
amplamente debatida.
A partir deste encontro serão recomendados os financiamentos prioritários para
os locais de importância natural e cultural, convocação do Banco Nacional de Habitação
e demais órgãos para o custeio de obras em edifícios tombados, criação no âmbito
federal e estadual de fundos para a proteção de bens naturais e culturais, utilização pelos
estados e municípios do Fundo de Participação na proteção destes bens, a convocação
do Conselho Nacional de Pesquisas e da CAPES para financiamentos de projetos e
pesquisas e norteará a questão do turismo na valorização dos bens culturais e naturais.
Tais financiamentos e custeios são assegurados por força de Lei de acordo com a
Constituição Federal de 1988 §3º. A lei estabelecerá incentivos para a produção e o
conhecimento de bens e valores culturais. No Decreto Estadual nº 6.239 de 01 de
janeiro de 1980 dispõe em seu seguinte artigo sobre o provimento de custeio em
relação as obras de conservação de bens tombados em nosso estado, cabendo a
FUNDARPE a responsabilidade de tal obra, caso o proprietário não a dispuser.
Art. 23. O proprietário do bem tombado, que não dispuser de recursos para
obras de conservação e reparação, levará ao conhecimento da Secretaria de
Turismo, Cultura e Esportes a necessidade das mencionadas obras.
§1º. Recebida a comunicação, a secretaria de Turismo, Cultura e Esportes
remetê-las à FUNDARPE, para que sendo as obras necessárias, as faça
executar.
§2º. Não sendo iniciadas as obras no prazo de seis meses, poderá o proprietário
requerer o destombamento do bem.
§3º. Havendo urgência na realização de obras de conservação e reparos em
qualquer bem tombado, poderá a FUNDARPE tomar a iniciativa de projetá-las
e executá-las às suas expensas, independentemente de comunicação a que
alude este artigo.
Contamos ainda em nosso estado com a Lei nº 12.196 – Lei do Registro do
Patrimônio Vivo. Esta Lei foi editada em 2002 e regulamentada em 2004, pelo decreto
ϰϲ
mil para grupos e tem como objetivo preservar a cultura popular através do intercâmbio
de conhecimento entre as novas gerações. Os artistas que recebem as pensões têm como
contrapartida o comprometimento de participar de atividades educativas para que seus
conhecimentos sejam perpetuados, permitindo assim, que os artistas da cultura popular
em nosso estado trabalhem a questão cultural com as gerações mais novas.
Também existe em nosso estado o Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura
– FUNCULTURA, que foi instituído pela Lei nº 12.310, de 19 de dezembro de 2002. O
objetivo de sua criação foi atender as exigências de incentivo, proteção e difusão da
cultura de nosso estado. Tratando-se ser diretamente de um instrumento avaliativo e
analítico do que seria considerado um bem cultural a ser incentivado.
Em nosso país atualmente, os financiamentos e custeios no que tange ao
patrimônio histórico e cultural é norteado pela Lei nº 8.313 de 23 de dezembro de
1991, conhecida como Lei Rouanet, que restabelece princípios da Lei nº 7.505 de 2 de
julho de 1986, institui o Programa Nacional de Apoio a Cultura – PRONAC e dá outras
providências.
A Lei Rouanet permite que os projetos aprovados pela Comissão Nacional de
Incentivo à Cultura – CNIC recebam patrocínios e doações de empresas e pessoas que
poderão abater, mesmo que de forma parcial, os benefícios concedidos do Imposto de
Renda.
Um ponto relevante desta Lei está na tentativa da democratização do acesso da
população aos diferentes meios de expressão cultural e bens culturais. Esta
democratização, por exemplo, se efetivará por intermédio do acesso à ingressos de
shows, eventos culturais, exposições em museus, etc à valores mais acessíveis à renda
do brasileiro; distribuição de livros de forma gratuita para bibliotecas, exposições
artísticas, divulgação de eventos artísticos, entre outros mecanismos.
Podemos citar também a criação, por meio da Lei Rouanet, do Fundo Nacional
da Cultura – FNC,
constituindo-se num mecanismo de financiamento que possibilita ao
Ministério da Cultura investir diretamente nos projetos culturais, mediante a celebração
de convênios e outros instrumentos similares, podendo financiar até 80% do projeto,
sendo os 20% restantes contrapartida do proponente.
ϰϳ
Institui também os Fundos de Investimento Cultural e Artístico – FICART,
que
funcionará sob a forma de condomínio, sem personalidade jurídica, caracterizando
comunhão de recursos destinados à aplicação em projetos culturais e artísticos, assim
como os Incentivos a Projetos Culturais, Comissão Nacional de Incentivo à Cultura –
CNIC, que é um órgão colegiado da estrutura do MinC que analisa e opina sobre a
concessão de benefícios fiscais a projetos culturais e artísticos e o seu enquadramento
no Programa Nacional de Apoio à Cultura (PRONAC), instituído pela Lei nº 8.313/91
(Lei Rouanet).
Os projetos culturais ingressam no Pronac por meio de formulários próprios e
são analisados por pareceristas das instituições vinculadas ao MinC, especializados em
cada segmento (música, humanidades, audiovisual, artes cênicas e plásticas, patrimônio
cultural).
Como órgão deliberativo, a CNIC reúne-se uma vez ao mês para apreciar e
opinar sobre a concessão de benefícios fiscais a esses projetos culturais. O Ministro da
Cultura preside a mesa, que é formada por representantes de entidades associativas dos
setores culturais de âmbito nacional, dos Secretários de Estado da Cultura, do
empresariado brasileiro e das instituições vinculadas do ministério.
No entanto, devemos ressaltar aqui uma crítica principal feita à Lei Rouanet.
Infelizmente ainda no Brasil, os investimentos no âmbito cultural são realizados
mediante alguns incentivos fiscais, principalmente para as empresas privadas. Dessa
forma, o investimento para o bom funcionamento de uma conjuntura cultural perpassa
além dos interesses coletivos e buscam atender interesses privados, amparados em
mecanismos legais.
ϰϴ
CAPÍTULO II – A SESMARIA JAGUARIBE
No documento
Uma política de preservação em defesa do patrimônio cultural : a antiga Sesmaria Jaguaribe Abreu e Lima/PE
(páginas 46-49)