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O ICMS Ecológico, adotado por alguns estados brasileiros e o ICMS Socioambiental, adotado pelo estado de Pernambuco, apresentam pontos semelhantes e divergentes, quanto à priorização e concepção de critérios neles estabelecidos, bem como nos valores e prazos de distribuição dos recursos.

Deve-se ressaltar, contudo, que os pontos semelhantes predominam sobre os divergentes, o que denota a semelhança de carências e conseqüentes prioridades e especificidades de cada estado, o que reflete o cenário do País.

Os principais pontos em comum apresentados por este instrumento, nos estados pesquisados foram:

• a base legal de criação respaldada pelo artigo 158, IV, parágrafo único II, da Constituição Federal de 1988;

• em todos os estados, a adoção de critérios ambientais se constitui ação pioneira e prioritária;

• os recursos financeiros destinados aos municípios, através do critério ambiental ou socioambiental, em nenhum dos estados tem caráter vinculado, ou seja, não há a obrigatoriedade de serem aplicados exclusivamente em ações de caráter ambiental. O município opta pela prioridade do emprego deste montante do recurso. É o chamado “recurso não carimbado”.

• todos os estados que o adotaram priorizaram o critério ambiental unidade de conservação. No caso dos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rondônia e Mato Grosso o critério terras indígenas aparece atrelado ao mesmo.

• em todos os estados o critério unidade de conservação segue o que estabelece a Lei n° 9.985/00, do SNUC. As categorias de manejo selecionadas com maior freqüência por estado foram:

Arthemis Correia Capítulo 6: O ICMS Socioambiental em Pernambuco

a) estação ecológica, reservas biológicas, parques e áreas de proteção ambiental, (Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rondônia, Pernambuco, Mato grosso do Sul

e Mato Grosso);

b) florestas, nacionais, estaduais ou municipais, refúgio da vida silvestre, reservas particulares do patrimônio natural, (Paraná, Minas Gerais, Rondônia, Pernambuco, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso);

c) reservas florestais, áreas de relevante interesse ecológico, monumentos naturais, áreas indígenas, (Paraná, Minas Gerais, Rondônia, Pernambuco, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso);

d) reservas de fauna, reservas extrativas, reservas de desenvolvimento sustentável (Pernambuco, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso); hortos florestais, estradas cênicas, (Mato Grosso do Sul e Mato Grosso);

e) áreas especiais e locais de interesse turístico (Paraná), áreas naturais tombadas (São Paulo), áreas de proteção especial (Minas Gerais), rios cênicos e reservas de recursos naturais (Mato Grosso do Sul).

Os estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Pernambuco não consideram como unidade de conservação para efeito de critérios ambientais, as praças, áreas de lazer, zoológicos, jardins ou espaços similares. Pernambuco ainda acresce a esse elenco, as reservas legais.

Alguns dos principais pontos divergentes apresentados pelos estados foram:

• o Estado de Pernambuco, ao contrário dos demais estados, priorizou não apenas critérios ambientais, como também sociais (saúde e educação) e econômicos (receita tributária própria).

A exemplo de Pernambuco, alguns outros estados também priorizaram critérios socioeconômicos na repartição da parcela do ICMS que lhes cabe (Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso). A diferença é que esses critérios foram priorizados, independente do critério ambiental, ou seja, como critério a parte.

• o critério Saneamento Ambiental (segundo mais priorizado), criado por Minas Gerais e, posteriormente, adotado por Mato Grosso, prevê sistemas de captação, tratamento e distribuição de água, sistemas de coleta, tratamento e disposição final de resíduos sólidos e sistema de esgotamento sanitário, nos municípios. Embora mais abrangente em sua concepção, ele apresenta pontos comuns com o critério resíduos

Arthemis Correia Capítulo 6: O ICMS Socioambiental em Pernambuco sólidos, previsto por Pernambuco, que trata da coleta, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos.

• Mananciais de Abastecimento Hídrico. Esse critério foi priorizado pelos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul. Ele beneficia os municípios que abrigam em seu território todo ou parte de bacias hidrográficas de mananciais de abastecimento público para municípios vizinhos.

O principal ponto divergente apresentado pelos estados diz respeito aos valores de distribuição atribuídos por cada um, aos critérios priorizados. Os valores oscilaram de 0,5 a 8,0%, nos estados.

Por estado, os valores destinados ao critério ambiental ou socioambiental, a partir do exercício de 2004, em ordem crescente foram: São Paulo (0,5%), Minas Gerais (1,0%), Paraná, Mato Grosso do Sul e Rondônia (5%), Mato Grosso (7%) e Pernambuco (8%).

De acordo com o exposto acima, observa-se que o ICMS Ecológico ou ICMS Socioambiental, representa um instrumento de incentivo à gestão ambiental dos municípios, de acordo com as prioridades e especificidades de cada estado.

Instrumento inovador, na medida em que ele se constitui uma maneira diferente de repartição da parcela da receita do ICMS a que os municípios fazem jus. Sem o aumento da carga tributária atual, ele estimula a criação de um modelo de gestão local que priorize a conservação da biodiversidade, um dos maiores bens da coletividade.

Com o campo de atuação abrangente, ele estimula a implantação de ações voltadas para a proteção e expansão de áreas com restrição de uso e ocupação do solo (unidades de conservação), proteção de bacias hidrográficas de mananciais de abastecimento público, tratamento de sistemas de água e esgoto, coleta, tratamento e destinação final de lixo, além de melhoria no desempenho das áreas de saúde, educação e receita tributária própria (ICMS Socioambiental).

6.5 Resumo do Capítulo

Este capítulo foi estruturado em três partes. A primeira tratou da base legislativa que fundamenta o ICMS Socioambiental no Estado. Ele apresentou a evolução das leis e decretos

Arthemis Correia Capítulo 6: O ICMS Socioambiental em Pernambuco que se fizeram necessários à adequação do novo instrumento à realidade socioeconômica dos municípios, que reflete a realidade do próprio estado.

A segunda tratou de índices e indicadores que possibilitam monitorar e avaliar o desempenho do ICMS Socioambiental na gestão administrativa dos municípios.

A terceira parte tratou da análise comparativa do ICMS Ecológico, adotado por alguns estados brasileiros, com o ICMS Socioambiental, adotado por Pernambuco, ressaltando os pontos convergentes e divergentes existentes entre os mesmos, quanto à priorização dos critérios, parâmetros de enquadramento e valores percentuais destinados ao mesmo.

Arthemis Correia Capítulo 7: Análise da Distribuição da Parcela do ICMS Pertencente aos Municípios 7 ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DA PARCELA DO ICMS