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4 Metodologia

4.3 Instrumentos de medida

As experiências de recuperação vividas durante o final de semana foram medidas na manhã do primeiro dia de trabalho da semana (segunda-feira) usando o Recovery Experience Questionnaire, um instrumento apresentado por Sonnentag & Fritz (2007)

para avaliar específicas experiências de recuperação (distanciamento psicológico,

relaxamento, controle e novos desafios). Esta escala é aceita de forma geral na academia

e já foi utilizada em diferentes estudos, como Fritz et al. (2010) e Sanz-Vergel et al.

(2010), que o adaptou com sucesso para uma amostra espanhola.

Os autores desenvolveram este questionário para medir as experiências de recuperação, baseados nas pesquisas passadas sobre o tema, assim como no trabalho teórico sobre a regulação de emoções, Segundo eles, ir além das atividades específicas vividas durante um período e analisar as experiências subjacentes à elas é fundamental para a obtenção de mais detalhes sobre os processos psicológicos que levam à recuperação.

26 No questionário utilizado, cada escala incluiu quatro itens, os quais devem ser classificados pelos participantes da pesquisa em uma escala de 5 pontos, variando de 1 (“Discordo totalmente”) a 5 (“Concordo totalmente”). Para garantir que as experiências do final de semana se referem a construtos empiricamente distinguíveis, foi conduzido uma análise fatorial para cada experiência: distanciamento psicológico, relaxamento, controle e novos desafios. Após a confirmação da distinção das variáveis, a média dos itens de cada construto foi utilizada como variável independente no estudo.

4.3.2 Aborrecimentos fora do trabalho

Para capturar um conjunto abrangente de possibilidades de aborrecimentos fora do trabalho, foi utilizado o estudo de DeLongis, Folkman, & Lazarus (1988). Os autores geraram uma lista de 53 possíveis aborrecimentos que uma pessoa pode ter em seu dia- a-dia, a partir da revisão de uma escala já utilizada em estudos anteriores (DeLongis et

al., 1982; Kanner et al., 1981).

Para o presente estudo, os 53 itens foram agrupados em 5 diferentes categorias: problemas relacionados à família (por exemplo, com obrigações relacionadas à família, saúde os bem estar de um membro da família), ao dinheiro (por exemplo, com o pagamento de contas, investimentos ou assistência financeira a terceiros), ao trabalho (por exemplo, com os meus colegas de trabalho, clientes ou com a natureza do meu trabalho), ao ambiente no qual o indivíduo está inserido (por exemplo, com o clima, a qualidade do ar, ruído, questões sociais ou políticas) e à problemas individuais (por exemplo, com a minha saúde, habilidades físicas, amigos, contracepção ou aparência física). Foi solicitado aos participantes que indicassem em que medida cada item apresentado foi percebido como um aborrecimento durante o final de semana em uma

escala de 1 (“não foi um aborrecimento de jeito nenhum”) até 5 (“um grande aborrecimento”). Para cada participante da pesquisa, foi calculada a soma dos diferentes

tipos de aborrecimentos citados.

É importante ressaltar que as características do fenômeno em estudo foram analisadas, visando entender se o modelo apresenta características formativas ou reflexivas. A escolha da soma dos itens para a mensuração da variável aborrecimento foi possível, pois este construto é considerado formativo. Neste caso, é esperado que

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variações nos itens causem mudanças no construto ao qual eles estão vinculados – vide

Figura abaixo.

Figura 4 - Modelo formativo

4.3.3 Grau de satisfação e grau de ativação

Conforme descrito no referencial teórico, foi utilizado um conjunto de vinte categorias de estados afetivos com base no estudo de Barrett & Russell (1998) para auto-avaliação dos participantes, as quais variam tanto no grau de satisfação quanto de ativação. São elas: satisfeito; feliz, alegre, entusiasmado, alerta, agitado, tenso, nervoso, estressado, aborrecido, insatisfeito, triste, deprimido, entediado, cansado, despreocupado, calmo, relaxado, sereno e contente. No questionário, os participantes escolheram numa escala de 5 pontos, onde 1 significava “Nem um pouco” e 5 significava “Extremamente”, o quanto cada um dos sentimentos acima estava presente na hora de responder à pesquisa.

Com base nos dados deste conjunto de sentimentos foram computadas duas variáveis independentes: o grau de satisfação e o grau de ativação de cada participante. O grau de satisfação foi calculado para cada participante subtraindo a média dos itens de insatisfação (tenso, nervoso, estressado, aborrecido, insatisfeito, triste, deprimido, entediado e cansado) da média dos itens de satisfação (feliz, alegre, entusiasmado, alerta, satisfeito, calmo, relaxado, sereno e contente). Similarmente, foi calculado o grau de ativação de cada participante subtraindo a média dos itens de desativação (triste,

28 deprimido, entediado, cansado, despreocupado, calmo, relaxado, sereno e contente) da média dos itens de ativação (feliz, alegre, entusiasmado, alerta, agitado, tenso, nervoso, estressado e aborrecido).

4.3.4 Eficácia decisória

Para analisar a eficácia decisória dos participantes no começo da semana foi apresentada uma rápida pesquisa composta de cinco perguntas. A medida da eficácia decisória foi dividida em duas partes: o acerto do problema complexo, que representa a eficácia do sistema 2 de raciocínio, e o acerto do problema reflexivos, que representa a inibição correta do sistema 1 e a ativação do sistema 2 de raciocínio quando proposto um problema que induz a uma resposta errada.

As três primeiras perguntas da pesquisa eram reflexivas, ou seja, testes de reflexão cognitiva, baseados nos problemas propostos por Frederick (2005) apud Lyra (2010), onde procurou-se medir a “capacidade ou disposição de resistir a responder a primeira coisa que vinha à mente”. Estes testes são normalmente percebidos como simples e induzem o respondente a dar uma resposta que não é correta. A tendência é que eles sejam resolvidos com a utilização apenas do Sistema 1 de decisão. Desta forma, foi possível avaliar como a geração de conflitos entre o impulso e a resposta racional correta era tratada pelos indivíduos dependendo das suas experiências – de recuperação e/ou aborrecimento – durante o final de semana anterior. Para calcular o índice de eficácia da inibição do sistema 1 e ativação do sistema 2 de raciocínio quando o indivíduo se depara com questões reflexivas, foi utilizado uma escala binária: um ponto para respostas corretas e zero pontos para respostas incorretas.

Em seguida, foram apresentados dois problemas de decisão complexos. Os problemas complexos foram elaborados de forma a não produzir uma resposta imediata e impulsiva, fazendo com que o Sistema 2 de processamento seja ativado, possibilitando avaliar a capacidade de processamento de informações e análise após diversas experiências no final de semana. Os problemas utilizados na pesquisa foram baseados em edições antigas do teste ANPAD (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração). Para calcular um índice de eficácia da utilização do sistema 2 de raciocínio, foi utilizada uma escala contínua: três pontos para a resposta

29 correta, um ponto para as respostas mais próximas da correta e zero pontos para respostas incorretas e distantes da resposta correta.

Os problemas utilizados são de fácil solução, propiciando, desta forma, a participação de pessoas de diferentes áreas, sem nenhum conhecimento profissional específico. Ao minimizarmos o conhecimento profissional necessário para solução dos problemas, estamos eliminando a influência de um tipo específico de conhecimento na tomada de decisão. Ainda, como a pesquisa pode ser completada num curto espaço de tempo, não gera impacto significativo nas tarefas corriqueiras dos indivíduos, tornando sua participação não onerosa. Era esperado que isto estimulasse um maior índice de retorno.

4.3.5 Variáveis de controle

Foram utilizadas como variáveis de controle neste estudo a idade do participante; o gênero e o nível hierárquico que o participante ocupa em sua organização (gerencial ou não gerencial). Estas variáveis poderiam ter algum impacto nas variáveis-chaves e validar ou invalidar as hipóteses para uma determinada faixa etária, gênero ou posição.

A idade do participante foi calculada através de uma escala de cinco pontos, sendo a idade de 18 a 25 anos igual a 1, de 25 a 35 anos igual a dois, e assim por diante. O gênero e o nível hierárquico do participante foram utilizados nas regressões como variáveis dummy, sendo o sexo feminino igual a um e o sexo masculino igual a zero; e a posição não gerencial igual a um e a posição gerencial igual a zero.

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