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Capítulo 2- Objectivos e Método

2. Método

2.2. Instrumentos

Nesta secção, serão apresentados os instrumentos utilizados, nomeadamente o Questionário à Família para registo das características sociodemográficas, as Matrizes

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Progressivas de Raven como medida não-verbal do desenvolvimento intelectual das crianças em M3 e a EAEE-Mães para avaliação dos comportamentos interactivos maternos.

2.2.1. Questionário à Família

Este questionário, administrado sob a forma de entrevista à mãe, inclui cinco secções: (i) identificação da família, onde constam dados relativos à criança, sua data de nascimento, residência e relação com o entrevistado; (ii) composição do agregado familiar, onde se faz referência aos elementos que compõem o agregado, seu grau de parentesco em relação à criança e idades; (iii) estatuto socioprofissional da mãe e do pai, que inclui estado civil, nível de escolaridade e situação profissional; (iv) situação económica da família, nomeadamente rendimento mensal do agregado, pessoa que mais contribui para o rendimento, e origem desse rendimento, e (v) experiência escolar da criança e relação família-escola, onde se faz alusão à rotina escolar da criança, participação dos pais na escola, e ocorrência de acontecimentos de vida difíceis da criança ou de outro membro do agregado familiar.

2.2.2. Matrizes Progressivas de Raven – Forma Colorida

As Matrizes Coloridas Progressivas de Raven (MCPR) são uma variante do Teste das Matrizes Progressivas de Raven, que avalia o quociente intelectual de sujeitos de todos os níveis etários, a partir da sua realização em tarefas não-verbais (estabelecimento de relações entre figuras ou desenhos geométricos). A forma colorida é indicada para crianças dos 3 aos 12 anos, facilitando a compreensão da tarefa, tornando mais evidente a natureza do problema, cativando a atenção e ainda estimulando a participação em crianças mais novas (Simões, 2000).

As MCPR são constituídas por três subescalas – A, AB e B – cada uma com 12 itens. Podem ser aplicadas individual ou colectivamente, sob a forma de tabuleiro ou de caderno. Nesta investigação foram aplicadas individualmente sob a forma de caderno. O material necessário para a aplicação da prova inclui o teste, o manual, a folha de respostas e a correcção. As respostas são cotadas como certo (1 ponto) e errado (0 pontos), contabilizando-se a pontuação das subescalas separadamente. A pontuação total resulta da soma dos resultados destas subescalas, sendo o valor máximo de 36 pontos. Não existe um tempo limite pré-definido para a realização das tarefas. À pontuação total corresponde um

percentil definido a partir de estudos normativos com amostras divididas por níveis etários (Raven, 1976).

Com a finalidade de aferir a consistência interna dos dados obtidos neste estudo, foi calculado o coeficiente alfa de Cronbach. O resultado (α = .89) indicou um grau elevado de consistência interna dos dados obtidos na pontuação total. Este resultado está de acordo com os valores da aferição nacional do teste para crianças de 8, 9 e 10 anos (.85, .86 e .87, respectivamente; Simões, 2000).

As razões pelas quais escolhemos este teste prendem-se com aspectos práticos (comodidade de transporte, simplicidade e rapidez de aplicação, facilidade de cotação e interpretação dos resultados), com a independência dos resultados em relação a aprendizagens específicas ou a aspectos culturais e, finalmente, com a sua estandardização e aceitação internacional (Simões, 2000).

2.2.3. Escala de Avaliação dos Estilos de Ensino das Mães (EAEE-Mães)

A Escala de Avaliação dos Estilos de Ensino das Mães (Cruz, et al., 2004) é uma adaptação da escala Teaching Styles Rating Scale (TSRS) de McWilliam, Scarborough, Bagby e Sweeney (1998), usada originalmente para avaliar comportamentos de ensino e de afecto de educadores, no contexto da sala de actividades.

A EAEE-M pretende avaliar os comportamentos interactivos maternos e está organizada em duas subescalas: (a) comportamentos de ensino e (b) comportamentos de afecto. A primeira é constituída por sete itens cotados numa escala de sete pontos com quatro descritores específicos: 1 = "nunca"; 3 = "ocasionalmente"; 5 = "frequentemente"; e 7 = "a maior parte do tempo". A segunda consiste em 11 itens codificados numa escala de 5 pontos com três descritores específicos: 1 = "nunca"; 3 = "ocasionalmente"; e 5 = "a maior parte do tempo".

Os itens não são mutuamente exclusivos, devendo ser cotada a frequência com que ocorrem. As cotações devem ser baseadas na proporção de tempo interactivo passado em cada comportamento de interacção (consultar definições dos itens da TSRS, McWilliam, Scarborough, Bagby e Sweeney, 1998, cit. por Aguiar, 2009, p. 100). A EEAE-Mães tem sido aplicada a partir de registos videográficos, em situação de jogo livre.

Em M1 foi efectuada uma análise de componentes principais seguida de rotação varimax, com vista à redução de dados. Foram identificadas duas dimensões: a Responsividade (α = .91) e o Ensino Activo (α = .87). A dimensão Responsividade, que contribuiu para 37,1% da variância, foi saturada pelos itens de redireccionamento,

directividade, responsividade face aos interesses da criança, tom, expressão negativa, responsividade emocional, reconhecimento e consistência das interacções. O segundo factor, correspondente à dimensão Ensino activo, integra os itens relativos ao nível de actividade, elaboração, adequação desenvolvimental, desencadeamento das respostas, expressão positiva, elogio e informação (Cruz, Aguiar & Barros, 2004).

Utilizando os mesmos conjuntos de itens constituintes das duas dimensões identificadas no M1, em M2 foi verificada a consistência interna de cada uma das dimensões compósitas. O coeficiente alfa de Cronbach foi de .85 e de .83 para as dimensões Responsividade e Ensino Activo, respectivamente. Estes resultados indicaram que os itens que constituíram as dimensões identificadas no M1 se revelaram igualmente consistentes na aferição da qualidade dos estilos de ensino das mães no M2.

Esta escala foi novamente utilizada em M3 com carácter exploratório, com o objectivo de avaliar os comportamentos de mães com filhos em idade escolar. Neste sentido, a situação de observação (cf. Recolha de dados) foi redefinida, incluindo duas tarefas: a primeira de jogo interactivo e a segunda de diálogo sobre emoções vivenciadas pela criança. Consequentemente, foi redefinido o sistema de codificação dos comportamentos interactivos das mães. A descrição dos itens com as definições correspondentes à primeira tarefa (de jogo) e à segunda tarefa (de diálogo emocional) aparece no Anexo 1.

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