3.1 Gestão de Contratos Administrativos
3.1.2 Instrumentos para contratação de serviços Terceirizados
A contratação de terceirizados presume que estes sejam especializados e detentores de domínio tecnológico, além de proporcionar qualidade e produtividade a quem os contrata, aliando redução de custos e competitividade. No entanto, para que a contratação ocorra dentro dos preceitos legais, torna-se importante que o processo licitatório seja concentrado no planejamento adequado de seus atos. É nesse momento que, a Administração Pública precisa definir, por meio do conhecimento das características do objeto, o que deseja adquirir, estabelecendo todas as suas especificidades.
O Decreto 2.271/97, em seu artigo 2º, define que para a Administração Pública efetivar a contratação de serviços é preciso a elaboração de um Plano de trabalho, que consiste num documento que determina a necessidade de contratação de serviço:
Art . 2º A contratação deverá ser precedida e instruída com plano de trabalho aprovado pela autoridade máxima do órgão ou entidade, ou a quem esta delegar competência, e que conterá, no mínimo:
I - justificativa da necessidade dos serviços;
II - relação entre a demanda prevista e a quantidade de serviço a ser contratada;
31 III - demonstrativo de resultados a serem alcançados em termos de economicidade e de melhor aproveitamento dos recursos humanos, materiais ou financeiros disponíveis.
Após aprovação dos estudos técnicos preliminares, e, portanto, havendo declaração formal da viabilidade da contratação, o plano de trabalho é uma peça importante como documento que irá subsidiar a elaboração do Projeto Básico ou Termo de Referência, quando se trata de contratação de serviços, sem o qual, nenhuma contratação deverá ser realizada (VIEIRA et al. 2013).
O Projeto Básico é um documento que se baseia na descrição detalhada do objeto a ser contratado e dos serviços a serem executados, devendo contemplar o disposto na Lei 8.666/93, artigo 6º, inciso IX, e, particularmente, no caso de serviços contínuos, artigo 15 da Instrução Normativa 02/20089 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
O Termo de Referência é o instrumento usado na modalidade de licitação pregão presencial e eletrônico, que nas outras modalidades10 da Lei n 8.666/93 equivale ao instrumento do Projeto Básico. A regulamentação do pregão presencial está prevista no Decreto n3.555/200011.
Posteriormente, com o advento do Decreto n 5.450/200512, foi regulamentado o pregão eletrônico, utilizado pelo INCA para a contratação de serviços, que passou a definir os critérios a serem seguidos para elaboração do Termo de Referência, no inciso I e parágrafo 2 do artigo 9, in verbis:
I - elaboração de termo de referência pelo órgão requisitante, com indicação do objeto de forma precisa, suficiente e clara, vedadas especificações que, por excessivas, irrelevantes ou desnecessárias, limitem ou frustrem a competição ou sua realização;
§ 2o O termo de referência é o documento que deverá conter elementos capazes de propiciar avaliação do custo pela administração diante de orçamento detalhado, definição dos métodos, estratégia de suprimento, valor estimado em planilhas de acordo com o preço de mercado, cronograma físico-financeiro, se for o caso, critério de aceitação do objeto, deveres do
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IN n02/2008 - dispõe sobre regras e diretrizes para a contratação de serviços, continuados ou não.
10 Lei 8.666/93, artigo 22. São modalidades de licitação: I – concorrência. II – tomada de preços; III – convite; IV – concurso; V – Leilão.
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Decreto nº 3.555/2000 - Aprova o Regulamento para a modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns.
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32 contratado e do contratante, procedimentos de fiscalização e gerenciamento do contrato, prazo de execução e sanções, de forma clara, concisa e objetiva.
O que difere o Projeto Básico do Termo de Referência na prática é a sua aplicação, pois este é utilizado na modalidade de pregão, que é empregado não apenas para a contratação de serviços, como também para a contratação de bens, na forma do artigo 1º do Decreto n 3.555/2000.
A IN n 02/2008 apresenta em única definição os termos Projeto Básico e o Termo de Referência em seu anexo I, inciso III, conforme se afirma:
O documento que deverá conter os elementos técnicos capazes de propiciar a avaliação do custo, pela Administração, com a contratação e os elementos técnicos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar o serviço a ser contratado e orientar a execução e a fiscalização contratual (IN SLTI/MPOG n 02/2008).
Observa-se ainda nesta IN n 02/2008, acerca dos requisitos que devem compor o Projeto Básico ou Termo de Referência, mencionados nos artigos 14 a 16. Entre outras orientações, o artigo 15 estabelece que o Projeto Básico ou Termo de Referência deverá conter:
I - a justificativa da necessidade da contratação, dispondo, dentre outros, sobre:
a) motivação da contratação;
b) benefícios diretos e indiretos que resultarão da contratação;
c) conexão entre a contratação e o planejamento existente, sempre que possível;
(...)
d) agrupamento de itens em lotes, quando houver; (...)
e) critérios ambientais adotados, se houver; f) natureza do serviço, se continuado ou não;
g) inexigibilidade ou dispensa de licitação, se for o caso; e h) referências a estudos preliminares, se houver (IN n 02/2008).
A pesquisa de preços é realizada como meio de estimativa de preços, observando-se que não há um rito definido a ser seguido, no qual, cada Instituição faz da sua forma, especifica o objeto e buscando estimar seu custo (VIEIRA, et al. 2013). De acordo com a Instrução Normativa n 02/2008, a pesquisa de preços é importante para efetivar a composição da planilha de custos e formação de preços, o qual trata-se da elaboração de um
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documento que compõe o detalhamento dos componentes dos custos que incidem sobre o serviço a ser contratado.
Consoante o art. 3º da Lei nº 8.666/93, as licitações destinam-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração.
O procedimento administrativo pelo qual um ente público, no exercício da função administrativa, abre a todos os interessados, que se sujeitem às condições fixadas no instrumento convocatório, a possibilidade de formularem propostas dentre as quais selecionará e aceitará a mais conveniente para a celebração do contrato (DI PIETRO, 2009, p.325).
A licitação tem como objetivo garantir a participação isonômica dos licitantes, ou seja, empresas interessadas na execução dos serviços terceirizados, a fim de obter a proposta mais vantajosa para a Administração Pública com vistas à celebração de um contrato administrativo.
O Edital é o instrumento importante no processo licitatório para contratação de serviços terceirizados. De forma a interpretar a legislação, Meirelles (2008, p. 278) conceitua edital como sendo “o instrumento pela qual a Administração leva ao conhecimento público a abertura de concorrência, de tomada de preços, de concurso e de leilão, fixa as condições de sua realização e convoca os interessados para a apresentação de suas propostas”.
Diante do exposto acima, Vieira et al. (2013) ratifica as informações apresentadas nas legislações vigentes e considera como instrumentos constitutivos do processo de contratação de serviços terceirizados, a seguinte sequência a seguir.
1. Elaboração do Plano de Trabalho;
2. Elaboração do Projeto Básico e/ou executivo;
3. Elaboração do Termo de Referência (modalidade de licitação pregão) 4. Elaboração do ato convocatório (edital de licitação); e
5. Elaboração da minuta de contrato.
Observa-se que, quando a Administração segue todas as etapas, tem muitas chances de evitar falhas na execução do contrato, em virtude da elaboração correta de cada instrumento nas etapas do processo de contratação.
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