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Capítulo 2 – Metodologia: técnicas e instrumentos

2.3. Instrumentos de pesquisa

A metodologia de inquérito consiste em formular uma série de perguntas

diretamente aos sujeitos, utilizando como instrumentos entrevistas,

questionários ou testes. Utiliza-se esta metodologia quando a investigação

procura estudar opiniões, atitudes e pensamentos de uma dada população e

expressa-se geralmente em percentagens (Sousa, 2005, p. 153).

Numa primeira fase do trabalho, foi feito um diagnóstico da população escolar, atra- vés da recolha de dados, facultados pela secretaria da escola, a fim de se fazer uma caracteri- zação da população em estudo, com o objetivo de a conhecer melhor e do meio em que está inserida.

Numa segunda fase do trabalho, utilizou-se como instrumentos de recolha de dados o questionário e a entrevista, em que se privilegiou uma metodologia qualitativa seguindo uma abordagem já utilizada noutros contextos (Formosinho & Araújo, 2008). O questionário visa dar voz às crianças e adolescentes para melhor conhecer as suas opiniões, representações e desejos sobre os contextos em que vivem, bem como sobre os pares e adultos com quem con- vivem. Esta abordagem foi utilizada noutros estudos com crianças e adolescentes oriundos de contextos vulneráveis e as perguntas do questionário foram adaptadas de Diaz-Aguado (1996) e de Martins e Carmo (2016).

O questionário é uma técnica de investigação em que

se interroga por escrito uma série de sujeitos, tendo como objetivo conhecer

as suas opiniões, atitudes, predisposições, sentimentos, interesses,

92 A designar: Projeto Educativo 2015-2018; Projeto de Constituição de turma PIEF Mista de 2º e 3º ciclo do

Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Portalegre 75 expectativas, experiências pessoais, etc. Aplicar um questionário é interrogar

um determinado número de sujeitos, tendo em vista uma generalização, ou

melhor, o suscitar de um conjunto de respostas individuais, em interpretá-las

e generaliza-las (Sousa, 2005, p. 204).

Aplicou-se um questionário aberto de complemento de frases, constituído por 11 perguntas (ver anexo 16, p. 178), que permitiu dar resposta ao objetivo previamente formulado, para serem completadas livremente, com vista a conhecer as representações e opiniões dos alunos de 2º e 3º ciclos de escolaridade e oriundos das duas culturas existentes, sobre: a escola, os professores, os funcionários, os colegas e a sua turma – algumas das quais se pediu para justificarem – o que permitiu uma maior liberdade nas suas respostas.

A entrevista é um instrumento de investigação que permite a recolha de dados e a obtenção de informação através do questionamento direto a um determinado individuo:

A entrevista permite que, para além das perguntas que sucedem de modo natural e no decorrer da conversa, se efetuem os porquês e os esclarecimentos circunstanciais que possibilitam uma melhor compreensão das respostas, das motivações e da linha de raciocínio que lhes estão inerentes (Sousa, 2005, p. 247).

Foi feita uma entrevista a um mediador cigano, tendo-se estruturado um guião com duas perguntas e respetivos objetivos (anexo 19, p. 181).

Procedimentos:

Para que o questionário93 pudesse ser aplicado, no início do ano letivo houve uma reunião com o Diretor do Agrupamento a fim de explicar o objetivo do estudo, pedindo autorização para a aplicação do questionário. Na reunião, foi garantida a confidencialidade dos dados recolhidos do questionário, mas para que este pudesse ser aplicado em meio escolar, foi exigida a autorização da DGE. Assim sendo, e após ter recolhido informação

93

Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Portalegre 76 sobre o que era necessário apresentar à DGE, foi requisitado à Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Portalegre uma declaração autenticada e escrita pela orientadora de mestrado, pedindo autorização à DGE, que o mesmo fosse aplicado, indicando a aprovação dos objetivos, metodologia e instrumentos a aplicar (ver anexo 17, p. 179), assim como a aprovação de um código de identificação para todos os alunos, para diferenciar os alunos da cultura cigana dos restantes, e a ser usado na altura do preenchimento do questionário.

O questionário foi submetido à DGE através do sistema de Monotorização de Inquéritos em Meio Escolar (MIME) (em http://mime.gepe.min-edu.pt) – ver anexo 18, p.180. O inquérito foi aplicado no início do ano letivo, entre 4 e 16 de novembro.

O facto de ser docente coadjuvante, de apoio ao estudo e de Apoio Pedagógico Acrescido (APA), facilitou a aplicação deste questionário, em contexto de sala de aula, e em momentos combinados com os docentes titulares da disciplina, de forma a não perturbar o normal funcionamento da aula. A turma em que tal não sucedeu, foi usada uma parte da aula da colega de outra disciplina, com o consentimento da mesma e em altura em que era possível a minha presença. Na turma PIEF, em que era titular, o questionário foi aplicado numa das minhas aulas, existindo a possibilidade de, posteriormente, questionar os alunos diretamente para melhor conseguir caracterizar as famílias da comunidade onde se encontravam inseridos, cujos resultados se apresentam a partir da p. 82.

Para complementar este estudo, recorreu-se à realização de uma entrevista informal, a um mediador cigano, convidado pela escola94, a fim de dinamizar um encontro com os alunos, no âmbito do ―Dia do Cigano‖. O guião da entrevista, já referenciado na página anterior, foi estruturado para servir de orientação, tendo em conta a questão de partida desta investigação, com a finalidade de se saber qual a opinião do mediador sobre como a escolarização é vista pela comunidade cigana, e como o seu conhecimento sobre a mesma, poderá contribuir para a mudança de atitude dos alunos desta comunidade, face à escola.

94 Com o objetivo de dar testemunho sobre o seu percurso de vida, para servir de exemplo positivo para os alu-

Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Portalegre 77 O pedido da entrevista, ao entrevistado, foi feito, de forma informal, no final do encontro, não tendo havido necessidade de formalizar antes, dado que a mediadora do Agrupamento assegurou que o mediador cigano convidado, era bastante acessível.

A entrevista foi vídeo-gravada e teve a duração de 9‘ 54‖, passando-se à transcrição integral da mesma, incluindo hesitações, com especial atenção à pontuação, que se encontra no anexo 20, p. 182.

A escolha destes dois instrumentos de recolha de dados revelou-se ter sido adequada, por ter permitido obter dados que, posteriormente, foram organizados, descritos, interpretados e analisados, de modo a responder à questão inicial.