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INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E CONTROLE DA POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS

CAPÍTULO 4. CARACTERÍSTICAS DA GESTÃO DAS ÁGUAS NO BRASIL

4.3. INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E CONTROLE DA POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS

Na lei 9.433/97 estão estabelecidos os instrumentos da política nacional de recursos hídricos, classificados em instrumentos de planejamento e controle.

4.3.1. Instrumentos de planejamento

A principal função do planejamento é a de organizar e definir a utilização da água, solucionando ou minimizando, os efeitos dos conflitos de interesse sobre esse bem. Dentro

deste planejamento estão os Planos de Recursos Hídricos (Planos de Bacia, Planos Estaduais

e Nacional), o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos

preponderantes da água e o Sistema de Informações.

O Plano de Bacia é realizado pela respectiva Agência de Bacia, aprovado pelo Comitê de Bacia, este comitê possui um Conselho a quem será submetido o Plano de Bacia para sua aprovação, por conseqüência a sociedade participará nesta avaliação.

O enquadramento e classificação dos corpos da água são realizados respeitando seus usos preponderantes e visando:

• assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes que foram

destinadas.

• diminuir os custos de combate a poluição das águas, mediantes ações preventivas

permanentes.

A classificação das águas, regida pela resolução do Conselho Nacional de Meio

Ambiente (CONAMA) no 20 de 1986 (alterada pela resolução CONAMA no 357 de 2005),

classifica as águas doces em classes; especial, I, II, III e IV segundo seu uso preponderante,

Tabela 4.1. Classificação dos corpos de água – Resolução CONAMA n 357/2005.

Das águas doces1 Das Águas salinas2 Das águas salobras3

I - classe especial

a) abastecimento para consumo humano, com desinfecção;

b) preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas;

c) preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral.

a) preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral;

b) preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas.

a) preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral;

b) preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas.

II - classe 1

a) abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado; b) proteção das comunidades aquáticas;

c) recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA no 274, de 2000;

d) irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película;

e) proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.

a) recreação de contato primário, conforme Resolução CONAMA no 274, de 2000; b) proteção das comunidades aquáticas; c) aqüicultura e à atividade de pesca.

a) recreação de contato primário, conforme Resolução CONAMA no

274, de 2000;

b) proteção das comunidades aquáticas;

c) aqüicultura e à atividade de pesca;

d) abastecimento para consumo humano após tratamento convencional ou avançado; e) irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película, e à irrigação de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto

III - classe 2

a) abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;

b) proteção das comunidades aquáticas;

c) recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA no 274, de 2000;

d) irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto; e) à aqüicultura e à atividade de pesca. a) pesca amadora; b) recreação de contato secundário. a) pesca amadora; b) recreação de contato secundário. IV - classe 3

a) abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado;

b) irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;

c) pesca amadora;

d) recreação de contato secundário; e) dessedentação de animais. a) navegação; b) harmonia paisagística. a) navegação; e b) harmonia paisagística. V - classe 4 a) navegação; e b) harmonia paisagística. 1. águas com salinidade igual ou inferior a 0,5 ‰; 2. águas com salinidade superior a 0,5 ‰ e inferior a 30 ‰; 3. águas com salinidade igual ou superior a 30 ‰.

Os sistemas de informações inseridos no sistema de planejamento consistem em um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes em sua gestão.

Os dados gerados pelos órgãos Integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos são incorporados ao Sistema Nacional de Informações sobre Recursos

Hídricos (SNIRH) e os princípios básicos para funcionamento são: a) descentralização da

obtenção e produção de dados e informações; b) coordenação unificada do sistema; c) acesso

aos dados e informações garantido a toda sociedade.

4.3.2. Instrumentos de controle

Os instrumentos de controle definem quem e quando caberá o acesso aos recursos hídricos, contando com a ferramenta econômica para regular o uso. O controle é realizado

mediante a outorga dos direitos de uso dos recursos hídricos que juntamente com o

enquadramento estabelece precondições para o uso e cobrança da água. A cobrança pelo uso dos recursos hídricos se dá tanto pela captação como para o lançamento de efluentes.

O instrumento de outorga tem como objetivo assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o direito de acesso a esta. Segundo a Lei 9.433/97 estão sujeitos

a outorga pelo Poder Público os seguintes casos: a) derivação ou captação de parcela da água

existente em um corpo de água para consumo final, inclusive abastecimento publico ou

insumo de processo produtivo; b) extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo

final ou insumo de processo produtivo; c) lançamento em corpo de água de esgotos e demais

resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou

disposição final; d) aproveitamento dos potenciais hidroelétricos; e) outros usos que alterem

ou regime, a quantidade ou a qualidade de água existente em um corpo de água.

A cobrança será realizada com o principio usuário-pagador/poluidor-pagador reconhecendo assim o valor econômico água em todos seus usos. Adota como prioridade o direto básico de todo ser humano a ter acesso à água potável e ao saneamento a um preço accessível. Desta forma, qualquer usuário que faça uso da água (usuário-pagador) ou prejudique sua qualidade (poluidor-pagador), deve pagar pelo uso de um bem que é público ou indenizar a sociedade pela degradação da mesma. Lembrando que companhias de água e esgoto também são consideradas usuários dessas águas.

4.4. O SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS