• Nenhum resultado encontrado

III. POLÍTICA E GESTÃO COMPARTILHADAS DE RESÍDUOS SÓLIDOS

3. Instrumentos

No artigo 4º, da Lei nº 12.300/2006, são apontados instrumentos bem diversificados para serem alcançados os objetivos que a lei traçou e que irão contribuir para as mudanças propostas, alguns, inclusive, já utilizados por muitos setores, como é o caso do termo de ajustamento de conduta, e, outros, que também merecem destaque:

1 - Planejamento Integrado e Compartilhado do Gerenciamento dos resíduos sólidos. (Inciso I:)

Não resta dúvida de que o planejamento integrado e compartilhado será o caminho para a consolidação de uma política eficiente, desenvolvida de acordo com critérios sanitários, ambientais, econômicos.

2 - Planos Estaduais e Regionais de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. (Inciso II):

Os planos se traduzem em compromissos assumidos pelos administradores, dos quais não poderão se furtar, sob pena de incorrerem em atos de improbidade.

Assim, com o estabelecimento de planos de gerenciamento de resíduos nos âmbitos estadual e regional, poderão ser obtidos resultados mais satisfatórios e condizentes com a realidade de cada local, mesmo porque os governos estaduais possuem maiores capacidades técnica e financeira para viabilizarem as políticas de coleta, tratamento e destinação dos resíduos. 3 - Inventário Estadual de Resíduos Sólidos. (Inciso IV):

Esse instrumento também está disposto na Resolução nº 13, de 27 de fevereiro de 1998, da Secretaria do Meio Ambiente, elaborado por técnicos da CETESB. É considerado de grande importância, pois nele consta a evolução das condições dos sistemas de disposição e de tratamento de resíduos sólidos domiciliares, e o acompanhamento dos resultados das ações adotadas para o controle ambiental, bem como das políticas e programas aplicados pelo Governo do Estado de São Paulo.

4 - Termo de Compromisso e Termo de Ajustamento de Conduta (Inciso VI) 135.

Como já foi mencionado, os Termos de Compromisso têm sido os mais utilizados pelos órgãos ambientais, pelo Ministério Público e por outros legitimados, por atuarem preventivamente e proporcionarem maior agilização na reparação dos danos causados ao meio ambiente, evitando-se os extensos e prolongados processos, passando-se, diretamente, para a execução, caso as obrigações impostas não sejam prontamente atendidas.

O Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta - TAC, conforme dispõe a Lei de Ação Civil Pública, nº 7.347/85, artigo 5º, § 6º, é um instrumento que tem a finalidade de permitir aos órgãos públicos legitimados que tomem dos interessados o compromisso de ajustamento de sua conduta, mediante cominações, com eficácia de título executivo extrajudicial. O TAC integrou-se ao nosso sistema pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90, artigo 113), que alterou o artigo 5º, §6º, da Lei nº 7.347/85 (LACP).

Vale anotar que, no recente Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares, de 2005, elaborado pela CETESB (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), no qual se avalia a evolução da coleta, o tratamento e a destinação dos resíduos sólidos no período de 1997 a 2005, foram realizados 433 (quatrocentos e trinta e três) Termos de Ajustamento de Conduta com os municípios que apresentavam irregularidades na destinação final dos resíduos

135No âmbito da administração estadual, a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo regulamentou o TAC pela Resolução nº SMA 05, de 07.01.1997. No âmbito federal, pela Medida Provisória nº 1.710, de 08.08.98, a qual alterou a Lei de Crimes Ambientais (Lei Federal nº 9.605/98).

sólidos.

Isso fez com que muitos municípios melhorassem a qualidade na forma de destinação dos resíduos gerados. Podemos citar o município de Potim(SP), que não dispunha de condições adequadas, de instalações de tratamento ou destinação final de resíduos sólidos domiciliares, tendo recebido a pontuação de apenas 1,2, relativo ao Índice de Qualidade de Aterro (IQR), no ano de 1997, e que, a partir do ano de 2000, suas condições foram modificadas sensivelmente, recebendo, nos anos de 2004 e 2005, a pontuação 10,0 de IQR.

136

5 - O licenciamento, a fiscalização, as penalidades (inciso - VIII); O monitoramento dos indicadores da qualidade ambiental (inciso - IX) e o aporte de recursos orçamentários e outros, prioritariamente, as práticas de prevenção da poluição, a minimização dos resíduos gerados e a recuperação de áreas degradadas e a remediação de áreas contaminadas por resíduos (inciso X).

Esses instrumentos destacam-se por apresentarem caráter preventivo, o qual é de suma importância nas políticas públicas de resíduos, pois se poderá detectar, desde o início, qualquer irregularidade que possa resultar em prejuízos na coleta, no tratamento ou na destinação, bem como em qualquer degradação ambiental.

Vislumbramos, ainda na Política de Resíduos do Estado de São Paulo, que haverá incentivos de várias formas, como descrito no inciso XI:

Os incentivos fiscais, os tributários e os creditícios que estimulem as práticas de prevenção da poluição e de minimização dos resíduos gerados e a recuperação de áreas degradadas e remediação de áreas contaminadas por resíduos sólidos.

E, no inciso XII,

medidas fiscais, tributárias e creditícias administrativas que inibam ou restrinjam a produção de bens e a prestação de serviços com maior impacto ambiental.

Também são úteis esses instrumentos para estimular os pequenos, médios e grandes empreendedores a implementarem, em suas atividades e serviços, práticas mais limpas, reduzindo a quantidade de resíduos gerada.

Servem, inclusive, para combater e impedir práticas abusivas e irresponsáveis, impondo a todos a destinação correta para os resíduos que produzirem.

Também destacamos os seguintes instrumentos preventivos: a certificação ambiental de produtos; o incentivo à autodeclaração ambiental na rotulagem dos produtos; o incentivo às auditorias ambientais; o incentivo ao seguro ambiental; o incentivo à reciclagem; os incentivos à pesquisa e à implementação de processos que utilizem as tecnologias limpas.

A taxa de limpeza urbana, por muitos contestada, é instituída pela Lei

da Política de Resíduos Sólidos como um instrumento facultativo, uma vez que foi utilizada a expressão “pode ser adotada” pelos municípios, para atendimento do custo da implantação e operação dos serviços de limpeza urbana, conforme vem descrita no artigo 26137. O texto legal também informa os critérios que podem ser adotados para a sua cobrança: a mensuração dos serviços; a classificação dos serviços; a quantidade e frequência dos serviços prestados; a autodeclaração do usuário.

Ademais, menciona os instrumentos de que dispõe o Estado para incentivar e auxiliar os municípios nos seus sistemas de coleta, transporte, tratamento e disposição final de resíduos sólidos, para que possam atender aos princípios da regularidade, continuidade e universalidade. 138

Prevê, ainda, que a coleta seja realizada, preferencialmente, de forma seletiva e com inclusão social, reconhecendo, assim, o trabalho edificante realizado pelos catadores. 139

O sistema declaratório anual é uma medida relevante, pois será possível fazer o mapeamento, o planejamento e o controle do lixo gerado, evitando a formação de lixões, bem como o fechamento de empresas coletoras não credenciadas, além de oferecer dados fundamentais para a elaboração de políticas públicas, nesta área.

Por todo o exposto, a Política de Resíduos Sólidos do Estado de São

137 Lei nº 12600/2006, artigo 26: “A taxa de limpeza urbana é o instrumento que pode ser adotado pelos Municípios para atendimento do custo de implantação e cooperação dos serviços de limpeza urbana.”

Paulo mostra-se como um instrumento normativo que, praticado com seriedade e continuidade pelos governos municipais, em cooperação com os governos estaduais e federais, será capaz de implementar soluções eficientes na erradicação e na diminuição do lixo, até porque oferece um regramento mais uniforme no equacionamento e na gestão da geração, da coleta e da destinação dos resíduos e está balizada em princípios democráticos e socioambientais. Aliada a instrumentos como o Estatuto da Cidade e o Plano Diretor, a Política proporcionará maior efetividade na proteção ambiental e no bem-estar das presentes e futuras gerações.

4. Política de Gerenciamento dos Resíduos Sólidos na Cidade de São

Documentos relacionados