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Instrumentos e procedimentos de coleta e análise de dados

CAPÍTULO II – METODOLOGIA DE PESQUISA

2.4 Instrumentos e procedimentos de coleta e análise de dados

A coleta de dados seguiu a seguinte ordem: primeiramente fizemos contato com as professoras a fim de obter sua permissão para a realização da pesquisa em suas turmas. Em seguida as professoras nos apresentaram às turmas, momento no

58 qual justificamos nossa presença nas aulas seguintes e entregamos a eles um Termo de Consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE 01). Nesse documento, explicamos que a pesquisa visava a analisar como a proficiência oral era trabalhada e avaliada ao longo do curso de Letras e que após o consentimento dos alunos/informantes poderíamos, então, usar os dados das atividades desenvolvidas em classe, e divulgá-los em publicações e/ou eventos. Foi assegurado a todos eles que sua identidade seria preservada, uma vez que a pesquisadora usaria nomes fictícios ou números ao se referir aos participantes no decorrer do trabalho.

O início das observações se deu em meados do mês de setembro, portanto não estivemos presente nas aulas iniciais de nenhuma das turmas, não tendo presenciado o primeiro contato de ambas as professoras com seus respectivos alunos. A partir de então começamos a assistir as aulas. Foram assistidas nove aulas na turma de expressão oral e dez na turma de compreensão oral durante o segundo semestre do ano de 2011, quando foram coletados os dados para esta nossa pesquisa.

Os questionários semiabertos (APÊNDICE 02) continham 16 perguntas e foram entregues aos alunos logo no início das observações das aulas. Alguns foram respondidos e devolvidos imediatamente, ao passo que outros foram entregues em aulas posteriores ao longo do semestre letivo, e alguns outros não nos foram devolvidos. Com o questionário pretendeu-se obter o perfil dos participantes, a idade de cada um deles, sua trajetória de contato com a língua estrangeira (doravante LE), suas concepções a respeito de proficiência, como os mesmos avaliavam a própria proficiência na língua, se e onde eles haviam aprendido a LE anterior à universidade. Questionou-se também a respeito da importância dada por eles às habilidades, principalmente as orais, bem como se eles possuíam dificuldade em

59 alguma delas. O questionário também indagava se os alunos se consideravam preparados para atuarem como professores de LE e pedia que eles opinassem a respeito de como o curso de graduação os preparava para o exercício da profissão, além de pedir sugestões para uma possível melhoria para o curso de Letras.

Outro instrumento utilizado nesta pesquisa foram as gravações. De início escolhemos gravar quase todas as aulas. Em alguns encontros houve a gravação simultânea em forma de áudio e vídeo. Em outros, houve a gravação apenas em áudio e alguns encontros ou apresentações foram gravados apenas em vídeo. No entanto, por problemas de constrangimento dos alunos durante as gravações, principalmente em vídeo, optamos por utilizar as notas de campo na maioria dos encontros. Preferimos, então, restringir as gravações a apenas algumas aulas e apresentações dos alunos. Acreditamos que tal procedimento não tenha afetado a confiabilidade da pesquisa, haja vista que foram utilizados outros instrumentos além das gravações.

Durante as observações das aulas a pesquisadora acompanhou algumas das diferentes atividades propostas pelas professoras, o que possibilitou-nos ter uma visão de como elas trabalhavam e avaliavam a proficiência oral de seus alunos ao longo do semestre. Com a gravação e a transcrição das aulas procuramos analisar algumas produções orais dos alunos como apresentações individuais, trabalhos em pares, discussões em grupos e role plays. Utilizamos os dados tanto dos alunos que cursavam o semestre inicial quanto dos que já estavam no segundo ano de graduação. Nosso intuito foi o de tentar responder à pergunta de pesquisa sobre a proficiência dos alunos que estão no nível de ingresso e no decorrer da graduação. Sabíamos que não seria possível chegarmos a uma conclusão a respeito de “ganhos em proficiência” através desta pesquisa, uma vez que o estudo não foi

60 longitudinal, mas apenas um recorte e, portanto, tivemos participantes diferentes em duas etapas diferentes na graduação. No entanto, o estudo possibilitou-nos uma amostra de qual é, no geral, o nível de proficiência dos alunos tanto ingressantes quanto daqueles que já se encontram na metade do curso e como esta proficiência é trabalhada ao longo da graduação em Letras nessa universidade, pelo menos nesses dois momentos.

Posteriormente ocorreram as entrevistas, tanto com os alunos quanto com as professoras, as quais foram realizadas no final do mesmo semestre (2º de 2011). Utilizamos uma entrevista semiestruturada com os alunos e outra com as professoras. Durante as entrevistas com as professoras (APÊNDICES 05 e 06) buscamos questioná-las quanto à sua posição frente à avaliação da oralidade e ao nível de proficiência que os futuros professores necessitam ao concluírem a graduação. Procuramos também conhecer como o processo avaliativo é construído e se o aluno participa ou não na construção desse processo.

Por meio das entrevistas com os alunos (APÊNDICE 03 e 04) procuramos conhecer a sua visão em relação ao curso de Letras e a importância que os mesmos dão à oralidade, a serem proficientes enquanto futuros professores.

Tanto através das entrevistas com as professoras quanto com os alunos buscamos, de maneira geral, coletar informações a respeito dos pontos de vista dos informantes sobre a importância da oralidade, sobre a forma como essa oralidade era trabalhada e como se avaliava a proficiência do aluno neste curso de Letras. A entrevista nos proporcionou maior flexibilidade para aprofundar-nos em alguns aspectos mais relevantes para a pesquisa. Foi através deste instrumento que pudemos questionar tantos as professoras quanto os alunos a respeito da heterogeneidade das turmas e sobre a universidade oferecer ou não ferramentas

61 para os alunos que não conseguem acompanhar o andamento das aulas. Pedimos sugestões que pudessem minimizar problemas existentes e também buscamos conhecer a opinião dos participantes em relação ao modo como as habilidades da língua (ouvir, falar, ler e escrever em LE) eram trabalhadas na graduação tendo em vista a maneira como o currículo estava estruturado no momento da pesquisa.

O Quadro 01 a seguir apresenta os instrumentos que foram utilizados para a coleta dos dados, os objetivos pretendidos com a utilização de cada um, com quem foi aplicado cada instrumento e quando isso se deu.

Quadro 01- Instrumentos utilizados para coletar os dados

Instrumento Objetivo Quem Quando

Observação das aulas e notas de campo Gravações em áudio e vídeo e transcrição das aulas Obter dados sobre como a produção oral é trabalhada nas aulas Registrar procedimentos para futura triangulação dos dados. Pesquisadora (observação e gravação de alunos e professoras) Durante o segundo semestre de 2011

Questionário Obter o perfil dos participantes e conhecer suas concepções sobre proficiência na LI Alunos e professoras participantes Metade do segundo semestre de 2011 Entrevista semiestruturada gravada em áudio Conhecer os conceitos e percepções dos alunos sobre a avaliação da proficiência oral. Alunos participantes Final do segundo semestre de 2011

62 Entrevista semi- estruturada gravada em áudio percepções e conceitos que o professor possui a respeito da avaliação da proficiência dos seus alunos. Professoras das disciplinas semestre de 2011

Os diferentes instrumentos citados acima foram utilizados para a coleta de dados e posteriormente procedemos à triangulação desses dados. De acordo com Allwright e Bailey (1991), essa triangulação é um procedimento fundamental para se garantir a confiabilidade da pesquisa. Para estes autores, alguma imperfeição de algum instrumento pode ser compensada com a utilização de várias fontes de dados e tem- se maior segurança ao interpretar os dados quando os mesmos provêm de diferentes instrumentos de pesquisa.

Para Burns (1999) e Wallace (1998), ao dar voz aos participantes da pesquisa e por se utilizar de instrumentos diferentes, a triangulação garante validade e confiabilidade dos resultados por permitir uma “subjetividade controlada” por parte do pesquisador.

Utilizando-nos, portanto, de todos os instrumentos mencionados, fizemos a triangulação dos dados a fim de responder às perguntas que nortearam este trabalho, o que discutiremos no capítulo a seguir que trata especificamente da análise dos dados.

63 CAPÍTULO III

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Neste capítulo apresentamos, analisamos e discutimos os dados coletados por meio dos instrumentos citados no capítulo anterior, com o objetivo de responder às perguntas de pesquisa. Tendo em mente o referencial teórico que guia nossa pesquisa, apresentamos os resultados separadamente, por tópicos, para que possamos discuti-los mais detalhadamente.

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