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CAPITULO III – FLUXOS E DISPOSITIVOS DE INTERVENÇÃO PARA

3. Instrumentos e Técnicas

Na operacionalização da intervenção, os assistentes sociais que trabalham nas CPCJ utilizam um conjunto de instrumentos e técnicas que os auxiliam a concretizar o objectivo proposto no plano acção.

Segundo Azevedo (2013) o instrumento está relacionado com a teoria e método, a demanda e contexto histórico em se vive. Uma vez que o objecto do Serviço Social é alvo de transformações ao longo do tempo, os profissionais devem agir em conformidade com os princípios que regulam a sua profissão.

Os instrumentos e técnicas devem fomentar potencialidades e habilidades dos utentes. O assistente social deve tomar as decisões que valorizam e respeitam, considerando sempre as opiniões e as recolhas dos outros na sua intervenção. (ibidem)

Segundo o autor, os instrumentos e técnicas devem ser manipulados de modo a garantir os direitos, fomentar a igualdade de oportunidades, universalidade dos acessos aos bens, recursos e serviços sociais e para ampliar os direitos.

Os instrumentos e técnicas são indispensáveis na acção profissional, constroem-se a cada momento da intervenção, de acordo com os determinantes políticos, sociais e institucionais. (ibidem).

Os principais instrumentos são: a entrevista; visita domiciliária ou institucional; elaboração de documentos em relatórios e a articulação em rede de recursos sociais.

A instrumentalidade (instrumentos e técnicas) é determinada pela demanda e pela instituição (De Azevedo,2013).

Os instrumentos são criados e recriados de acordo com o objectivo que se pretende alcançar e o próprio objecto. Os principais instrumentos utilizados são:

86  A Lei nº 147/99

 Base de dados online;

 Folhas de registo;

 Processo;

 Guião de entrevista;

 Declaração dos consentimentos;

 Contrato para aplicação das medidas;

 Geograma e ecomapa.

Quanto às técnicas, apuráramos as seguintes:  A entrevista;

 Visitas domiciliárias;

 Reuniões com outras entidades da comunidade.

Relativamente a este assunto, destacamos de seguida mais alguns excertos das entrevistas às assistentes sociais:

(…) Temos materiais que nos auxiliam na recolha, ai temos um instrumento nosso que é o guião de entrevista, e como disse há bocadinho temos vários guiões de entrevista adequados às problemáticas. (…) Utilizamos o genograma. E o instrumento de trabalho o ecomapa. O ecomapa por exemplo faz o desenho da rede de suporte da criança. (E5 - Josefa). “ Todos estes instrumentos têm a ver com o modelo de intervenção. O modelo é consistente. Portanto todos os instrumentos estão feitos para ajudar. A entender o modelo e instrumentos, a própria deliberação é um instrumento, as circulares internas são um instrumento que estipula os procedimentos internos da Comissão. Como é que fazemos, quando é que temos que articular com a polícia judiciária, quais os procedimentos. Estão os contactos, o momento em que fazemos o contacto, o que é que temos que fazer a seguir.. e nesta pasta temos pastinhas. Temos acordo de promoção e protecção, elas já estão lá predefinidas. Deliberação, também o que é preciso ser comum já la esta pré-definido. Guião de entrevista. O modelo de recolha de informações. Diligências portanto, guião de visita domiciliária, …. (E5 - Josefa).

(…) Mas eu como assistente social gosto mais de utilizar o ecomapa, isso tem a ver com a minha formação específica. Os instrumentos estão lá, e cada um utiliza de acordo com a sua formação enquanto há a necessidade naquele processo. O ecomapa é muito útil em famílias enormes e emaranhadas. (E5 - Josefa).

87 O ecomapa permite examinar as necessidades da família e é muito flexível podendo ser adaptado a qualquer situação problema desde que sejam cumpridos os seguintes requisitos: identificar o sistema, ou seja a família e o indivíduo, construir um genograma da família no círculo central com informação básica. (Guadalupe,2010).

3.1.

Entrevista

Todo o trabalho caracteriza-se pela construção e uso de instrumentos e o seu uso está ligado à consciência do fim da acção do trabalho. A entrevista é um dos instrumentos através dos quais o assistente social toma a consciência das relações e interacções que se estabelecem entre a realidade e os sujeitos individuais ou colectivos. Segundo Richomond (1950) é através dela que o assistente social recolhe elementos para fazer o diagnóstico.

Nas CPCJ os assistentes sociais realizam entrevistas para os ajudar a conhecer a família e recolher dados para diagnóstico.

No seu estudo, Richomond considerava inclusive a conversa inicial, como o momento em que se estabelecem as bases de entendimento mútuo para obtenção das linhas orientadoras do trabalho até à fase de avaliação. O autor recomendava igualmente que o assistente social deveria ser “delicado“, “paciente” e escutar largamente o “necessitado”(Amaro,2003).

A entrevista permite ler a verdade e toda informação recolhida subsidia a intervenção.

Esta técnica faz parte da intervenção do assistente social desde os primeiros tempos do Serviço Social como profissão. Ao praticá-la a escuta deverá ter um papel fundamental, registando-se toda a informação para depois compartilhar com outros profissionais da instituição em que o assistente social trabalha, e reflectir conjuntamente sobre os dados recolhidos para aprofundar a questão objectivando a mudança. Por outro lado, pode também servir para produzir conhecimento, explorar o conhecimento sobre a família (Amaro, 2003).

Esta técnica objectiva a recolha de componentes que possam explicar melhor o caso e compreender as pessoas nelas envolvidas. (Ferreira, 2011).

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3.2. Visita domiciliária

No que respeita à visita domiciliária, esta permite conhecer o quotidiano dos utentes no seu ambiente familiar e comunitário. Deve ser utilizada com base na análise efectuada sobre o problema. Deverá ser sempre efectuada uma explicação aos utentes sobre o motivo da visita e acordar a entrada em casa. Desta forma é permitido ao profissional, conhecer uma realidade diferenciada e identificar esta mesma realidade tal como é apresentada tendo em conta as condições culturais dos sujeitos, sem emitir juízos de valor. Nesta procura pelos elementos necessários para análise da situação, deve existir acima de tudo respeito pelo utente. A entrevista deve ser semi- estruturada e apoiada no objectivo da visita domiciliária. A visita domiciliária é um instrumento revelante e necessário, podendo ser utilizada a favor dos sujeitos na perspectiva de garantir os seus direitos. A sua realização depende da avaliação feita pelo profissional, mostrando a realidade tal como se manifesta na vida do entrevistado. (Ibidem).

Assim como as entrevistas nas CPCJ, as vistas domiciliárias servem para reunir elementos para o diagnóstico ou para verificar a eficácia da medida implementada. Por outro lado, permite também “ capturar a realidade dentro de seu quadro social e cultural…”. (Amaro, 2003:31).

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