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OS INSTRUMENTOS TERAPÊUTICOS USADOS NA CLÍNICA JUNGUIANA: DINÂMINA DA PSIQUE Interpretação de sonhos.

No documento Arteterapia criativa expressiva liberadora (páginas 30-33)

O INCONSCIENTE CRIATIVO.

OS INSTRUMENTOS TERAPÊUTICOS USADOS NA CLÍNICA JUNGUIANA: DINÂMINA DA PSIQUE Interpretação de sonhos.

Imaginação ativa. Caixa de areia (Sandy Play). Contos de Fada.

1. Interpretação de sonhos. O sonho é uma ferramenta da psique que busca o equilíbrio por meio da compensação. Na busca pelo equilíbrio, personagens arquetípicas interagem nos sonhos em um conflito que busca levar ao consciente, conteúdos do inconsciente. Jung aponta os sonhos como forças naturais que auxiliam o ser humano no processo de individuação. Uma forma própria do inconsciente de se expressar. Para o mestre suíço, há os sonhos comuns e os arquetípicos, revestidos de grande poder revelador para quem sonha. Os sonhos seriam uma demonstração da realidade do inconsciente.

2. Imaginação ativa. Esta técnica consiste em quatro fases: libertar-se do fluxo de pensamento do ego; deixar que uma imagem de fantasia do inconsciente flua para o campo da percepção interior; conferir uma forma à imagem relatando-a por escrito, pintando-a, esculpindo-a, escrevendo-a como uma música ou dançando-a; confrontar-se moralmente com o material produzido/imaginado (FRANZ, 1999).

Durante a “imaginação ativa” não existe uma meta que obrigatoriamente tenha que ser atingida, nenhum modelo, imagem ou texto a ser usado. A pessoa simplesmente começa com o que vem de dentro dela, com uma situação de sonho relativamente inconclusiva ou uma momentânea modificação do estado de espírito. Se surge um obstáculo, a pessoa que medita é livre para considerá-lo ou não como tal; é ela que resolve como deve ou não reagir diante dele (FRANZ, 1999, p. 179).

3. Caixa de areia (Sand play). É um método terapêutico desenvolvido por Dora M. Kalff. Caracterizado pelo uso da areia, água e miniaturas na criação de imagens dentro de uma caixa de areia.

É um método projetivo que prescinde do verbal. Sua prática consiste em construir cenários em uma caixa de areia, seca ou úmida, da forma que desejar, moldando a areia ou utilizando miniaturas. As cenas simbolizam o

estado psíquico. É um contínuo diálogo entre aspectos conscientes e inconscientes da psique do cliente, que ativa o processo de cura e o desenvolvimento da personalidade.

Durante o processo psicoterapêutico com o Sandplay - Jogo de areia, observamos que as partes desconhecidas e não aceitas do indivíduo são vistas objetivamente e reconhecidas como pertencendo a ele.

A caixa e o setting terapêutico tornam-se a área limítrofe onde os opostos podem se confrontar e onde os conflitos podem ser resolvidos antes de serem levados para o mundo real. O trabalho na caixa de areia pode permitir a expressão de conteúdos inconscientes, de modo a que eles não mais busquem se manifestar de forma literal em nossas vidas.

4. Contos de fada. Facilita ao cliente encontrar sua própria solução através da contemplação do que a estória parece implicar sobre seus conflitos internos naquele momento de sua vida. Os contos são sugestivos, pois suas mensagens implicam em soluções, mas estas não são ostensivas. Há espaço para a fantasia e interferência que cada um tira para si daquilo que a história relata sobre a natureza humana.

E Jung diz que uma maneira rica e produtiva de direcionar esta energia, de dar uma expressão simbólica ao inconsciente, é sublimar através da ARTE, utilizando-se de materiais plásticos, cênicos, da música, da literatura, da filosofia, de descobertas científicas, etc. (Jung, 1964).

Se focalizarmos nossa atenção sobre o inconsciente, sem suposições precipitadas ou rejeições emocionais, há de surgir um fluxo de imagens simbólicas de maior proveito – que é nosso Inconsciente Criativo.

Inúmeros são os caminhos e as possibilidades de que nós, arteterapeutas, dispomos para fazer com que os conteúdos do inconsciente venham para a consciência de maneira mais saudável, rica e eficaz. A Arteterapia trabalha proporcionando um clima criativo acolhedor, no setting terapêutico, para que o cliente sinta-se bem, para que possa fazer contato com suas imagens do inconsciente e para que estas imagens venham para a consciência, facilitando assim uma maior compreensão do seu momento de vida.

1o-Primeiramente, através de atividades multi-mentais como

relaxamento, massagem, imaginação ativa, música, cheiro, podemos propiciar um terreno fértil para captar os símbolos, o sensório, a afetividade.

2o-Num segundo momento, proporcionamos materiais como pintura, desenho, argila ou atividades expressivas como teatro, expressão corporal, etc. para fazer a transposição das imagens, configurando e estruturando, dando forma.

3o- E por último, entramos com a linguagem verbal para entendimento e decodificação destas imagens, ao mesmo tempo em que o intelecto ajuda a estruturar as emoções.

Segundo Alessandrini, isto acontece no processo da OFICINA CRIATIVA, que é um trabalho composto de várias etapas, no qual o sujeito expressa criativamente um imagem interna por meio de uma experiência artística para, posteriormente, organizar o conhecimento intrínseco a esse fazer expressivo.

Podemos pensar a Oficina Criativa como ponto clímax dos processos integrados.

ETAPAS DO PROCESSO DE OFICINA CRIATIVA.

Sensibilização. Expressão Livre. Elaboração da expressão. Transposição da Linguagem. Avaliação.

1o. SENSIBILIZAÇÃO. O sujeito estabelece uma relação diferenciada de contato com o mundo. Ele é convidado a “tocar si mesmo”, o seu mundo INTRA, colocando-se disponível para o emergir de sua imagem interna. As atividades desenvolvidas nesse momento visam a vinculação do sujeito com a situação, que podem ser feitas através de exercícios lúdicos, atividades corporais, observação dirigida ou sugerida ou construções do imaginário.

2o. EXPRESSÃO LIVRE. O sujeito expressa a experiência vivida por intermédio de uma linguagem não verbal, possibilitando-lhe a livre expressão de seus sentimentos e pensamentos. O sentimento eclode como imagem e toma forma. Atividades utilizadas: diversas técnicas e materiais artísticos.

3o. ELABORAÇÃO DA EXPRESSÃO. Acontece quando ocorre o aprimoramento da linguagem escolhida pelo sujeito. Ele reelabora, ainda ao nível da arte e da representação não verbal, o conteúdo emergente nas etapas anteriores. Há um retrabalhar as figuras e formas, dando-lhes mais contornos, linhas e cores. Uma distância reflexiva começa a ser trazida à consciência e o sujeito começa a elaborar.

4o. TRANSPOSIÇÃO DA LINGUAGEM. Propomos a transposição para a linguagem verbal, na perspectiva de re-significar o processo, a imagem interna sugere a criação de mensagens e textos. É o momento que se pode trabalhar de modo mais diretivo e estruturado. Aperfeiçoamento da linguagem oral e escrita, associados aos processos de raciocínio e operacionalização.

5o. AVALIAÇÃO. A retomada do processo permite a conscientização e percepção crítica do indivíduo na aquisição de novos conhecimentos. Olhar e poder rever cada etapa, reelaborando conteúdos não explicitados, ou avaliando a dimensão de significados simbólicos da totalidade da experiência vivida. A distância reflexiva se completa, a gestalt se faz, oferecendo ao sujeito a oportunidade de crescer dentro de um caminhar próprio e autêntico, no qual o arriscar-se e romper o próprio limite pode ser vivido enquanto unidade em algo que chamaríamos de SER, SENTIR, CRIAR, EXPRESSAR, FAZER, REFLETIR, CRESCER.

Ou seja, essa avaliação envolve o conjunto de informações que permitem identificar os processos que foram significativos.

“Os pacientes que tenham talento para a pintura ou o desenho podem expressar seus afetos por meio de imagens. Importa menos uma descrição tecnicamente ou esteticamente satisfatória, do que deixar campo livre à fantasia, e que tudo se faça do melhor modo possível”. (Jung, 1991, V.8/2: § 168).

No documento Arteterapia criativa expressiva liberadora (páginas 30-33)