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197INSUMOS REFEREM-SE À MATÉRIA-PRIMA DOS JORNAIS IMPRESSOS13, OU SEJA, O

PAPEL

,

E À TECNOLOGIA UTILIZADA PELOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO EM GERAL

.

H

ISTORICAMENTE O PAPEL IMPRENSA REPRESENTA DESPESA CONSIDERÁVEL PARA OS VEÍCULOS IMPRESSOS

.D

INES

(1986)

CONCLUIU QUE O PAPEL DE IMPRENSA PASSAVA

,

AINDA NA DÉCADA DE

1970,

POR CRISE NEM CONJUNTURAL

,

NEM

PASSAGEIRA

,

MESMO QUE AGRAVADA POR CARACTERÍSTICAS SAZONAIS

.P

OR NÃO PRODUZIR ESSE TIPO DE PAPEL

,

O MERCADO BRASILEIRO DEPENDIA

E DEPENDE

SOBREMANEIRA DO INTERNACIONAL

,

PRINCIPALMENTE DO CANADENSE

.P

ROBLEMAS NESSE PAÍS

,

COMO O RIGOROSO INVERNO DE

1973,

QUE PREJUDICOU O ABATE DE ÁRVORES

,

E AS GREVES FERROVIÁRIAS DO MESMO ANO

,

DIFICULTANDO O

TRANSPORTE DA MADEIRA

,

CONSTITUÍAM OBSTÁCULOS AO ATENDIMENTO DA CRESCENTE DEMANDA PELO PRODUTO NO

B

RASIL

.M

ESMO ASSIM

,

ESPERAVA

-

SE AUMENTAR O CONSUMO DE PAPEL IMPRENSA DE

270

MIL TONELADAS EM

1973

PARA

313

MIL NO ANO SEGUINTE

,

APESAR DA ESTAGNAÇÃO DA PRODUÇÃO

(117

MIL TONELADAS

/

ANO

).

O

CRESCIMENTO DO CONSUMO DE PAPEL POR PARTE DE JORNAIS NÃO FOI ACOMPANHADO DE AUTO

-

SUFICIÊNCIA NO SETOR

.A

PESAR DA DISPONIBILIDADE DE MATÉRIA

-

PRIMA

,

NÃO SE INSTALARAM NO PAÍS

,

NA DÉCADA DE

1970,

AS FÁBRICAS NECESSÁRIAS A ISSO

,

PRINCIPALMENTE DEVIDO A UMA SUPOSTA AUSÊNCIA DE ESTÍMULOS ESTATAIS À PRODUÇÃO

,

DE ACORDO COM JUSTIFICATIVA ALEGADA PELOS FABRICANTES

(DINES,1986).

D

EPOIS DE UM FULMINANTE AUMENTO DA PRODUÇÃO NA DÉCADA DE

1980,

COM A CRIAÇÃO DE NOVAS FÁBRICAS E A AMPLIAÇÃO DA CAPACIDADE DO PARQUE PRODUTIVO

,

ENTÃO RESPONSÁVEL POR

80%

DO PAPEL IMPRENSA CONSUMIDO NO PAÍS

,

O SETOR VOLTOU A DEMONSTRAR FRAGILIDADE NA DÉCADA DE

1990.O

AUMENTO DA PRODUÇÃO EM

91%,

OCORRIDO NO BIÊNIO

1984-85,

NÃO SÓ NÃO MAIS SERIA VISTO

,

COMO TAMBÉM PASSARIA A SER AMPLIADA A NECESSIDADE DE

IMPORTAÇÃO DESSE PRODUTO

,

DE ACORDO COM A TABELA ABAIXO

(

VER

T

ABELA

2):

T

ABELA

2

P

RODUÇÃO E

I

MPORTAÇÃO DE

P

APEL

I

MPRENSA EM MIL TONELADAS

(1998-

2004)

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

P

RODUÇÃO

N

ACIONAL

274 243 266 233 248 163 133

I

MPORTAÇÃO

400 379 398 297 250 281 350

%P

APEL

I

MPORTADO

59,34 60,93 59,93

56,03 50,2 63,28 72,46

F

ONTE

:A

SSOCIAÇÃO

B

RASILEIRA DE

C

ELULOSE E

P

APEL

-B

RACELPA

(2005)

13 Esse problema é menos acentuado no caso das revistas de grande circulação, já que o papel utilizado para a produção dessas é fabricado, em grande parte, no Brasil.

198

E

M

2003,

A MULTINACIONAL

N

ORSKE

S

KOG TORNOU

-

SE A ÚNICA PRODUTORA DE PAPEL IMPRENSA NO

B

RASIL

,

DEPOIS DE ROMPIMENTO COM A

K

LABIN

,

O QUE EXPLICA A SÚBITA QUEDA NA PRODUÇÃO

.A

TAXA DE CERCA DE

60%

DE

IMPORTAÇÃO DE PAPEL IMPRENSA POR ANO TORNOU ESSE PRODUTO O RESPONSÁVEL POR QUASE UM TERÇO DOS CUSTOS DOS JORNAIS E LEVOU O ENTÃO

P

RESIDENTE DO

BNDES,C

ARLOS

L

ESSA

,

A DEFENDER A CRIAÇÃO DE PROGRAMAS DE FOMENTO À PRODUÇÃO DESSE MATERIAL NO

B

RASIL

(SENADOFEDERAL,2004).

No que se refere à infra-estrutura técnica das Comunicações, também foram grandes os investimentos nas últimas décadas. Se, nas décadas de 1960 e 1970, grande parte dos investimentos foi feito pelo Estado, de acordo com política que beneficiou principalmente a radiodifusão e a telefonia, na década de 1990 os investimentos foram capitaneados pelas empresas de mídia, face ao aumento do aporte de capital no setor de telecomunicações. Novos mercados, como TV por assinatura, serviços para a telefonia e internet, eram os alvos preferenciais.14 Sem recursos próprios para competir com as novas companhias telefônicas e sem dispor de linhas de crédito de longo prazo no Brasil, como lembra Lobato (2004), as empresas de mídia buscaram recursos em moeda externa e viram suas dívidas aumentarem exponencialmente com a flutuação do câmbio. Em 2004, a dívida estimada do setor girava em torno de R$10 bilhões, 80% dos quais em dólar e 83,5% com vencimento em curto prazo.

Parte dos investimentos baseou-se em projeções totalmente equivocadas. O mercado de TV por assinatura, previsto, pela ANATEL, para comportar 10 milhões de assinantes em 2003, reunia, nesse ano, apenas 3,5 milhões. Gastos com a informatização das redações e a compra de impressoras novas consumiram entre US$ 600 e US$ 700 milhões a partir de 1995, quando ainda era maior a valorização da moeda brasileira em relação ao cenário internacional. Algumas empresas de comunicação ainda tentaram investir nas companhias telefônicas privatizadas, mas, em sua maioria, vieram a desistir do setor. O período crítico para as empresas jornalísticas e de radiodifusão foi o início do atual milênio. De 2000 a 2002, a circulação de jornais caiu de 7,9 milhões de exemplares por dia para 7 milhões e a de revistas, de 17,1 milhões para 16,2. O bolo publicitário, no mesmo período, diminuiu de R$ 9,8 bilhões para R$ 9,6 bilhões (LOBATO, 2004).

O alto grau de endividamento das empresas de mídia torna o setor frágil e implica em prejuízos ao papel a ser desempenhado pela imprensa, considerando-se que os problemas financeiros podem vir a prejudicar a independência dos meios de comunicação em relação a grupos econômicos e políticos fortes, como será discutido ainda neste capítulo.

6.2.2 – Pessoal

14 Note-se a crescente convergência de mídias na contemporaneidade, envolvendo possivelmente, ao mesmo tempo, empresas telefônicas e de radiodifusão, tanto em relação ao aspecto técnico quanto em relação ao informacional. A distinção legal por completo entre telecomunicações e radiodifusão, sem que se analisem pontos comuns aos dois setores, não contempla, portanto, as demandas originadas a partir das recentes inovações tecnológicas.

199

O

PERFIL PROFISSIONAL DAS EMPRESAS JORNALÍSTICAS COMEÇOU A SER DRASTICAMENTE MODIFICADO AINDA NA DÉCADA DE

1980.N

AS OFICINAS

,

MAQUINÁRIO NOVO

,

AOS POUCOS

,

SUBSTITUIU IMPRESSORAS ANTIGAS E

,

NAS REDAÇÕES

,

OS TERMINAIS TORNARAM

-

SE SUBSTITUTOS DAS VELHAS MÁQUINAS DE ESCREVER

,

ENTÃO APOSENTADAS

.C

ONSEQÜÊNCIA DAS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS FOI A DEMISSÃO EM MASSA DE JORNALISTAS E PROFISSIONAIS OUTROS LIGADOS A ESSAS EMPRESAS

.

N

A MÍDIA ELETRÔNICA

,

A REDUÇÃO DOS GASTOS COM PESSOAL PODE SER EVIDENCIADA COM A APRESENTAÇÃO DE APENAS UM EXEMPLO

.U

MA EQUIPE DE REPORTAGEM PADRÃO DE UMA EMISSORA DE TELEVISÃO CHEGOU A SER COMPOSTA POR CINCO PROFISSIONAIS

,

TRÊS DOS QUAIS ESCALADOS PARA OPERAR

EXCLUSIVAMENTE O EQUIPAMENTO

(

CÂMERA E ACESSÓRIOS

).J

Á NA DÉCADA DE

1990,

A EQUIPE

,

RESPONSÁVEL POR COBERTURA SEMELHANTE

,

ERA COMPOSTA POR TRÊS OU ATÉ DOIS PROFISSIONAIS

.N

O PRESENTE

,

JÁ HÁ PROFISSIONAIS QUE

TRABALHAM SOZINHOS

,

REALIZANDO A REPORTAGEM E AS FILMAGENS NECESSÁRIAS

.N

A MÍDIA IMPRESSA

,

OCORRERAM SITUAÇÕES SEMELHANTES

.

R

IBEIRO

(1994)

AFIRMA QUE A INFORMATIZAÇÃO DA REDAÇÃO DA

F

OLHA DE

S.

P

AULO OCASIONOU

,

EM SETEMBRO DE

1983,

A SUBSTITUIÇÃO DE

72

REVISORES DE TEXTO POR APENAS UM RESPONSÁVEL POR APONTAR OS ERROS DE CADA EDIÇÃO

.

J

ORNALISTAS ANTIGOS FORAM

,

AOS POUCOS

,

SUBSTITUÍDOS POR RECÉM

-

FORMADOS SAÍDOS DAS UNIVERSIDADES

,

AUMENTANDO O CONTINGENTE DE DESEMPREGADOS E ACHATANDO O PISO SALARIAL DA CATEGORIA

.N

A DÉCADA ANTERIOR

,

PASSOU A PREVALECER A EXIGÊNCIA DE QUE REPÓRTERES ESCREVESSEM SEUS PRÓPRIOS TEXTOS

,

DESMOBILIZANDO PARTE DO CORPO DE REDATORES

.

As mudanças não foram aceitas passivamente. No fim da década de 1970, já se fazia sentir a organização sindical dos jornalistas. Em 1979, profissionais de diversas empresas entraram em greve, recusando-se a elaborar as edições do dia seguinte. Em poucos dias, estava encerrada a paralisação sem que parte das reivindicações fosse aceita, porém tornava-se claro para os donos de empresas que era preciso formar uma associação patronal capaz de enfrentar possíveis problemas futuros. Em 17 de agosto de 1979, o empresariado formou a Associação Nacional dos Jornais (ANJ), com vistas ao fortalecimento de seus empreendimentos e à união do setor. Ainda assim, novas greves de jornalistas estourariam na década de 1980.

Apesar dos protestos, o processo de modernização nas redações e as conseqüentes demissões de jornalistas continuaram. Números relativos às dispensas não são precisos. No município do Rio de Janeiro, por exemplo, segundo dados do Sindicato dos Jornalistas Profissionais (TRAVANCAS, 1993), no início da década de 1990 eram seis mil os jornalistas distribuídos pelos sete maiores jornais cariocas, quatro sucursais de outros jornais, mais de vinte revistas, trinta estações de rádio, sete emissoras de televisão e assessorias de imprensa.

P

ESQUISA MAIS RECENTE SOBRE ESSE TEMA FOI FEITA EM

1998

PELO PRÓPRIO SINDICATO

.N

ESSE MEIO TEMPO

,

DOIS JORNAIS CARIOCAS

AN

OTÍCIA E

Ú

LTIMA

H

ORA

E UMA EDITORA RESPONSÁVEL POR VÁRIAS REVISTAS

A

B

LOCH

HAVIAM SIDO FECHADOS

.S

OBRARAM

,

ENTÃO

,

CERCA DE

1,5

MIL JORNALISTAS

200

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