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Capítulo 4 – APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.2 Análise e discussão dos temas

4.2.6 A integração das TIC na Escola

O estudo da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) para a Educação, a Ciência e a Cultura (Padilha & Aguirre, 2010) sobre a integração das TIC nas Escolas apresentou indicadores e metodologias que visam analisar esta integração do ponto de vista de uma concepção mais ampla e abrangente para além de ferramentas tecnológicas no meio escolar ou do uso didático-pedagógico pelo professor.

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Para tanto, foram definidas cinco dimensões avaliativas que estão relacionadas a: 1. “Disponibilidade de TIC” – que visa verificar a existência de equipamentos e estrutura de rede para acesso a internet, quantidade de equipamentos, densidade de equipamentos por estudantes, manutenção infraestrutura e equipamentos existentes, bem como atualização de software e a diversificação destes; 2. “Organização da escola para o uso das TIC” – sobre como o projeto pedagógico prevê esta integração, e deve coletivamente realizar desta relação, bem como, realizar seu planejamento, acompanhamento e (re)avaliação, para apoiar a gestão, administração e comunidade escolar; 3. “Formação dos educadores para o uso das TIC” – visa identificar o tipo, abordagem, conteúdos, atualização, natureza, pertinência e familiaridade na formação de professores para o uso das TIC e sobre seus conhecimentos necessários a integração, por último, a dimensão 4. “Presença das TIC nas práticas pedagógicas” busca evidenciar como o docente planeja suas práticas com as tecnologias digitais, quais os objetivos, estratégias, avaliação e frequência do uso delas nos momentos pedagógicos.

A objetivo da OEI é fornecer caminhos metodológicos e investigativos aos seus países membros, dos quais o Brasil faz parte, para a melhoria da educação escolar. Assim, a integração das TIC no âmbito educativo é uma das metas a alcançar dentro de seu projeto coletivo “Metas 2021: a educação que queremos para a geração dos Bicentenários”, impulsionado pelas últimas conferências ibero-americanas de ministros de Educação e aprovado na Cúpula de Chefes de Estado e de Governo, em reunião realizada na Argentina em dezembro de 2010.

Concretamente, as metas estabelecidas têm como objetivos conseguir uma melhoria na utilização de computadores nas escolas, bem como oferecer um currículo que incorpore, além da leitura, a utilização da informática no processo de ensino-aprendizagem para conseguir que no ano 2021 professores e alunos a utilizem de maneira regular.

As dimensões e metas para 2021 são importantes no que respeita à implementação de políticas da comunidade escolar, mas como o Brasil sempre deixa para trás estudos importantes que podem orientar na melhoria da educação escolar pública, também este ainda não chegou nas escolas indígenas. Um estudo desta magnitude é fundamental a qualquer escolar, no momento presente, por ser um forte agente da inclusão digital e por possibilitar o acesso ao maior número de pessoas às redes de informação e comunicação digitais e alinhar os processos formativos de acordo com a realidade atual.

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A escola, engajada numa proposta política de emancipação social, deve apropriar-se das tecnologias digitais para “potencializar a articulação entre informação, formação e reflexão, desde que utilizadas como ferramentas da comunicação entre os sujeitos” segundo o pensamento de Padilha & Aguirre (2010, p. 15). Portanto, não se trata apenas de introdução as novas gerações no mundo digital por meio de ações educativas formais, como colocado com preocupação por Baniwa, ao entendimento de que

não pode haver domínio e usufruto social da tecnologia sem educação de qualidade e adequada. O acesso aos instrumentos tecnológicos e digitais enquanto fonte de informação e o seu domínio devem ser tratados como direito básico do cidadão, incluindo os cidadãos indígenas, tratando-se, portanto, de objeto de políticas públicas (…) sem uma educação de qualidade e adequada, o acesso a recursos tecnológicos tornará os povos indígenas vítimas consumidoras da invasão de novas visões do mundo e do homem – ingerência e dominação – em detrimento das cosmologias indígenas que fundamentam, orientam e organizam a vida social, cultural, econômica e políticas dos diferentes povos” (Baniwa, 2006, p. 91).

Trata-se, sobretudo, do dever que o poder público tem de oferecer condições efetivas, via escolarização, para que um número maior de cidadãos tenha acesso às novas formas de comunicação, informação e produção, para que os indivíduos sejam produtores de informação e conhecimento, e não apenas, consumidores, pois só assim estes serão construtores de uma nova realidade.

Investigar através de uma pesquisa bem fundamentada nesse âmbito deve ser premissa básica a ser feita em todas as escolas brasileiras, sem deixar de fora as escolas indígenas, identificando suas assimetrias tecnológicas, suas necessidades e potencialidades pedagógicas relacionadas às TIC. Realizar essa investigação em todo território brasileiro é um grande desafio. Entretanto, podemos dar o primeiro passo e aplicá-lo a nível local e regional. Por isso, como ação inicial sobre a integração tecnológica no estado do Acre, será sugerido ao IFAC e aos parceiros do movimento educacional indígena, a formulação de uma pesquisa com as populações indígenas. Entendemos que será um estudo relevante para o Acre e para suas populações indígenas devido às escassas informações (em alguns povos mesmo inexistentes) a este respeito. Um estudo neste âmbito irá contribuir para nortear políticas de inclusão digital, formação e organização de escolas

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para alcance do desenvolvimento sustentável de quem usa as TIC para seus benefícios e projetos de vida, contribuindo para a melhoria da qualidade da educação, alinhada aos objetivos dos grupos e para a transformação digital que estes tempos societários requerem.