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Considerando um ambiente multiagente, onde coexistam vários agentes, ocorrerá uma interferência social entre estes, evidenciando a necessidade de utilização de aspectos mais complexos de coordenação e negociação.

Rezende (2005) elenca um resumo destes principais aspectos como Interferência Social; Autonomia, Delegação, Adoção, Compromisso e Cooperação; Negociação e Protocolos e Coordenação.

3.7.1 Interferência Social

Este aspecto presume que dois agentes coexistam no mesmo ambiente, cada um com seus próprios objetivos. O conceito de interferência Social nasce do preceito de efeitos da ação individual de um agente ajudar na obtenção dos objetivos do outro agente (CONTE & CASTELFRANCHI, 1992 apud REZENDE, 2005).

Ainda segundo o mesmo autor, a interferência social desta ação pode ser positiva ou negativa, aproximando ou afastando os agentes de seus objetivos e

ocorrendo como um fato objetivo, mesmo que os agentes envolvidos não conheçam os objetivos uns dos outros.

3.7.2 Autonomia, Delegação, Adoção, Compromisso e Cooperação

Ocorrendo a interferência social citada na seção anterior, possivelmente ocorrerá a alteração dos objetivos a serem atingidos por determinado agente ocasionada pela realização de determinada ação de outro agente. Nascendo a partir desta ocorrência o conceito de dependência, considerando que se o agente anteriormente citado fosse autônomo, esta dependência não existiria.

Esta situação é justificada através da Teoria da Dependência Social e da Teoria dos Mecanismos de Delegação e Adoção de Tarefas, estas foram esquematizadas por Castelfranchi (1997, 1998) e relacionadas com a área de Inteligência Artificial, apresentando a prerrogativa básica que todo indivíduo é dotado de um aparelho cognitivo constituído de:

- um conjunto de informações sobre si mesmo, o ambiente em que ele se encontra e os outros indivíduos que atuam nesse ambiente; esse conjunto de informações é dito ser o conjunto de crenças que o indivíduo tem sobre aqueles elementos;

- um conjunto de objetivos, que são situações (em si mesmo, no ambiente, nos outros indivíduos) que o indivíduo gostaria que se tornassem realidade; essas situações se caracterizam por presença/ausência de certos elementos, presença/ausência de certas propriedades em certos elementos, presença/ausência de certas relações entre certos elementos; - um conjunto de planos, ou estratégias, que são essencialmente uma indicação de seqüências de ações que possibilitam ao indivíduo, ao final da realização das mesmas, alcançar determinado objetivo; em geral, para cada objetivo, o indivíduo pode ter disponível um certo número de planos (incluindo o caso em que não dispõe de plano nenhum para alcançar um certo objetivo);

- um conjunto de ações que o indivíduo pode realizar sobre si mesmo (internamente), sobre o ambiente e sobre os outros indivíduos, de modo a transformá-los; estas ações podem ser incluídas nos planos do indivíduo, para auxiliá-lo a alcançar seus objetivos;

- um conjunto de sensações, ou percepções, que o indivíduo pode realizar sobre si mesmo (externamente), sobre o ambiente e sobre os outros indivíduos, de modo a obter informações sobre as situações em que esses elementos se encontram, em um determinado momento;

- um conjunto de valores que o indivíduo pode utilizar para avaliar ações, percepções, indivíduos e situações, de modo a auxiliar na sua tomada de decisão sobre as ações a realizar em cada instante;

- um procedimento de tomada de decisão que leve em conta os objetivos atuais do indivíduo, seus planos, crenças, possíveis ações e percepções, bem como o conjunto de avaliações realizadas, para deliberar sobre a seqüência de ações que o agente vai realizar, tendo em vista alcançar aqueles objetivos.

Traduzido de (CASTELFRANCHI, C; 1998, p.146-148, grifo nosso)

De forma sintética, a teoria afirma que o agente deverá racionar sobre a melhor forma de delegar a ação que necessita e que o outro agente deva estar consciente de que a realizará para que o primeiro consiga atingir seu objetivo, ou seja, denomina-se delegação de tarefa o ato pelo qual um indivíduo decide que determinada tarefa envolvida em um dos seus planos será realizada por outro indivíduo, que não ele próprio.

Quanto à adoção de tarefas, um agente pode utilizar sua influência para convencer outro a adotar seu objetivo de realizar determinada ação, proporcionando que o primeiro indivíduo decida aceitar a realização de determinada tarefa que lhe foi delegada e atinja seu objetivo. Para isto poderá ocorrer a cooperação se um agente realizar uma ação em troca. Rezende (2005) denomina esta situação de escambo social.

Por fim, o termo cooperação é comum em SMA, neste contexto significando que dois ou mais agentes tentam atingir conjuntamente um mesmo objetivo de forma consciente.

3.7.3 Negociação e Protocolos

Reporta-se à definição de negociação de Young (1991) para efeito de entendimento do significado implícito e explícito do termo:

Negociação é um processo de tomada de decisão conjunta. É comunicação, direta ou implícita, entre indivíduos que estão tentando chegar a um acordo para benefício mútuo. O significado original da palavra é simplesmente fazer negócios, mas negociação é também a atividade central na diplomacia, na política, na religião, no direito e na família. A negociação engloba conversações sobre controle de armas, a interpretação de textos religiosos e disputa de guarda de crianças. Todos negociam.

Para garantir a ocorrência do processo de negociação de forma automática é necessária a criação de protocolo de interação para garantir o sucesso da negociação. Para isto faz-se necessário estabelecer etapas bem definidas na troca de mensagem entre os agentes (REZENDE, 2005).

Atualmente, o interesse pela negociação entre agentes inteligentes tem registrado um crescimento significativo motivado por três razões. A primeira delas é o surgimento de diversas linguagens e padrões de comunicação que permitem diferentes organizações interagir em ambientes abertos em tempo-real e efetuar transações com segurança. A segunda razão para este crescimento de interesse na negociação advém da expansão do comércio eletrônico, com aumento das transações efetuadas via Internet. A terceira razão é a crescente pressão sobre a indústria para a criação de empresas virtuais enquanto alianças temporárias de pequenas empresas que, agrupadas, podem permitir realizar negócios que, de outra maneira, não lhes seria possível, sem com isso sofrerem os problemas típicos das grandes empresas.

Um protocolo de negociação específica as regras entre os diversos participantes da negociação, estabelecendo quais ações serão válidas no âmbito de cada processo de negócio. É evidente que face a determinado protocolo, cada um dos participantes utiliza a estratégia que lhe permita otimizar os resultados obtidos.

3.7.4 Coordenação

Coordenar as atividades de um composto de agentes constitui-se em tarefa árdua, com nível de dificuldade similar ao processo de negociação entre agentes que utilizam protocolos para esta atividade.

Na maioria dos casos em que ocorra interferência social e cooperação, os agentes devem se coordenar para realizar as ações, para Rezende (2005) a coordenação ocorrerá para:

• permitir a decisão da ordem de execução das ações; • definir qual agente realizará determinada tarefa;

• de qual forma ocorrerá a troca de mensagens sobre o resultado de execução das ações;

• como ocorrerá o acesso aos recursos escassos;

• como ocorrerá a alteração da prioridade de suas ações em função das ações dos outros agentes.

Uma solução que pode facilitar esta tarefa, ou ao menos, torná-la menos complexa é a definição de organizações de agentes, que, de forma simplificada, poderá ser entendida como um conjunto de restrições adotadas por determinado grupo de agentes, de forma a facilitar o atingimento de metas através de objetivos globais.