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6 Interação Farmacêutico-Utente-Medicamento

A farmácia é na maioria das vezes, o último local onde os cuidados de saúde são prestados ao utente. Sendo por isso primordial e fulcral que o farmacêutico preste a melhor indicação terapêutica possível e incentive o uso correto e racional da medicação. O farmacêutico deve ter sempre em mente não só o conhecimento técnico e científico mas também a moral necessária para uma boa prática farmacêutica. Segundo o Artigo 10º, do Código Deontológico da Ordem dos Farmacêuticos, “ a primeira e principal responsabilidade do farmacêutico é para com a saúde e o bem-estar do doente e do cidadão em geral, devendo pôr o bem dos indivíduos à frente dos seus interesses pessoais ou comerciais e promover o direito de acesso a um tratamento com qualidade, eficácia e segurança”. [76] A forma como é feito o atendimento ao utente vai influenciar a sua adesão à terapêutica. Muitas vezes é necessário motivar o utente à mudança de certos hábitos alimentares ou mesmo de estilo de vida que possam resultar tanto na toma da medicação, como num benefício para a sua saúde. Em consonância com as BPF, é da responsabilidade do farmacêutico a dispensa de medicamentos e outros produtos e cuidados de saúde, o fornecimento de informação adequada, o aconselhamento do utente, a monitorização do resultado terapêutico e o sigilo profissional. [64]

utente durante a prestação de cuidados de saúde. Cabe a este informar, motivar e sensibilizar o utente para o uso adequado do medicamento e para as vantagens de tomar os medicamentos de forma correta, relembrando os resultados prejudiciais do seu consumo inapropriado e em exagero, efeitos adversos, interações e contraindicações. O farmacêutico deverá garantir a existência de sigilio profissional, mesmo após a cessação do atendimento ao utente (artigo 10º Código Deontológico da OF). [76]

É de todo necessário que durante o atendimento o profissional de saúde tenha atenção às características de cada utente, e que utilize uma linguagem adequada, acessível e clara de forma a garantir que toda a informação é transmitida corretamente, sendo que para isso, possa fornece informação escrita, como folhetos, completando com a informação verbal previamente realizada. Deve durante o ato da dispensa, assegurar que o utente está totalmente esclarecido, registando as informações pertinentes na embalagem, sendo que o aconselhamento farmacêutico é especialmente importante em grupos de risco. Segundo o Artigo 36º, do Código Deontológico da Ordem dos Farmacêuticos, “nas relações com os utentes o farmacêutico deve observar a mais rigorosa correção, cumprindo escrupulosamente o seu dever profissional e tendo sempre presente que se encontra ao serviço da saúde pública e dos doentes”. [76] Deverá advertir em relação a qualquer necessidade de conservação e manuseamento especiais.

6.1 Farmacovigilância

As BPF designam Farmacovigilância como “a atividade de saúde pública que tem por objetivo a identificação, quantificação, avaliação e prevenção dos riscos associados ao uso dos medicamentos em comercialização, permitindo o seguimento dos possíveis efeitos adversos dos medicamentos”. [64]

O farmacêutico tem o dever de informar possíveis suspeitas de reações adversas que tenham ocorrido e que possam ter sido causadas por medicamentos. Quando detetada uma RAM (Reação Adversa ao Medicamento) esta deverá ser registada através do preenchimento de um formulário, que deve ser enviado posteriormente às autoridades de saúde, de acordo com os procedimentos nacionais de farmacovigilância.

A Farmacovigilância tem como objetivo melhorar a qualidade e segurança dos medicamentos, através da prevenção, deteção e avaliação das reações adversas destes. Uma reação adversa, pelo Estatuto do Medicamento, é “qualquer reação que conduza à morte, ponha a vida em perigo, requeira a hospitalização ou o prolongamento da hospitalização, conduza a incapacidade persistente ou significativa ou envolva uma anomalia congénita”. [66] É da

responsabilidade do farmacêutico notificar uma possível suspeita da sua existência o mais depressa possível.

O Estatuto do Medicamento institui INFARMED, com a tarefa de recolher toda a informação relativa a suspeitas RAMs. Estas vão sofrer posterior avaliação científica, tratamento e processamento, para que possam ser instauradas medidas de segurança adequadas para minimizar os riscos de uso dos medicamentos.

O INFARMED é a entidade responsável pela introdução dos medicamentos de uso humano no mercado e o seu devido acompanhamento, em colaboração com outros estados membros da União Europeia. Existe também, uma rede informática para facilitar a troca de dados de farmacovigilância de medicamentos introduzidos no mercado comunitário.

Os ensaios clínicos realizados antes da comercialização do medicamento expõem diversas limitações que não permitem a identificação de todas as RAM’s. Por isso, o perfil de segurança de um fármaco exige uma avaliação constante na fase de pós-comercialização. É carater obrigatório a apresentação ao INFARMED de relatório periódicos de segurança, fornecidos pelos titulares da AIM (Autorização de Introdução no Mercado), onde devem constar as reações adversas e a avaliação científica da relação benefício-risco do medicamento.

No decorrer do meu estágio não foi detetada nenhuma situação que justificasse este procedimento.

6.2 Medicamentos fora do uso

É importante a promoção de comportamentos ambientalmente saudáveis, principalmente na área de atuação farmacêutica, como o caso do medicamento, sendo por isso da responsabilidade do farmacêutico incentivar a utilização do VALORMED (Sociedade Gestora de Resíduos de Embalagens e Medicamentos, LDA) por parte do utente.

O VALORMED consiste num sistema responsável pela eliminação dos resíduos das embalagens dos medicamentos após consumo e, dos medicamentos fora de uso. Abrange todo o ciclo do medicamento, incluindo o consumidor, farmácias e industria farmacêutica. Para garantir a segurança da saúde pública, o destino final do circuito é a inceneração com aproveitamento energético.

Quando o VALORMED está cheio, é fechado e é preenchido o boletim que o acompanha, com o peso, número de código próprio de cada farmácia e o nome da farmácia. Aguarda-se

posteriormente que seja recolhido. É arquivada uma cópia da ficha do contentor, devidamente rubricada pelo operador e o transportador.