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5 CONTROLE E GESTÃO NA PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

5.3. D IAGNÓSTICO A NALÍTICO

5.3.4. Interação entre gestão e controle

5.3.4.1. Interação positiva

5.3.4.1.1. Licitação da Nova Central 156

O processo licitatório da nova Central 156 de atendimento foi um exemplo citado em entrevistas realizadas tanto na PMSP quanto no TCM. É considerada uma experiência que mobilizou gestores da SMG/PMSP e agentes de controle interno e externo na consecução de um objetivo comum, qual seja, a realização de um processo de contratação em conformidade legal e normativa, com termos que favorecessem a prestação de um serviço de boa qualidade e em condições de gerenciamento que preservassem o erário. As características da contratação eram particulares, e por isso inovadoras, pois envolviam a prestação de diferentes tipos de serviços (gestão de callcenter; melhoria de processos de trabalho e desenvolvimento e implantação de sistemas) não comumente contratados em conjunto por meio da modalidade pregão. A construção do edital requereu a realização de debates técnicos em várias instâncias. Foi um processo com diversas discussões internas, consultas públicas e instâncias recursivas, de onde emergiram divergências e argumentações técnicas de todas as partes (SMG, CGM e TCM), a fim de aprimorar o edital de licitação no que dizia respeito ao processo licitatório em si, mas também quanto aos cuidados para prevenir riscos ao gerenciamento da execução do objeto contratual. Ainda que tenha sido um processo que se tornou mais demorado que o desejado pela SMG/PMSP, a experiência foi considerada bem- sucedida por todos que a citaram, permitindo inclusive aos gestores da PMSP melhor compreensão da metodologia e da lógica de análise dos técnicos do TCM. Não obstante ter sido bem-sucedida, resta saber se a experiência colaborativa deixará como legado mecanismos aperfeiçoados de diálogo entre órgãos de gestão e de controle que facilitem a elaboração de futuros editais de licitações complexas.

5.3.4.1.2. Criação do Núcleo de Controle de Qualidade - NUCOQ/SMF

Outra experiência positiva resultante da interação entre controle e gestão foi a criação do Núcleo de Controle de Qualidade78, uma unidade da Secretaria Municipal de Finanças e

78 Decreto nº 57.229, de 18/08/2016. <http://legislacao.prefeitura.sp.gov.br/leis/decreto-57229-de-18-de- agosto-de-2016/> Acesso em: 13 set.2016

Desenvolvimento Econômico (SMF), voltada à melhoria dos processos de trabalho referentes às operações fiscais. O embrião deste núcleo nasceu da interação colaborativa da SMF com a CGM. Como resultado de uma auditoria interna, foi instituído pela Portaria Intersecretarial nº 1/2013 um Grupo de Trabalho formado por auditores fiscais destinado a auditar, revisar e efetuar lançamentos do imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS), ação que identificou irregularidades e ilegalidades que ficariam conhecidas como a “Máfia dos Fiscais do ISS”. Após o Grupo de Trabalho ter concluído sua missão e ser desmobilizado, a experiência suscitou por parte da SMF a criação do Núcleo de Controle de Qualidade (NUCOQ), com o objetivo de aprimorar as operações fiscais e prevenir a ocorrência de anomalias como aquelas identificadas pela auditoria da CGM. Este pode ser considerado um caso concreto de impacto positivo da ação de controle para a prática da gestão, pois resultou não só na revisão de procedimentos como também na reestruturação organizacional da SMF.

5.3.4.1.3. Sistema Átomo-Radar e Sistema Diálogo

O TCM dispõe atualmente de diversos sistemas de informações para dar suporte às ações de fiscalização. Dentre eles, dois sistemas, em particular, estão inseridos em distintos, mas igualmente relevantes, contextos de cooperação.

O Átomo-Radar é um sistema que integra dados da Junta Comercial do Estado de São Paulo (JUCESP), da Imprensa Oficial, do Sistema de Orçamento e Finanças (SOF) e do Sistema Municipal de Processos (SIMPROC), ambos da PMSP. Essa ferramenta, que começou a ser projetada em 2006, permite o acompanhamento da execução de todas as contratações realizadas pela PMSP, além de oferecer dados sobre o processo licitatório, cadastro das empresas, histórico de penalizações, composição societária, dentre outros. As opções de cruzamento de informações são inúmeras e proporcionam um acompanhamento quase em tempo real da execução dos contratos. Atualmente, está sendo preparada a integração com uma outra base de dados da PMSP, a do Sistema Eletrônico de Informações (SEI).

Essa realização do TCM tem rendido convites para apresentações a outros tribunais e também em eventos, como foi o caso do Congresso de Informática e Inovação na Gestão

Pública – CONIP, realizado em junho de 2016.

O sistema Diálogo, por sua vez, teve as suas primeiras tratativas realizadas no final de 2011 com a Auditoria Geral (AUDIG) da Secretaria de Finanças, órgão que cumpria as funções de controle interno antes da criação da CGM. O Diálogo, que entrou em operação em 2015, permite que o Tribunal encaminhe aos órgãos da Prefeitura, via web, as determinações oriundas do parecer de contas, dos relatórios de auditorias e demais documentos. A plataforma também permite que o auditado informe as medidas adotadas para cumprir as determinações. O gerenciamento do sistema é feito de forma conjunta pelo TCM e a CGM. O coordenador responsável enalteceu a parceria:

A CGM fez um excelente trabalho no ano passado. Se nós tivéssemos feito a mesma coisa, sem a Controladoria, não teríamos atingido o mesmo resultado em termos de cumprimento das determinações e adesão ao sistema. 100% das determinações tiveram alguma manifestação dos órgãos auditados [...]. Pessoalmente, sou entusiasta da criação da CGM. Em momento algum a CGM se furtou a colaborar de fato com o TCM. Sem medo de ser injusto, sem a CGM nós não teríamos atingido certos resultados.

A implementação do Diálogo se insere no contexto de atuação do controle externo em contribuição para o fortalecimento do controle interno, o que configura uma mudança significativa de paradigma para o Tribunal. Foi necessário inclusive que se construísse um arcabouço normativo para viabilizar a parceria. A proposta é dar ritmo e resolução ao processo, pois mesmo tendo havido 100% de adesão e manifestação por parte dos auditados, segundo o coordenador:

Existe um baixo índice de cumprimento das determinações. O que a gente não quer é que as determinações fiquem anos a fio sem cumprimento. Se não dá pra cumprir, vamos sentar e conversar.

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