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Como afirma Conceição Almeida em Ciclos e Metamorfoses (2003, p. 66), é “em meio ao calor das ideias (Morin) e das fagulhas de um conhecimento espermático (Atlan)” que o GRECOM se propõe a atuar. Para isso, lança mão de algumas estratégias, como os dias de estudo, as orientações individuais e coletivas, os seminários temáticos e as oficinas do pensamento.

DIAS DE ESTUDO

A atividade dos dias de estudo é a mais antiga realizada pelo GRECOM. Trata-se uma ágora importante, onde os pesquisadores, pós- graduandos, graduandos e visitantes discutem autores e obras com o propósito de servir como meta-argumentos, metapontos de vista e grandes matrizes teóricas para as pesquisas de todos, permitindo a construção de um argumento de base comum. É planejada de acordo com os temas de pesquisas que estão sendo desenvolvidos pelo grupo e prevê a leitura e discussão de obras sobre temas diversos e as ciências da complexidade.

Os primeiros encontros foram realizados ainda no Grupo Morin, ano de 1992, e tinha como horizonte a reflexão sobre o processo de produção do pensamento cindido pelo paradigma cartesiano. O objetivo central era deter-se sobre parte da obra de Edgar Morin, trazendo contribuições para os projetos pontuais de investigação dos pesquisadores do grupo.

Desde o ano de 1994, quando o grupo foi oficializado institucionalmente como base de pesquisa, o dia de estudo se constituiu como uma atividade constante e regular. Inicialmente, essa atividade era sempre coordenada por Ceiça Almeida. Com o passar dos anos, a coordenação passou a ser alternada entre professores e pesquisadores. Como está registrado no livro Ciclos e Metamorfoses, até hoje as sessões de estudo ocorrem quinzenalmente, quase todas as sextas-feiras. O calendário

é estabelecido pelo coordenador de cada ano, de modo que atenda aos interesses flutuantes do grupo.

Os temas escolhidos variam ao longo dos anos em função de sugestões de alguns pesquisadores que, por vezes, acham importante se deterem sobre obras e autores mais técnicos e conceituais, a partir da avaliação de fragilidades dos trabalhos escritos ou dos argumentos explicitados em discussões coletivas. Por outras vezes, em função dos temas que estão sendo pesquisados e que já foram analisados de forma mais ampliada e não puramente técnicas pelos autores.

É dessa perspectiva que, com o passar dos anos, os dias de estudo vão discutindo temas, conceitos e concepções de autores considerados centrais para o pensamento complexo e para as pesquisas desenvolvidas no GRECOM, como Henri Atlan, Edgar Morin, Werner Heisenberg, Conceição Almeida, Boris Cyrulnik, Gaston Bachelard, Ilya Prigogine, Isabelle Stengers, dentre outros.

As leituras propostas buscam esclarecer princípios orientadores do método complexo de pesquisa, tais como: o conceito de incerteza desenvolvido pelo físico Werner Heisenberg; a concepção de bifurcação e flutuação, abordadas pelo químico Ilya Prigogine; a banalização do método como estratégia ou a vontade de se tornar empírico; conteúdos complexos e epistemológicos, como os sete saberes, concebidos por Edgar Morin, e até mesmo a compreensão do que são as ciências da complexidade.

Os dias de estudo são exercícios de democracia cognitiva que visam socializar o conhecimento e torná-lo acessível a todos, sem distinção. Partindo da premissa de que o conhecimento existe para ser difundido, tenta-se reduzir o sentimento individualista de posse dos fenômenos estudados, dos argumentos construídos e do conhecimento produzido. Na busca de uma construção coletiva de conhecimento, garante que todos tenham nas mãos as mesmas ferramentas e cada um as adeque em função da curiosidade, da originalidade e do seu tema particular de pesquisa.

A mudanças e variações ocorridas na programação dos dias de estudo podem ser verificadas nos folders elaborados para divulgação dessa

atividade do GRECOM. A modificação das tonalidades expressivas fica por conta da dedicação de cada participante com o passar dos semestres. Por vezes, é preciso fazer a autocrítica e reconhecer que nem sempre os pesquisadores e convidados que comparecem às sessões fazem uma leitura atenta e cuidadosa, necessária para alimentar as discussões e o debate. Outras vezes, as discussões são tão ricas que valem mais do que grandes palestras ou a leitura da obra isoladamente.

Quadro 7 – Programação e coordenação dos Dias de Estudo

Ano Coordenação e programação de estudo

2000 Coordenação: Anne Garda e Ceiça Almeida O Método I e O Método II (Edgar Morin)

2001

Coordenação: Sônia Meire e Ceiça Almeida

A imaginação criadora e a imagem literária (Gaston Bachelard) O Método 4 (Edgar Morin)

A universalidade e a Reforma do Pensamento (Ceiça Almeida e Margarida Knobbe – Ciclos e metamorfoses)

Os sete saberes necessários à educação do futuro (Edgar Morin) Literatura e complexidade (Ítalo Calvino)

2002 Coordenação: Ceiça Almeida A nova aliança: a metamorfose da ciência (Ilya Prigogine e Isabelle Stengers)

2003

Coordenação: José Correia

Complexidade: caminhos – Dossiê Revista Cronos Uma ecologia humanista (Mauro Cerutti)

O livro do conhecimento (Henri Atlan)

Complexidade: movimentos – Dossiê Revista Cronos O Método 5 (Edgar Morin)

Edgar Morin/Trin Xuan Thuan (Entrevista Nomes de Deuses)

Paul Ricoeur/André Comte-Sponville (Entrevista Nomes de Deuses) Filme: Existenz

Ilya Prigogine/ Hubert Reevers (Entrevista Nomes de Deuses) Vivência (Maria Fernanda Cardoso e Maurício Panela)

2004

Coordenação: Josineide Silveira e Sérgio Moraes Educar na era planetária (Edgar Morin)

Cibernética e sociedade (Norbert Wiener) O nascimento do tempo (Ilya Prigogine) O que é vida? (Erwin Schrödinger) Cartas a Spinoza (Nise da Silveira)

Apresentação cênica do livro “A roda da ciência” (Paul Caro) A inteligência da Complexidade (Edgar Morin)

Filmes: Sansara, Dolls e Narradores de Javé

2005

Coordenação: Ceiça Almeida e Alex Galeno Terra-Pátria (Edgar Morin)

O homem e a morte. (Edgar Morin)

Cinema ou o Homem imaginário. (Edgar Morin) Método 1 (Edgar Morin)

Política do Homem. (Edgar Morin) Política da Civilização. (Edgar Morin)

Os Sonhadores, filme de Bernardo Bertolucci.

2006

Coordenação: Wani Fernandes e Alex Galeno E por falar em complexidade...

O Método 4 (Edgar Morin) Os patinhos feios (Boris Cyrulnik) Filme: Habla con ella

Diálogo sobre a condição humana (Edgar Morin e Boris Cyrulnik) Filme: A pessoa nasce para o que é

O murmúrio dos fantasmas (Boris Cyrulnik)

Memórias de minhas putas tristes (Gabriel García Márquez) Jogos da Natureza (Mário Novello)

Os sonhos de Einstein (Alan Lightman) O pai Goriot (Balzac)

Monoculturas da Mente (Vandana Shiva) A ciência é inumana? (Henri Atlan)

2007

Coordenação: Wani Pereira e Samir Cristino Filme: Narradores de Javé

A ciência em ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora (Bruno Latour)

Para sair do século XX (Edgar Morin) Filme: Babel

Clarice Lispector Spinoza

Blaise Pascal Ítalo Calvino Pai Goriot (Balzac) Hanna Arendt

2008

Coordenação: Wani Pereira Tristes Trópicos (Lévi-Strauss) O Método 5 (Edgar Morin)

A questão da técnica (Martin Heidegger) O caçador de pipas (Khaled Hosseini) Filme: Uma mente luminosa (Edgar Morin) O Método 2 (Edgar Morin)

Filme: Do mundo nada se leva (Frank Capra) Emílio (Rousseau)

Ciência, arte e literatura (Mesa redonda) 2009 Coordenação: Dalci Cruz

Nostalgia do absoluto (George Steiner) Emílio (Jean J. Rousseau)

Meus Demônios (Edgar Morin)

Filhos do Céu (Edgar Morin e Michel Cassé) O Método 4 (Edgar Morin)

Lições de mestres (George Steiner)

Estructura simbólica del poder sociales (Harry Pross) Políticas da natureza (Bruno Latour)

Educação perto da Natureza (Celestin Freinet) O suplício de Papai Noel (Claude Lévi-Strauss)