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Interdisciplinaridade no cuidado integral e adesão ao medicamento à paciente com câncer de mama

A gestão de câncer é altamente complexa, exigindo uma elevada compreensão da biologia do câncer e conhecimento das opções de tratamento, ou seja, com seus riscos específicos e benefícios, e a capacidade de fazer recomendações personalizadas sobre esses tratamentos, levando em consideração as comorbidades e preferências individuais que são únicas para cada paciente. A assistência ideal e otimizada do paciente necessita de uma lista crescente de habilidades de cuidados de suporte, incluindo a avaliação abrangente dos sintomas e tratamentos, aconselhamento, comunicação, planejamento da assistência, e de fim de vida. Os sobreviventes de câncer, como resultado de seus tratamentos, sofrem com déficits de saúde, fisiológicos (Figura 2) e psicossociais; e também necessitam de cuidados em saúde e acompanhamento profissional especializado (HUI et al., 2015; WALLACE et al., 2015).

Figura 2. Efeitos fisiológicos em pacientes oncológicos

Fonte: Adaptado pelo autor através de WALLACE et al., 2015.

Profissionais de saúde trabalham em equipe para prestar cuidados e apresentam potencial para melhorar o valor dos cuidados. Há uma variedade de terminologia utilizada para descrever acordos de colaboração de trabalho entre profissionais como: interdisciplinar, interprofissional, multiprofissional e multidisciplinar. Inter/multidisciplinar são muitas vezes utilizados para descrever a contribuição de várias disciplinas, mas na verdade, descreve um contínuo envolvimento das disciplinas e incluem todos os membros da equipe de saúde, incluindo os profissionais e não profissionais. Os termos inter/multiprofissional são geralmente mais estreitos e referem-se a equipes compostas exclusivamente por profissionais de diferentes profissões ou disciplinas (CHAMBERLAIN-SALAUM; MILLS; USHER, 2013; NANCARRON et al., 2013).

O conceito de equipe interdisciplinar é:

Um processo dinâmico que envolve dois ou mais profissionais de saúde com formação e competências complementares, compartilhando objetivos comuns de saúde e que exercem esforço físico e mental concertada na avaliação, planejamento, ou que avaliem o atendimento ao paciente. Isto é conseguido através da colaboração interdependente, comunicação aberta e de tomada de decisão compartilhada. Este,

por sua vez, gera paciente de valor acrescentado, resultados organizacionais e de pessoal. (NANCARROW et al., 2013, p. 13).

A inserção da equipe interdisciplinar na saúde apresenta benefícios no cuidado ao paciente. As equipes de pessoas de diferentes disciplinas que trabalham juntas podem melhorar os processos de trabalho e os resultados de atendimento ao paciente, fornecendo uma melhor coordenação dos cuidados, maior foco na resolução cooperativa de problemas e tomada de decisão, e um compromisso de cuidados ao paciente centrada, englobando: sistema de saúde, prestadores de cuidados de saúde e pacientes. O valor do cuidado ao paciente e aos profissionais de saúde é otimizado quando estes trabalham em equipes (CHAMBERLAIN-SALAUM; MILLS; USHER, 2013; SIBBALD et al.; 2013; NENHOUSE; SPRING, 2010).

A Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer apresenta intuito de reduzir a mortalidade e a incapacidade causadas pelo câncer e ainda a possibilidade de diminuir a incidência de alguns tipos de neoplasias, bem como contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos usuários com esta patologia, um dos princípios e diretrizes está relacionado ao cuidado integral e atendimento multiprofissional a todos os usuários com neoplasia, com oferta de cuidado compatível a cada nível de atenção e evolução da doença;

Fazem parte do cuidado integral a prevenção, a detecção precoce, o diagnóstico, o tratamento e os cuidados paliativos, que devem ser oferecidos de forma oportuna, permitindo a continuidade do cuidado, estes devem ser baseados em evidências científicas. A Figura 3 representa, esquematicamente, os pontos de assistência que fazem parte da linha de cuidado, desde o rastreamento e diagnóstico precoce até o tratamento (BRASIL, 2013; PETERS, 2013).

Figura 3. Linha do Cuidado no Câncer

Fonte: Adaptado de Peters (2013).

Os médicos têm um impacto significativo da adesão do paciente, em que a relação médico-paciente e a gestão de efeitos adversos podem atenuar ou exacerbar a não adesão.

Favorece a prática da adesão, ter-se entre médico-paciente uma relação de cooperação, em que através da perspectiva do paciente, este incorpora os fatores que determinam o cumprimento da terapia. O médico deve envolver-se com a paciente e comunicar-se com ela para motivá-la a tomar a medicação corretamente; podendo fornecer conselhos práticos para facilitar a adesão. Os fatores que podem levar a ineficaz comunicação entre médico-paciente são: informação inadequada sobre a importância do tratamento, efeitos adversos de medicamento ou tratamento, as hipóteses de recuperação, alternativas de tratamento, etc.; ou uma falta de satisfação com o médico, pode levar a paciente a questionar suas decisões.

Observou-se menor probabilidade de adesão entre as mulheres que não tiveram consultas com mastologista ou oncologista (BRITO; PORTELA; VASCONCELLOS, 2014; KOSTEV et al., 2014).

Os enfermeiros no atendimento deverão estar atentos as pacientes e identificar as mulheres em risco por não adesão ao tratamento, informando aos demais profissionais de saúde da equipe interdisciplinar, que através de decisão compartilhada deverão realizar monitoramento e intervenções focadas nestas pacientes. Pacientes oncológicos apresentam dificuldades sociais, pela necessidade de entrar em licença pela doença e perda financeira. As intervenções da assistência social são atuantes neste contexto social englobando as questões

financeiras, minimizando as consequências da doença e melhorando a qualidade de vida (CLÉMENCE et al., 2014). As mulheres com menos apoio social dos profissionais de saúde apresentam maior probabilidade de serem não aderentes (BENDER et al., 2014).

As intervenções da psicologia visam melhorar a adaptação psicológica do paciente frente ao estresse do diagnóstico e tratamento ocasionando a melhora dos comportamentos de saúde, tais como o exercício físico, dieta, sono e adesão à medicação (MICHAEL, 2015).

Brito, Portela, e Vasconcellos (2014) mostram uma menor frequência de adesão entre as mulheres que não receberam apoio da psicoterapia ou do profissional terapêutico.

Os farmacêuticos estão bem posicionados para melhorar a adesão à medicação com uso de ferramentas benéficas, aumentando a educação do paciente, auxiliando-lhe a superar barreiras da adesão à terapia. A educação do paciente garante o uso correto dos medicamentos e minimiza os problemas relacionados a ele e a partir do momento que este apresenta conhecimento, aumenta sua participação ativa no tratamento e na sua adesão, ocasionando melhores resultados. O aconselhamento realizado por farmacêuticos podem melhorar a adesão à medicação e persistência ao tratamento (HORVAT; KOS, 2015; XIN et al., 2015; VOLINO et al., 2014).

Figura 4. Interdisciplinaridade que contribuem positivamente à adesão.

Fonte: Realizado pelo autor

No contexto da presente pesquisa, com o objeto do estudo estimar os efeitos da atividade farmacêutica de educação sobre o conhecimento farmacoterapêutico e comportamento de adesão ao medicamento TAM em pacientes com CM, a relação interdisciplinar se faz presente (Figura 4) à medida que para o diagnóstico, tratamento e controle de todas as variáveis, há necessidade da ação de profissionais da saúde de diferentes áreas da saúde como medicina, enfermagem, farmácia, psicologia e assistente social para que se atinja o objetivo final. Dessa forma, fica enfatizado que as diferentes esferas de saberes e práticas completam-se e proporcionam ao paciente o cuidado integral, oferecendo-lhe um tratamento amplo, completo e individualizado.

3 OBJETIVOS

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