• Nenhum resultado encontrado

Interdisciplinaridade entre Educação Tecnológica e as diversas disciplinas

Capitulo II – Aplicação de práticas interdisciplinares em Educação Tecnológica

2.3. Interdisciplinaridade entre Educação Tecnológica e as diversas disciplinas

A Educação Tecnológica, enquanto disciplina do ensino básico, é organizada como uma área vertical, ou seja a lecionação da disciplina de Educação Tecnológica é organizada a nível de conteúdos de forma sequencial desde o primeiro ano do ensino básico até ao final deste. Fazendo uma análise por ciclos de ensino, podemos referir que, no 1º Ciclo, as componentes curriculares são transversais em todo o currículo. No 2º Ciclo, os elementos curriculares da disciplina de Educação Visual e Tecnológica são organizados de forma circular, “sendo caracterizados pela integração domínios da expressão plástica, e de comunicação visual, da compreensão, comunicação e realização tecnológica e do planeamento, dos métodos e do desenvolvimento pessoal”. Por fim, no 3º Ciclo, a disciplina, enquanto área autónoma, assume uma estrutura curricular própria, onde é regida por uma panóplia de conteúdos específicos orientados

por competências essenciais, devendo ser a sua lecionação minuciosamente planificada (Ministério da Educação, 2001, p. 10).

A educação Tecnológica deverá atravessar horizontalmente todo o currículo escolar e verticalmente todos os ciclos do sistema de ensino correspondendo ao lançamento de pontes entre ensino básico, o ensino secundário e o ensino superior politécnico valorizado (Nogueira, 1998, p. 32).

A disciplina de Educação Tecnológica, dada a grande abrangência de conteúdos e diversidade de áreas apela, em si mesma, à interdisciplinaridade. Os professores que lecionam a disciplina apresentam formações iniciais diversificadas, contudo, encontram afinidades com os conteúdos e com o programa, assim como na exploração dos conteúdos uma forma de implementação de práticas e projetos interdisciplinares.

Perante a natureza interdisciplinar dos domínios de conhecimento da disciplina de Educação Tecnológica, esta leva a uma construção de conceitos, procedimentos e valores. Esta validade curricular só se verificará na elaboração do pensamento e ação tecnológica (Ministério da Educação, 2001).

Nas escolas, as políticas educativas têm uma orientação interdisciplinar. As mesmas estão conscientes da necessidade de se utilizarem práticas interdisciplinares.

Quando se fala de Interdisciplinaridade na área de Educação Tecnológica, nem tudo se concretiza da melhor forma, aparecem sempre obstáculos e dificuldades. Se tivermos em consideração alguns fatores decorrentes das funções dos docentes, verificamos que nem tudo favorece a prática de interdisciplinaridade, nomeadamente a formação específica do professor numa determinada área, os horários completos com tempos divididos entre várias turmas e cargos, e os programas que tem que seguir uma determinada lógica e organização curricular. Reassumindo a ideia de que os professores possuem formação académica diversificada, a disciplina de Educação Tecnológica exige do docente uma capacidade de abrangência muito grande nas diversas áreas do conhecimento, o que por vezes se reflete na elaboração de projetos (Pombo, 1997).

Segundo Lourenço (1998), há muitos anos que os professores tentam com que exista uma maior abrangência comum dos conteúdos disciplinares, usando a colaboração e trabalho conjunto, tendo por finalidade o desenvolvimento de competências que isoladamente não seriam de todo realizáveis.

epistemológico e filosófico é ainda reduzido. Os estudos realizados sobre a sua aplicação conduzem a uma diversidade de resultados (Pimenta, 2004).

Em Educação Tecnológica é usual o recurso de práticas interdisciplinares. A disciplina recorre muitas das vezes à realização de projetos técnicos, e para a sua consecução, é necessário no seu desenvolvimento uma organização onde todos os intervenientes sejam peças ativas nesse mesmo processo. A interdisciplinaridade carece de uma constante aprendizagem para a resolução dos problemas que vão aparecendo, com o constante inter-relacionamento de saberes oriundo de outras disciplinas (Azevedo, 1991).

Falando de interdisciplinaridade em Educação Tecnológica, pressupõe- se uma atividade realizada entre duas ou mais disciplinas. A atividade será considerada um todo, de forma unitária, coerente, concebida, realizada e avaliada em comum. O aluno deverá formar uma visão global, ou seja, a procura de um conhecimento contruído e fundamentado por ele próprio (Lourenço, 1998).

Para que o trabalho realizado seja coerente com as disciplinas que lhe dão vida e seja um todo, completo e articulado, é preciso que seja um trabalho de equipa e não um conjunto de disciplinas ou de professores a trabalhar individualmente para uma finalidade em comum (Lourenço, 1998, p. 95).

O programa de Educação Tecnológica é um programa flexível e de larga polivalência com base na teoria e prática e no desenvolvimento de projetos tecnológicos em contexto educativo (Porfírio, 1992, p. 13).

A disciplina de Educação Tecnológica no 3º Ciclo está estruturada em temas ou conteúdos relevantes. Perante esta análise, alguns autores foram efetuando o cruzamento de conteúdos com outras áreas disciplinares, onde se pudesse apresentar alguma interdependência ou relação de práticas interdisciplinares (Porfírio, 2002).

Sendo a Educação Tecnológica baseada na metodologia de projeto, onde este deve estar estruturado nas suas diversas fases metodológicas: situação, problema, investigação, projeto, realização, avaliação/testagem; caberá ao professor que atuar numa perspetiva interdisciplinar, onde deverá dominar os conteúdos e, sempre que necessário, deverá recorrer a outras disciplinas para exploração da temática a desenvolver (Cordiolli, 2002).

Perante a prática de projetos interdisciplinares, e tendo por base os conteúdos da disciplina e as orientações curriculares, há autores que deixam alguns pontos de referência para práticas interdisciplinares com outras disciplinas a saber:

Educação Tecnológica

Temas / Conteúdos relevantes Articulações interdisciplinares Tecnologia e Sociedade:

 Tecnologia e consumo

Geografia – a população e o povoamento; áreas de fixação humana e relação com o consumo.

L.E. – hábitos consumistas dos franceses e dos ingleses; vocabulários de origem estrangeira e de uso frequente no âmbito da tecnologia. Processo Tecnológico:  Objecto técnico  Planeamento e desenvolvimento de produtos e sistemas técnicos

Educação Visual – desenho à mão livre/esboços.

Língua Portuguesa – vocabulário específico da tecnologia (registos de língua).

Matemática – cálculo e medição; construção de polígonos e diversos materiais manipuláveis em diferentes suportes; construção de instrumentos de desenho e medição.

Ciências da natureza. – o ambiente e as formas de o preservar, usando a tecnologia.

Conceitos, princípios e operadores tecnológicos:  Estruturas resistentes  Movimento e mecanismos  Acumulação e transformação de energia  Regulação e controlo  Materiais  Fabricação - Construção  Sistemas tecnológicos

Físico-Química –os materiais e as suas propriedades; a energia.

História – os utensílios usados pelas sociedades recolectoras e produtoras; representação em maqueta de uma aldeia neolítica.

(Porfírio, 2002, p. 47)

O professor de Educação Tecnológica, para além de estar atento aos interesses dos alunos, deverá também ser o responsável pela coerência e manutenção de um projeto. Atendendo às orientações curriculares e usando para a sua concretização todos os meios ao seus dispor, este deverá ser encarado como se fosse um trabalho real, inserido em contexto real (Aires & Cruz, 2002).

A Educação Tecnológica surgiu como fonte de formação básica e integral de todos os cidadãos. Azevedo (1991) também reforça esta ideia do “saber-fazer”, mas para além disto defende também que os futuros profissionais sejam educados para as atitudes e comportamentos de análise do trabalho.

2.4. PROJETOS DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA QUE VISAM PRÁTICAS