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INTERFACE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO E MUSEOLOGIA: UMA RELAÇÃO DE DIÁLOGO DISCIPLINAR

2 INFORMAÇÃO: A MATERIALIZAÇÃO DO CONHECIMENTO, O DOCUMENTO

2.2 AS INTERFACES DIALÓGICAS NA CONSTITUIÇÃO DA CIÊNCIA DA

2.2.1 INTERFACE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO E MUSEOLOGIA: UMA RELAÇÃO DE DIÁLOGO DISCIPLINAR

Le Coadic enumera quatro disciplinas que até os dias atuais operam “no campo da informação – a biblioteconomia, a museoeconomia, a documentação e o jornalismo” (LE COADIC, 2004, p. 12). O autor destaca que por bastante tempo essas disciplinas se voltaram mais para a preservação dos suportes informacionais do que com a informação como objeto de estudo, a exemplo disso acrescenta: “[...] o livro na biblioteca e o objeto no museu foram durante muito tempo recolhidos, armazenados e preservados por um conservador, com o fim único de preservação patrimonial” (LE COADIC, 2004, p. 12). Com o passar dos anos e a evolução dos enfoques de pesquisa a informação ganhou destaque nos estudos dessas disciplinas.

A Museologia busca um diálogo disciplinar (LIMA, 2008) com outras áreas para construir novos conceitos dentro de sua especificidade. Procurando agregar contribuições de

outras áreas para melhor conceber os estudos sobre as exposições (CURY, 2004; LOUREIRO; LOUREIRO; SILVA, 2008).

Pode-se afirmar que há um crescente interesse tanto na Ciência da Informação quanto na Museologia por essa relação dialógica, especialmente no que diz respeito aos estudos voltados para as exposições museológicas, uma vez que a estas têm suscitado enfoque de “distintas áreas” (LOUREIRO, 2007; LIMA, 2008). Especialmente no interesse da Ciência da Informação pelo tratamento dado a informação no âmbito do espaço museal. Isso porque as indagações referentes “à coleta, preservação e difusão da informação/objeto museológico encontram na Ciência da Informação um lócus apropriado para [...] análises de natureza interpretativa [...]” (LOUREIRO, 2000, p.91) o que evidencia o interesse da CI nas práticas informacionais museológicas, e com isso, no discurso museológico de uma instituição museal. Segundo Moraes (2008, p.2) “as exposições museológicas, direta ou indiretamente despertam interesse de disciplinas distintas. Isto porque, [...] a exposição é o principal meio de comunicação do museu com o público”. A partir dessa afirmação pode-se perceber a relação dialógica entre a Ciência da informação e Museologia especialmente nos aspectos que ressaltam os estudos em torno “do processo que envolve as exposições e como este pode atuar em estruturas cognitivas” (MORAES, 2008, p.2).

Moraes (2008) destaca também as interligações entre a Ciência da Informação e a Museologia no âmbito acadêmico da pesquisa na pós-graduação ressaltando que tanto a Ciência da Informação quanto a Museologia “são disciplinas que, em geral, estão inseridas nas chamadas Ciências Sociais Aplicadas. A relação entre ambas é tema de estudos, seguindo diferentes abordagens, tanto na Ciência da Informação quanto na Museologia” (MORAES, 2008, p.7).

Moraes (2008) chama atenção para o fato de que essas áreas têm a informação como foco de interesse, no entanto, destaca que as diferenças entre os campos estão no tipo de indivíduos que se propõem a atender, ou seja, do tipo de necessidades informacionais diversificadas por seus usuários.

Lima (2008) aponta em artigo fruto de sua tese a relação de diálogo disciplinar entre a Ciência da Informação e a Museologia, ressaltando que essa relação vem “desde o processo de formação das disciplinas” (LIMA, 2008, p.2), destacando três perspectivas que permitem demonstrar como se dar essa relação:

a. O contexto conceitual da Ciência da Informação;

b. O contexto da Museologia, onde essa relação se configura “na prática compartilhada do saber dos profissionais” (LIMA, 2008, p.3), que atuam e interagem no museu e com a informação museológica;

c. O contexto do âmbito acadêmico.

Lima (2008) e também Moraes (2008) destacam que a relação disciplinar dialógica entre a Ciência da Informação e a Museologia, no contexto conceitual da Ciência da Informação, é apontada pela primeira vez por Wersig e Neveling no fim de um artigo publicado em 1975 onde tratavam das disciplinas que se relacionavam com o que chamaram de “fenômeno informação” neste artigo apresentam um quadro que compreende a Teoria Geral da Informação e colocam a Museologia unida as disciplinas daquela que chamam de Ciências da Informação, composta também pela “Ciência da Informação, a Biblioteconomia, a Arquivologia, a Comunicação e a Educação” (LIMA, 2008, p.3).

Destacando os estudos de Buckand e Liu (1995) que mencionam o interesse da Ciência da Informação pelos museus, especialmente “os aspectos educacionais, políticos, sociais e técnicos” (LIMA, 2008, p.3) empregados no museu, ou seja, as atividades museológicas.

E, ainda, podem-se mencionar os estudos de Pinheiro e Loureiro (1995) e de Pinheiro (1999) os quais convergem para confirmar a relação disciplinar entre a Ciência da Informação e a Museologia.

No âmbito do contexto da Museologia, há confirmação da relação dialógica entre os profissionais de museu e outros profissionais que atuam com a guarda ou recuperação da informação, tais como os bibliotecários, os arquivologistas e os demais profissionais que trabalham em “serviços de comunicação ou de informação e, ainda, nos setores de registro e documentação” (LIMA, 2008, p.6).

Pinheiro (2008) demarca as primeiras ações de diálogo disciplinar entre a Museologia e a Ciência da Informação, através da linha de pesquisa Informação em Arte no IBICT e do primeiro mestrado em Museologia e Patrimônio do Brasil e da América Latina – UNIRIO/MAST.

No quadro elaborado pela autora em 2007 a Museologia aparece relacionada com a Ciência da Informação, especialmente, em determinados estudos, tais como nos relacionados às Necessidades e usos da Informação e a Representação da Informação (PINHEIRO, 2008).

Carvalho (2006) analisando o sistema de informação no contexto do museu aponta a inter-relação entre a Ciência da Informação, a Comunicação e a Museologia, destacando os estudos sobre o uso das TIC‟s e a informação no contexto do museu. E aponta ainda as pesquisas de Rose Miranda (2001) sobre os conteúdos informacionais de sites de museus no Brasil.

Já Almeida (2006) destaca as interfaces entre os museus e as bibliotecas, enfatizando os procedimentos de “produção e circulação da informação” museológica.

Há, portanto, uma preocupação de se compreender o caráter informacional do processo que constrói as exposições museológicas tanto por parte da Ciência da Informação como pela Museologia. E os estudos sobre as interfaces de ambas as áreas terem se aprofundado nos últimos anos.

2.2.2 A SEMIÓTICA PEIRCEANA E AS INTERFACES COM A CIÊNCIA DA