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Capítulo 1: Arcabouço Teórico

1.3 O computador e o ensino-aprendizagem de inglês

1.3.2. Internet

No Brasil, a internet chegou em 1988, trazida pela FAPESP, pela Universidade do Rio de Janeiro e pelo Laboratório Nacional de Computação Científica. Sua exploração foi iniciada em dezembro de 1994, a partir de um projeto piloto da Embratel. Desde então, esse meio de comunicação tem se expandido de maneira impressionante, tornando o acesso mais ágil e abrangente (Braga Norte, 1997).

Masetto (2001) afirma que a internet é um recurso dinâmico, atraente, atualizado, de fácil acesso, que possibilita o ingresso a um número ilimitado de informações, possibilitando o contato do usuário com bibliotecas do mundo inteiro, centros de pesquisa, com pesquisadores e especialistas nacionais e internacionais, com periódicos de diversas áreas de conhecimento. Portanto, pode ser entendida como um importante recurso para a aprendizagem, já que possibilita leituras, buscas de informações, pesquisas, comparações, análises, críticas e organizações de dados.

Vilela (2001) aponta que o desafio para o professor de LE é proporcionar aos alunos oportunidades reais, autênticas para interagir na língua-alvo. Nesse sentido, o computador tem um papel importante na tentativa de colaborar com materiais mais autênticos na sala de aula. Nenhuma inovação tecnológica teve o impacto ou o potencial para interação como a internet, seja de maneira síncrona ou assíncrona, portanto, caracteriza-se como uma ferramenta preciosa para professores de segunda língua, bem como de língua estrangeira, possibilitando que os mesmos: façam com que seus alunos interajam com falantes de língua inglesa, nativos ou estrangeiros, e tenham contato com textos autênticos; forneçam oportunidades aos alunos de se

comunicarem e interagirem na língua-alvo em atividades reais de comunicação; e tenham ferramentas para criar atividades interativas motivadoras.

No entanto, é necessário que se aprenda a utilizar a internet. O professor precisa orientar seus alunos a direcionar o uso desse recurso para as atividades de pesquisa, de busca de informações, de construção do conhecimento e de elaboração de projetos, para que possam produzir trabalhos que sejam objetos de reflexão e de discussões em grupo e não apenas cópias de textos já escritos (Masetto, 2001).

A internet surgiu para a comunicação e continua sendo um meio revolucionário, já que permite que os usuários transmitam mensagens, fotos e vídeos para qualquer local do mundo em tempo real. Também possibilita discussões on-line, videoconferências e cursos à distância. Assim, o futuro da Educação encontra-se, a cada dia, mais relacionado à comunicação digital (Gasperetti, 2001).

Enfatizo, no entanto, que neste trabalho a internet não foi utilizada como meio de comunicação interpessoal ou para o ensino à distância, mas como fonte de informação para o ensino presencial, já que a professora e o grupo de alunos estavam presentes no laboratório de informática em todas as aulas analisadas. Em parte das aulas ministradas no L utilizei sites (vide Anexo) como fonte de informação para que os alunos pudessem desenvolver tarefas comunicativas, com foco na interação oral. Objetivava que os aprendizes se comunicassem na língua-alvo, planejando o que fariam e buscando as informações que necessitassem na internet.

Em síntese, de acordo com Moran (2001) ensinar com as novas mídias pode representar uma “revolução” no ensino se os paradigmas convencionais, que mantêm distantes professores e

alunos forem modificados. Caso contrário, seria dado apenas um verniz de modernidade, sem alterar o essencial. Portanto, ratificando as palavras de Behrens (2001, p.99),

os recursos informatizados estão disponíveis mas dependem de projetos educativos que levem à aprendizagem e que possibilitem o desenvolvimento do espírito crítico e de atividades criativas. O recurso por si só não garante a inovação, mas depende de um projeto bem arquitetado (...).

Durante o módulo ministrado, os alunos utilizaram a internet como fonte de informação. Alguns sites foram propostos por mim e outros, escolhidos pelos aprendizes. Muitos sites os levaram a diversos outros por meio de links presentes nos hipertextos, além dos sites sugeridos em sistemas de busca, como www.google.com, por exemplo.

Sugeri sistemas de busca de informação na internet, por estar de acordo com Gasperetti (2001), quando diz que o ciberespaço é um mundo ilimitado em construção, arquitetado por muitas notícias e que os sistemas de buscas possibilitam organizar o “caos”, já que estão em constante evolução, sendo capazes de procurar informações desconexas em vários bancos de dados e, em pouco tempo, oferecer uma lista de sites, disponibilizando informações que interessem.

Moran (2001) diz que utilizando a internet em “aulas-pesquisa”, há a possibilidade de transformar uma parte da aula em processos de informação, comunicação e pesquisa, por meio dos quais o professor (coordenador, facilitador) e os alunos (participantes ativos) procuram novas informações, trabalhando um determinado tema, pesquisando em pequenos grupos.

Nesse sentido, esse autor (op. cit.) propõe que os alunos, ao pesquisarem, gravassem os endereços, os artigos e as imagens mais interessantes em disquete, fazendo também anotações

escritas sobre o que estivessem salvando. Enquanto isso, o professor estaria incentivando o intercâmbio constante de informações e a comunicação dos resultados da pesquisa, para que todos pudessem se beneficiar. Os alunos aprenderiam colaborando, cooperando entre si e, posteriormente, comunicariam os resultados da pesquisa. A professora exerceria o papel de coordenadora, motivadora, e elo do grupo; permanecendo atenta às descobertas, às dúvidas, ao intercâmbio de informações, à comunicação entre os alunos, ajudando, problematizando, incentivando, relacionando. Alunos e professora poderiam interagir perguntando, complementando idéias, enfim, participando. A professora ajudaria a contextualizar e ampliar o universo alcançado pelos alunos; a problematizar; a descobrir novos significados no conjunto das informações trazido pelos alunos.

Moran (op. cit., p.49) afirma que “a internet favorece a construção cooperativa, o trabalho conjunto entre professores e alunos, próximos física ou virtualmente”. O autor acrescenta que uma maneira de se trabalhar colaborativamente é criando uma página dos alunos na internet, como um espaço virtual de referência, onde se pode incluir o que acontece de mais importante no curso, como textos, endereços eletrônicos, análises, pesquisas etc., bem como pode servir de ponto de comunicação virtual. Dessa maneira, seria possível “integrar as dinâmicas tradicionais com as inovadoras, a escrita com o audiovisual, o texto seqüencial com o hipertexto, o encontro presencial com o virtual” (Moran, op. cit., p.50).

Essa perspectiva de Moran (2001) coincide com a visão de Warschauer (2000) de CALL Integrativo.

No entanto, é preciso tornar viável o acesso freqüente de professores e alunos às novas tecnologias, notadamente à internet, havendo salas de aulas conectadas e adequadas para

pesquisa, ou laboratórios bem equipados. Além disso, professores e alunos precisam se familiarizar com o computador, seus aplicativos e com a internet, aprendendo a utilizá-los, dominando as ferramentas da web, do e-mail, aprendendo a pesquisar, a participar de listas de discussão, e a construir páginas. Ademais, torna-se imprescindível que os professores aprendam a utilizar pedagogicamente a multimídia on-line (internet) e off-line (softwares). (Moran, op. cit.)

Para tanto, é preciso que os cursos de licenciatura insiram no currículo disciplinas que visem ao letramento eletrônico10 dos futuros professores, bem como a prática de ensino associada à utilização do computador.

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