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Objetivo 2 “Reescrever a história conforme o que está nos quadrinhos utilizando a pontuação correta”.

C) Interpretação das medidas comportamentais de aprendizagem:

Durante a entrevista a P1 priorizou relatar as defasagens dos alunos indicados quanto às atividades previstas, com ênfase para a descrição de ações ausentes no repertório dos alunos, como: escrever uma história completa, com inicio meio e fim, usar regras de pontuação e interpretação de texto. A interpretação das medidas comportamentais esperadas para obtenção dos objetivos se restringiu a avaliação que a P1 faria da produção escrita dos alunos e também a usar corretamente o travessão na transcrição da história em quadrinhos para o texto narrativo com diálogos elaborando um enredo para a história que tenha coerência com o que está sendo apresentado pelas figuras dos quadrinhos: “Olhar, ter contato com as

figuras, interpretar e escrever algo coerente com o texto” (pág.3). Porém, essas medidas não

foram vinculadas às práticas de ensino e de avaliação disponibilizadas, uma vez que a P1 relatou frequentemente suas práticas de avaliação como sendo a interpretação de uma medida comportamental. Por exemplo, “usar o travessão” seria uma ação do aluno relacionada com a compreensão de como se faz a transposição da forma do texto em quadrinhos para o texto narrativo, e, ao mesmo tempo um recurso que P1 utilizaria para avaliar a compreensão do significado do uso do travessão. Ou seja, o uso do travessão foi interpretado pela P1 como medida de compreensão desvinculada de uma prática de avaliação que gerasse essa medida:

“Depois vem o texto em si, como eles estão produzindo... Como está esse texto, se eles realmente entenderam o significado, do por que de utilizar o travessão. Que o travessão vem substituir a fala que está no balãozinho... Então isso também é umas das avaliações” (pág.2).

3.1.2.2 Fase 2/Etapa 2: Entrevista 4 - Objetivos dos PCNs para ensino de Língua Portuguesa

(APÊNDICE-C, CD-ROM)

A análise dos dados para a Etapa 2 da Fase 2 foi dividida, conforme o disposto no procedimento, em dois momentos:

1º) Avaliação em termos gerais, da P1 sobre o desempenho dos alunos de sua sala em

relação aos objetivos preconizados pelos PCNs para o 1º ciclo:

Segundo relato de P1, a aluna C não atingiu os objetivos referentes à utilização da linguagem escrita. Com relação à linguagem oral, a P1 considerou que a aluna se comunica bem em situações que não se referem aos conteúdos curriculares, não manifestando opinião de forma espontânea. Os textos escritos apresentaram falta de coesão e coerência, além de apresentar muitos erros ortográficos. A aluna C apresentava dificuldade para redigir texto mesmo com a presença da professora e também dificuldade de leitura – leitura silábica.

ALUNO “G”

Na avaliação da P1, o aluno G atingiu os quesitos referentes à utilização da linguagem escrita. Comunica-se bem em diferentes situações, expõe suas idéias e pontos de vista. Porém, os textos escritos apresentavam, geralmente, o final incoerente em relação ao restante do texto. A P1 utilizou procedimentos de modelação com o uso dos textos do livro como modelos a serem seguidos.

ALUNO “V”

P1 avaliou que o aluno V atingiu os quesitos referentes à utilização da linguagem escrita. Apresentava dificuldade em usar linguagem oral em situações que envolvam pessoas que não façam parte do convívio social cotidiano e em expressar opiniões referentes a assuntos curriculares. A P1 falou sobre exercitar habilidades de comunicação em diferentes situações solicitando, por exemplo, ao aluno que fosse buscar coisas na diretoria.

Considerações: Ao relatar sobre a obtenção dos objetivos do ciclo anterior (1º ciclo – 1ª e 2ª

séries) pelos seus alunos atuais (2º ciclo – 4ª série), P1 descreveu o desempenho dos alunos omitindo informações sobre as condições diante das quais tais desempenhos foram registrados, a saber, as condições de ensino e de avaliação. Tal omissão mostra-se consistente com a independência previamente registrada (Entrevista 3) entre a especificação de as medidas de aprendizagem e as condições diante das quais tais medidas são produzidas. Essa independência sugere que o aluno tem as propriedades de desempenho relatadas, e não que as mesmas talvez se mostrem funcionalmente relacionadas com determinadas condições de ensino e de aprendizagem.

Neste momento, como descrito no procedimento da Etapa 2 da Fase 2, P1 deveria estabelecer possíveis relações entre cada objetivo e o respectivo tema, indicar quais seriam as atividades ou práticas de ensino e de avaliação compatíveis com a obtenção do respectivo objetivo discriminando quais seriam exeqüíveis na segunda unidade didática e, por fim, descrever quais medidas de aprendizagem mostrar-se-iam compatíveis com a obtenção de cada objetivo. A análise e descrição dessa entrevista seguiram os três eixos estabelecidos pelos objetivos da pesquisa:

A) Objetivos de ensino para execução das aulas da unidade didática 2 “História em Quadrinhos”:

A P1 avaliou como pertinente todos os objetivos dos PCNs ao tema da segunda unidade didática “Histórias em quadrinhos”. Não fez alterações na redação dos objetivos dos PCNs (com exceção do objetivo 4 que julgou muito extenso) e justificou sua relação com alguns comportamentos que a P1 esperava obter com os alunos. A P1 adaptou a redação dos PCNs ao que já havia sido anteriormente mencionado sobre ações dos alunos que seriam medidas de aprendizagem para segunda unidade didática. Então, por exemplo:

Objetivo 3 dos PCNs: Utilizar a linguagem para expressar sentimentos, experiências e idéias,

acolhendo, interpretando e considerando os das outras pessoas e respeitando os diferentes modos de falar.

Justificativa da P1 quanto à pertinência do objetivo ao tema: “Tá próximo do tema, das

histórias em quadrinhos... O que eles vão verificar aqui é o jeito dos personagens de como eles falam também. O jeito caipira deles falarem como é que é... Então, sabemos que dependendo da região ele tem um jeito de falar diferente, na sala tem amiguinho que fala diferente. Aí eles vão ver na história em quadrinhos que tem personagem que fala diferente. Então é isso aí que precisa respeitar no outro” (pág.3).

Com isso, a P1 interpretou de modo amplo a pertinência dos objetivos dos PCNs, de forma a tornar ambíguo seu discurso, uma vez que vários objetivos dos PCNs exigiam pré- requisitos dos alunos cujas medidas comportamentais ainda não foram obtidas por P1 e que ela considerou como defasagens na aprendizagem dos alunos.

De modo geral, também predominou no discurso da P1 justificativas de práticas de ensino e de avaliação que se vinculavam aos objetivos do seu planejamento preliminar feito na Entrevista 3 da Etapa1-Fase 2. Contudo, a relação com os objetivos dos PCNs não foi mencionada. Ou seja, ao mencionar quais seriam as possíveis práticas compatíveis com a obtenção dos objetivos dos PCNs para 2º ciclo, a P1 repetiu as práticas que já haviam sido citadas como condições de ensino e avaliação para os seus próprios objetivos no planejamento da nova (ou segunda) unidade didática. Ao ser questionada sobre suas práticas, foi predominante no relato da P1, indicações de comportamentos ou medidas comportamentais dos alunos, quer dizer, a P1 justificou suas práticas de ensino e de avaliação pelos comportamentos que eram esperados dos alunos. Não há relatos que indiquem relação entre práticas de ensino com medidas comportamentais particularmente relacionadas aos objetivos dos PCNs.

Dessa forma, a P1 prescindiu da descrição de suas ações enquanto condições de ensino disponibilizadas para obtenção dos objetivos dos PCNs pertinentes ao tema da segunda unidade didática, e descreveu as ações dos alunos como, ler, narrar, interpretar e entender a historinha como forma de avaliação para depois observar a reescrita e o uso da pontuação correta. Ou seja, constatou-se na fala da P1 ausência de repertório para diferenciar práticas de ensino e de avaliação das medidas comportamentais, mantendo-se o repertório já caracterizado pela análise da Fase 1, no qual não há correlação entre as práticas de avaliação com os objetivos dos PCNs. Assim sendo, as medidas comportamentais se relacionaram com as práticas mencionadas na Entrevista 3 (Etapa 1 da Fase 2), entre as quais se destacaram as práticas de: distribuir histórias em quadrinhos, explicar como deve ser feita a reescrita e o uso do travessão, solicitar leitura dos alunos e perguntas orais a cerca dos personagens e suas ações na historinha. Contudo, verifica-se que são as mesmas práticas mencionadas anteriormente e que não se relacionaram diretamente com o que foi proposto quanto aos objetivos dos PCNs.

C) Interpretação das medidas comportamentais de aprendizagem:

Diante do que já foi exposto acima no item B, conclui-se que as medidas comportamentais foram citadas freqüentemente, porém mencionadas com utilização de termos que não descrevem as ações dos alunos que constituem um determinado comportamento, como por exemplo, os comportamentos de “ler, entender e saber narrar”, mencionados por P1. Dessa forma, as medidas comportamentais de aprendizagem foram

justificadas com base nos objetivos da professora citados na Entrevista 3, sem haver vínculo evidente da sua relação com os objetivos dos PCNs e com as condições de ensino disponibilizadas para tais objetivos.

3.1.2.3 Fase2/Etapa 3: Entrevista 5 - Planejamento Conjunto da segunda Unidade Didática

(APÊNDICE-D, CD-ROM)

Para essa Etapa da Fase 2, foram descritos na seção do procedimento de coleta de dados os seguintes passos:

A) Roteiro de Intervenção, elaborado pela pesquisadora, o qual orientou as discussões para a entrevista de planejamento com cada professora;

B) Entrevista 5, propriamente dita, resultado da interação entre a pesquisadora e as professoras sobre as discussões relativas ao Roteiro de intervenção;

C) Roteiro de Execução das aulas da segunda unidade didática, resultado da análise da Entrevista 5.

Para conclusão dessa Etapa 3 a P1 disponibilizou um encontro com cerca de 3 horas de duração para conclusão da entrevista e devolutiva do Roteiro de Execução. Quanto à elaboração do Roteiro de Intervenção foram utilizados os resultados da análise da Fase 1 e da Etapa 1 da Fase 2 (Entrevista 3 - planejamento preliminar). Abaixo estão listadas as perguntas que nortearam as discussões entre pesquisadora e professora – P1 durante a entrevista.

P1 - ROTEIRO DE INTERVENÇÃO

Para a nova unidade didática a ser ministrada, no planejamento oral preliminar da P1 o tema escolhido foi “Reescrita da história em quadrinhos” e os objetivos previstos foram:

Objetivo 1 - “Perceber que a história tem uma seqüência. A seqüência de uma história, de um texto, seja grande ou pequeno... O texto tem um começo um meio e um fim”.

Objetivo 2 - “Reescrever a história conforme o que está nos quadrinhos utilizando a