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INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

No documento Apostila de Provas DA EFOMM (1) (páginas 63-70)

Leia atentamente o seguinte texto de Clarice Lispector  Uma galinha

Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã.

Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio. Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto vôo, inchar o peito e, em dois ou três lances, alcançar  a murada do terraço. Um instante ainda vacilou — o tempo da cozinheira dar um grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro vôo desajeitado, alcançou um telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé. O dono da casa lembrando-se da dupla necessidade de fazer  esporadicamente algum esporte e de almoçar vestiu radiante um calção de banho e resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos alcançou o telhado onde esta hesitante e trêmula escolhia com urgência outro rumo.  A perseguição tornou-se mais intensa. De telhado a telhado foi percorrido mais de um quarteirão da rua. Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar sem nenhum auxílio de sua raça. O rapaz, porém, era um caçador  adormecido. E por mais ínfima que fosse a presa o grito de conquista havia soado.

Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre.

Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se poderia contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo uma surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma.

 Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a. Entre gritos e penas, ela foi presa. Em seguida carregada em triunfo por um asa através das telhas e pousada no chão da cozinha com certa violência. Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos.

Foi então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse prematuro.

Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, parecia uma velha mãe habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou respirando, abotoando e desabotoando os olhos. Seu coração tão pequeno num prato solevava e abaixava as penas enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo. Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu desvencilhar-se do acontecimento despregou-se do chão e saiu aos gritos: — Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! Ela quer o nosso bem!

Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a  jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre nem triste, não era nada, era uma galinha. O que não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a mãe e a filha olhavam já há algum tempo, sem propriamente um pensamento qualquer. Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha. O pai afinal decidiu-se com certa brusquidão:

— Se você mandar matar esta galinha nunca mais comerei galinha na minha vida!

— Eu também! jurou a menina com ardor.  A mãe, cansada, deu de ombros.

Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de vez em quando ainda se lembrava: “E dizer que a obriguei a correr naquele estado!”  A galinha tornara-se a rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos, usando suas duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto.

Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê- la esquecido, enchia-se de uma pequena coragem, resquícios da grande fuga — e circulava pelo ladrilho, o corpo avançando atrás da cabeça, pausado como num campo, embora a pequena cabeça a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o velho susto de sua espécie já mecanizado.

Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar. Nesses momentos enchia os pulmões com o ar impuro da cozinha e, se fosse dado à fêmeas cantar, ela não cantaria mas ficaria muito mais contente. Embora nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse. Na fuga, no descanso, quando deu à luz ou bicando milho — era uma cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo dos séculos.

 Até que um dia mataram-na, comeram-na e passaram-se anos.

Fonte: Os Cem Melhores Contos do Século. Lido o texto, observe atentamente cada questão e assinale somente UMA alternativa em cada uma delas. 01. (EFOMM-02) “Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã.”

Começando o texto com essa passagem, a Autora evidencia a:

a) eminência do fim da galinha. b) iminência do fim da galinha. c) eminência da vida da galinha. d) iminência da vida da galinha.

e) eminência do sofrimento da galinha.

02. (EFOMM-02) Dada sua aparente placidez, a reação da ave foi para as pessoas da casa

a) normal. b) banal. c) abrupta. d) conformada. e) inevitável.

03. (EFOMM-02) “Era uma galinha de domingo” — esta frase traz à luz um fato muito comum às antigas famílias brasileiras, relacionado

a) à memória familiar. b) ao costume familiar.

c) à moda familiar. d) à herança familiar. e) ao culto dos valores familiares.

04. (EFOMM-02) Como o texto sugere o valor da liberdade, centrado nas atitudes de uma galinha familiar, qual dos seguintes conceitos coincide com o pensamento contextual?

a)“Liberdade, ainda que tardia.”

b)“Liberdade é uma coisa que todo mundo sabe o que é, mas ninguém explica.”

c) A lei é a base de toda liberdade.

d)“Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós, que a voz da liberdade seja sempre a nossa voz.”

e)“O preço da liberdade é a eterna vigilância.”

05. (EFOMM-02) A Autora tem como uma de suas características de estilo a revalorização de palavras, vestindo-as com nova roupagem significativa, conseguindo excelente efeito estilístico ao utilizar este recurso. Em dois momentos transparece esta característica:

a)“Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada.”

“Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida, a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar, sem nenhum auxílio da sua raça.”

b)“ Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a.”

“Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos.”

c)“Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família.”

“A galinha tornara-se a rainha da casa.”

d)“... e circulava pelo ladrilho, o corpo avançando atrás da cabeça, pausado como num campo ...”

“... mexendo-se rápida e vibrátil, com o velho susto de sua espécie já mecanizado.”

e)“Foi então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo.”

“Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida.” 06. (EFOMM-02) Uma galinha é um conto que expressa a intenção da Autora de:

a)afirmar a pessoa humana como única depositária desse valor essencial chamado liberdade.

b)ocultar da sociedade os desvios familiares resultantes da perda da liberdade.

c) provocar a sociedade a uma ampla discussão sobre o amor como base da estrutura familiar.

d)penetrar na intimidade familiar, suscitando valores como a solidariedade e a liberdade.

e)utilizar o valor da liberdade como meio de posicionar-se contra a extinção da espécie.

07. (EFOMM-02) Uma característica da obra de Clarice Lispector é a dualidade do ser e do não-ser. Com esta ambigüidade, ela faz seu questionamento a respeito da existência. Esta discussão do ser e do não-ser é levantada em:

a)“Seu coração tão pequeno num prato solevava e abaixava as penas enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo.”

b)“Não olhava para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio.”

c)“Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida, a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar, sem nenhum auxílio de sua raça.”

d)“Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta longe, sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de vez em quando ainda se lembrava: ‘E dizer que a obriguei a correr naquele estado!’ ” e)“Que é que havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se poderia contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo uma surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma.”

PARTE II - GRAMÁTICA

08. (EFOMM-02) “O dono da casa lembrando-se da dupla necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar ...” O advérbio empregado nessa passagem modificando o verbo denota modo

a) contumaz. b) costumeiro.

c) freqüente. d) raro. e) ligeiro.

09. (EFOMM-02) Quanto à colocação do pronome átono, seria possível uma mudança de ênclise para próclise somente na opção:

a)“Mesmo quando a escolheram, apalpando a sua intimidade com indiferença ...”

b)“Nunca se adivinharia nela um anseio.”

c) “O dono da casa lembrando-se da necessidade de fazer  esporadicamente ...”

d)“... lembrava de novo a galinha que se recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar.”

e)“Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a.”

10. (EFOMM-02) Todas as orações que se seguem encontram-se na voz passiva, à exceção de:

a)“Nunca se adivinharia nela um anseio.”

b)“A família foi chamada com urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé.”

c) “A perseguição tornou-se mais intensa.” d)“Entre gritos e penas, ela foi presa.”

e)“... era uma cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo dos séculos.”

11. (EFOMM-02) Ocupa a função de sujeito a expressão sublinhada na opção:

a)“E por mais ínfima que fosse a presa o grito de conquista havia soado.”

b)“Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo uma ...”

c) “ Mas logo depois, nascida que fora p a r a a ma te rn i d ad e , parecia uma velha mãe habituada.”

d)“Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo. Ela quer o nosso bem!”

e)“Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família.”

12. (EFOMM-02) Temos exemplos de predicado verbo- nominal em todos os períodos, à exceção de:

a)“... e consternado viu o almoço junto de uma chaminé.” b)“... onde esta hesitante e trêmula escolhia com urgência outro rumo.”

c)“Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar...”

d)“Nem ela própria contava consigo como o galo crê na sua crista.”

e)“... e rodearam mudos a jovem parturiente.”

13. (EFOMM-02) “Embora nem esses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse.” Substituindo- se o conector sublinhado por outro de igual valor, estaria errada a opção:

a)Não obstante nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterar.

b)Porquanto nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse.

c)Apesar de nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterar.

d)Por mais que nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse.

e)Posto que nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse.

14. (EFOMM-02) Encontra-se um exemplo de verbo transitivo direto na opção:

a) “... tantas galinhas que morrendo uma ...”

b) “... surgiria no mesmo instante outra tão igual ...” c) “Entre gritos e penas ela foi presa.”

d) “... e assistiu a tudo estarrecida.” e) “... o grito de conquista havia soado.”

15. (EFOMM-02) Ao analisar-se a circunstância indicada pela oração sublinhada, cometeu-se um erro na opção a)“Ainda viva porque não passava de nove horas da man hã .” (cau sa )

b)“E por mais ínfima que fosse a presa o grito de conquista havia soado. (concessão)

c)“Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fu ga , o rapaz alcançou-a.” (fi na li da de )

d)“ ‘Se você mandar matar essa galinha , nunca mais comerei galinha na minha vida.’ ” (condição)

e) “M a l porém c o n se g u iu d e s v en c i lh a r -s e d o s aco nte cim ent os despregou-se do chão e saiu aos gritos.” (modo)

EFOMM 2003 Leia, atentamente, os seguintes textos:  Árvo res , mai s á rvo res

Conta-se que o velho Beethoven, já surdo e misantropo, numa das múltiplas ocasiões em que mudou de domicílio em Viena, perguntou ao novo senhorio logo ao transpor a porta de entrada: — “O senhor tem árvores no seu quintal?” E como o homenzinho respondesse com a negativa, resolveu logo: — “Então não me serve, gosto mais de uma árvore do que de um homem”.

Mas não é preciso ser surdo, nem misantropo, nem gênio, para pensar assim. Talvez que para tanto baste ser  civilizado. É o eterno ciclo que se repete. O homem transformou de tal modo a crosta do planeta com os cinco dedos da sua técnica que já se aborrece da sua obra fria e acabada. E volta-se então para a velha Natureza em busca de vida, de emoção, de saúde.

 A gente começa com vasinhos de flores. Os holandeses, encurralados nos seus istmos, havia muito que não os dispensavam. Os americanos, encarrapitados nas gaiolas dos arranha-céus, tratam-nas até com harmônios e ultravioletas. Nós já vamos ficando um pouco assim. Entre nós há até quem goste de “cactus”, esses “cactus” que nos fazem tremer de calor à distância. Mas é tão pouco ainda! Como se haveria de trepar numa árvore, esse mais salutar  dos esportes, na opinião do entendido professor Carrel?

É verdade que os ricos inventaram o “sítio”, pedacinho bem educado da fazenda, com geladeira e rádio, aonde se vai de automóvel, levando sempre muita comida, porque com a terra não se pode contar. E os que podem lá vão, todos os sábados, no gozo requintado de uma natureza quase sintética.

Os menos ricos, que não têm “sítio” próprio, já resolveram o problema a seu modo: fogem de quando em quando para um retiro qualquer improvisado em hotel. De qualquer  forma é um retorno salutar à árvore. Só os pobres das grandes cidades ainda não a compreendem, ainda não a estimam: passam todos os dias por ela nas ruas, nos parques, no subúrbio distante, e não lhe sabem sequer o nome, porque ignoram o consolo que há no seu aconchego e na sua sombra.

Como é triste uma criança que cresceu longe das árvores! Desconhece o encanto de folhear um livro de figuras sob a proteção matizada e fresca de uma fronde, não suspeita das vantagens que há em procurar um fruto reçumante escondido no meio da ramaria, perde a melhor  oportunidade de tonificar o olfato no convívio dos odores resinosos.

É preciso que a criança viva junto à árvore, no campo, no  jardim e sobretudo na cidade, cada vez mais monstruosa e

implacável. A árvore irá desenvolver nela uma sucessão de emoções, cada qual mais nobre; no princípio é o respeito quase religioso ligado também à idéia de proteção; aos poucos se cria a noção de confiança e amizade; e donde vem os frutos, é onde se pendura o balanço; finalmente o amor verdadeiro, produto de tudo isso e muito mais ainda do germe do gozo estético que existe nos mais brutos. O apartamento não mata a árvore, valoriza-a. O indispensável é que a infância urbana não se escravize ao cimento armado. O arranha-céu, ganhando a altura, abre lugar aos parques. E para lá é que é necessário mandar as crianças, como obrigação quotidiana, para que sintam as árvores como coisa sua. Não esquecer então que as árvores devem ter nome. A nossa indiferença neste ponto é tão grande, que muitas delas, aclimatadas de longa data entre nós, são mais conhecidas por denominações científicas ou estrangeiras: “eucalyptus, bougainvilleas, flamboyants”.

Já se disse que o poeta é um homem para o qual o mundo exterior existe. Nesse mundo exterior o que há de mais belo é a árvore. Nós temos cada vez mais urgência de poesia neste mundo mecânico e desarticulado. Deixai que a árvore reconduza a criança às fontes da poesia perene e insubstituível!

REBELO, Marques , Árvores, mais árvores. In: Antologia Escolar de Crônicas, organizada por Herberto Sales. Rio de Janeiro: Ed. Tecnoprint. S.A. Súplica por uma árvore

Um dia, um professor comovido falava-me de árvores. Seu avô conhecera Andersen, um pequeno deus que encantou para sempre sua infância, todas as infâncias, com suas maravilhosas histórias. Mas, além de conhecer Andersen, o avô desse comovido professor legara a seus descendentes uma recordação extremamente terna: ao sentir que se aproximava o fim de sua vida, pediu que o transportassem aos lugares amados, onde brincava em menino, para abraçar e beijar as árvores daquele mundo antigo – mundo de sonho, pureza, poesia – povoado de crianças, ramos flores, pássaros ... O professor comovido transportava-se a esse tempo de ternura, pensava nesse avô tão sensível, e continuava a participar, com ele, dessa cordialidade geral, desse agradecido amor à Natureza que, em silêncio, nos rodeia com a sua proteção, mesmo obscura e enigmática. Lembrei-me de tudo isso ao contemplar uma árvore que não conheço, e cujo tronco há quinze dias se encontra

ferido, lascado pelo choque de um táxi desgovernado. Segundo os técnicos, se não for socorrida, essa árvore deverá morrer dentro em breve: pois a pancada que a atingiu afetou-a na profundidade da sua vida.

MEIRELES, Cecília, “Súplica por uma árvore”. In: O que se diz e o que se entende. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980, p. 63).

Com base nos textos lidos, responda ao que se pede, marcando apenas uma alternativa certa em cada questão. 01. Os dois textos centralizam-se num elemento natural comum: a árvore. No primeiro – “Árvores mais árvores” – , lê-se o seguinte: “É preciso que a criança viva junto à árvore, no campo, no jardim, e sobretudo na cidade, cada vez mais monstruosa e implacável.” No segundo – “Súplica por uma árvore” –, lê-se o seguinte: “Lembrei-me de tudo isso ao contemplar uma árvore que não conheço, e cujo tronco há quinze dias se encontra ferido, lascado pelo choque de um táxi desgovernado.”

a) não há relação temática entre ambos.

b) a relação está apenas no fato de ambos terem como centro a árvore.

c) existe uma deterioração dos princípios de convivência nas relações do homem consigo mesmo e com a Natureza. d) a desobediência freqüente às leis do trânsito torna a cidade “... cada vez mais monstruosa e implacável”.

e) a agressividade da vida na cidade é que a torna “... cada vez mais monstruosa e implacável”.

02. O segundo texto – “Súplica por uma árvore” – é uma mensagem de amor à Natureza, de amor à árvore. No primeiro texto – “Árvores, mais árvores” – , uma idéia antagônica desta mensagem consta em que parágrafo? a) 4o b) 5o c) 6o d) 7o e) 8o

03. No primeiro texto o autor faz diferença entre os “ricos”, os “menos ricos” e os “pobres”, entretanto a relação dos “pobres” com a árvore é tratada diferentemente

a) porque ele valoriza o desnível econômico, que distancia os “pobres” das outras categorias.

b) devido ao desnível social, que impõe aos “pobres” uma atitude diferenciada na sua relação com a Natureza e com as outras categorias.

c) pela incapacidade dos “pobres” de usufruírem um sítio para o lazer dos fins-de-semana.

d) pela ausência de árvores nas comunidades pobres, que dificulta uma afinidade mais profunda entre “pobres” e Natureza.

e) porque os “pobres” assumem uma atitude de indiferença, de insensibilidade à importância da árvore na sua vida e na vida da cidade.

04.  Ao referir-se no texto a Beethoven como um indivíduo misantropo, o autor quis dizer que o compositor clássico era avesso

a) ao isolamento. b) ao convívio social. c) ao casamento.

d) ao desmatamento. e) a coisas novas.

05. O último parágrafo do primeiro texto – “Árvores, mais árvores” – sugere um apelo à

a) reflexão. b) infância.

c) convivência do homem com a árvore. d) ecologia. e) criatividade.

06. Para o autor, é fundamental a proximidade entre a criança e a árvore visto que esta poderá, gradativamente, despertar nesse futuro adulto sentimentos que o tornarão

um ser equilibrado, capaz de perceber o belo, e dotado de sensibilidade. Isso se manifesta no parágrafo

a) 2o b) 3o c) 4o d) 7o e) 8o

07.  Aparecem orações subjetivas em todas as opções, EXCETO em:

a) “Conta-se que o velho Beethoven, já surdo e misantropo ..”

No documento Apostila de Provas DA EFOMM (1) (páginas 63-70)

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