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Os dados modelados para cada seção de resistividade e cargabilidade foram georreferenciados e reunidos em uma única planilha para geração de modelos tridimensionais, apresentados em escalas de cores, onde elevados valores são apresentados em cores quentes (tons de rosa), enquanto que baixos valores são apresentados em cores frias (tons de azul).

Os blocos que apresentam uma visualização tridimensional apresentam um ângulo de visão próximo a N40°, escolhido para uma visualização adequada das principais feições de maior importância aos objetivos do trabalho. Foram gerados dois blocos por parâmetro físicos medidos, rotacionados para uma visão em perspectiva aérea e de subsuperfície.

O bloco de cargabilidade revela claramente a ocorrência de altos valores entre o azimute N30° e N90°, predominante no início das linhas N30°, N60° e N90°, ou seja, na porção SW da área de estudos.

Esta região é representada por tufos a pó e tufos lapilítico que constituem as porções mais elevadas do terreno, localmente caracterizados por coloração vermelha a rosa escuro, com matriz de granulometria areia media e fragmentos centimétricos de clástos vulcânicos. Algumas exposições apresentam impregnações de carbonatos de cobre como malaquita.

O furo 1 está posicionado em campo próximo ao contato por falha normal entre os tufos e metaconglomerados e descreve a presença de níveis sulfetados em pirita e cloritização em profundidade. Este furo está posicionado numa interface entre valores de cargabilidade moderados a altos, com mergulho para N120°, ou seja, no sentido para uma zona com baixos valores de cargabilidade (Figura 25).

A intensidade dos valores de cargabilidade aliada à presença destes litotipos para além da área de cobertura das linhas pode indicar a continuidade

de uma zona com sulfetos disseminados no sentido oeste.

O modelo 3D de resistividade (Figura 24) apresenta baixos valores na extremidade SW do bloco, na mesma área de ocorrência de valores de elevada

cargabilidade. Contudo, a área de baixa de resistividade é menos abrangente, com valores pouco contrastantes quando comparados à área de cargabilidade. O modelo 3D de fator metal não foi gerado, pois, os dados adquiridos neste parâmetro apresentaram falta de contraste com a rocha encaixante, devido a valores extremamente altos de resistividade o que possivelmente ofuscou os valores de fator metal em algumas seções.

Isto ocorre provavelmente devido a altíssima resistividade predominante na área de tufo vulcânico, em torno de 550000.m. A presença de sulfetos disseminados proporcionam uma queda pouco pronunciada da resistividade, mas suficiente para resultar num contraste com a rocha em redor.

Esta região é representada por tufos a pó e tufos lapeliticos que constituem as partes mais elevadas do terreno, localmente caracterizadas por coloração vermelha a rosa escuro, com matriz de granulométrica areia média e fragmentos centimétricos de clastos vulcânicos. Algumas exposições apresentam impregnações de carbonatos de cobre, como malaquita.

Figura 26 – Modelos 3D em termos de resistividade e cargabilidade, com modelos de inversão de maior representatividade em termos de cargabilidade.

Os dados revelam claramente um contraste de valores entre os principais litotipos da área, ou seja, baixos valores de cargabilidade para metaconglomerados e andesitos e altos valores para os tufos vulcânicos, o que pode ser visualizado nas figuras 24 e 25.

A visão em perspectiva de subsuperfície indica elevados valores de resistividade em toda a base do bloco, correlacionável com áreas de baixa cargabilidade, algo que indica a provável ausência de mineralizações além da área de tufo vulcânico, ou seja, no domínio de metaconglomerado.

A vista aérea do bloco ocorre uma extensa área de baixa resistividade, valores em torno de 68,5.m, limitada apenas por valores mais elevados de resistividade na extremidade SW da área. Os levantamentos de campo indicam que num perfil NE/SW, basicamente no sentido das linhas N60° e N90°, ocorrem inicialmente tufos vulcânicos até a quebra de relevo, aproximadamente 180m do inicio da seção (Figura 26). Neste ponto existe em campo o contato entre o tufo vulcânico e metaconglomerados, que gradualmente são recobertos por sedimentos arenosos de planície de inundação, depositados por uma drenagem cruzada no final das linhas.

Neste contexto, os valores de baixa resistividade superficiais refletem em grande parte, a presença de sedimentos arenosos parcial a totalmente saturados, que aumentam sua espessura de forma gradual no sentido NE (Figura 27).

Figura 27 – Bloco 3D em termos de resistividade, com realce da cunha de

sedimentos de planície de inundação saturados (baixa resistividade).

Os depósitos de cobre ou modelos genéticos associados descritos mundialmente, como mineralizações em skarns, sulfetos maciços em rochas

vulcânicas (VMS) e subdivisões, além de depósitos tipo Olympic Dam, aparentemente não proporcionam qualquer correlação com as mineralizações da bacia sedimentar do Camaquã (RONCHI & LOBATO, 2000).

As principais hipóteses genéticas para as mineralizações em cobre na referida bacia compreendem o modelo hidrotermal filoniano de origem magmática, depósito do tipo cobre pórfiro e o modelo sedimentar singenético (ALTAMIRANO, 1981; BECKEL,1990; BETTENCOURT, 1972; COSTA FILHO, 1994; LICHT, 1980; SANTOS & CHABAN,1978).

Não existem estudos geoquímicos ou detalhamento quanto à gênese da ocorrência mineral estudada. Entretanto, são possíveis algumas correlações com estudos realizados nas Minas do Camaquã, a mais importante e compreendida jazida de cobre de toda bacia sedimentar.

O modelo hidrotermal-magmático de formação de sulfetos como produto final consiste na primeira proposta para a gênese dos minérios sulfetados para a região das Minas do Camaquã, bem como para inúmeros indícios cupríferos associados aos falhamentos NW que cortam as litologias do Grupo Bom Jardim (BECKEL, 1990; BETTENCOURT, 1972, 1976; COSTA FILHO, 1994; LEINZ et al.,LEINZ E ALMEIDA, 1941; MELCHER E MAU, 1960,). Neste modelo, plutões graníticos ou mesmo as rochas andesíticas da Formação Hilário seriam as responsáveis pelas mineralizações.

Para Bettencourt (1972), a mineralização está condicionada por zonas de fraturamento, tendo havido movimentos recorrentes e mudanças de composição das soluções mineralizadoras. Inicialmente as soluções teriam sido ricas em Fe, Si e S. O enriquecimento posterior em cobre e a outra fase de fraturamento teria sido responsável pela deposição dos sulfetos.

O modelo de cobre pórfiro da Mina do Camaquã apresenta uma gênese do minério sulfetado filoniano com uma origem hidrotermal magmática, com minério presente em fraturas e filões de até um metro de espessura, os quais produziram alterações nas rochas encaixantes como silicificação e argilizações, além de disseminações (COSTA FILHO,1994).

Os depósitos do tipo pórfiro são produtos da atuação de grandes sistemas hidrotermais relacionados com a colocação de plútons, em pequena profundidade e subsequentes resfriamentos.

Feições diagnósticas incluem fraturamentos e alteração hidrotermal das encaixantes, fraturadas e alteradas, que indicam mudanças nas condições físico-químicas durante o desenvolvimento do sistema, que inclui circulação de águas de varias fontes como por fase residual oriunda do resfriamento de intrusivas.

Na ausência de indicadores ou marcadores geoquímicos especificamente para a área de estudos, as principais evidências apontam para o modelo genético do tipo cobre pórfiro, visto que a descrição dos furos testemunhados indica cloritização de intervalos andesíticos e presença de níveis sulfetados, além de um sistema de fraturas descritos no mapa geológico e verificados durante os levantamentos de campo.

A colocação do minério estudado aparentemente ocorreu por meio de um sistema de fraturas por onde fluiu o liquido de origem hidrotermal magmática, que resultou em preenchimento de espaços vazios em fraturas e poros, conforme sugere os dados geológicos e geofísicos.

Os dados obtidos a partir do levantamento estrutural foram processados no programa StereoNet (Noruega). Este programa consiste num pacote gráfico que permite análise de dados estruturais como medida de falhas, fraturas, eixos de dobra, acamamentos, indicadores cinemáticos, entre outros.

Foram realizadas 160 medidas estruturais por meio de bússola, em alguns afloramentos em campo, Estas medidas são apresentadas sobre a forma de diagrama de roseta (Figura 28). O diagrama apresenta duas zonas com predomínio de valores, com direções principais a noroeste (NW) e subordinadamente a nordeste (NE) N160°.

Figura 28 - Diagrama de roseta, com as principais famílias de falhas e fraturas.

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