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Interpretação dos resultados

PARTE II – O ESTUDO

CAPÍTULO 6 – RECOLHA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

6.3. Interpretação dos resultados

Categoria de análise 1 – “razões para a existência do jornal escolar; papel e importância do jornal escolar”

Os participantes no presente estudo são unânimes ao afirmarem a importância que o jornal escolar tem numa escola / agrupamento. Apesentam as seguintes razões para a existência do jornal escolar na escola que dirigiram:

a) Ser o “histórico”, a “memória” da escola / agrupamento registada em papel; b) Ser o seu repositório;

c) Ser a imagem do próprio nome do jornal: “Gente em Ação”, refletindo o trabalho realizado pela comunidade educativa da escola / agrupamento; d) Ser um espaço aberto à participação de todos;

e) Ser o repositório da atividade da escola / agrupamento; f) Forma de dar a conhecer a orgânica da comunidade escolar; g) Transmitir a “imagem real” da escola / agrupamento;

h) Fazer eco do trabalho dos alunos, professores e funcionários; i) Ser a forma dos alunos verem os frutos do seu trabalho;

j) Dar a conhecer a escola através de um formato que é familiar à comunidade educativa.

Categoria de análise 2 – “O papel do Presidente do Conselho Diretivo / Presidente do Conselho Executivo / Diretor na publicação do jornal escolar”

Todos os Presidentes / Diretores consideram que tiveram um papel ativo na produção do jornal escolar, à exceção do segundo, que apenas refere que fazia algumas ilustrações para o jornal. Os outros Presidentes / Diretores referiram o empenho que tiveram em que o jornal fosse publicado e os diferentes papéis que desempenharam na produção do mesmo: desde a participação em tarefas relacionadas com a composição e montagem do jornal (primeiro e quarto Presidentes / Diretores) até à produção de textos, em especial o “editorial” (todos os Presidentes / Diretores à exceção do segundo). Apesar dos Presidentes / Diretores referirem que não tinham qualquer papel na seleção dos conteúdos a publicar e de deixarem esse papel a outros professores, destacamos o facto do Presidente que teve um papel menos significativo na elaboração do jornal ser aquele que foi responsável por menos edições do mesmo (apenas uma edição publicada durante dois anos de permanência no cargo). De acordo com a periodicidade normalmente utilizada nos jornais escolares (um jornal em cada trimestre / período escolar, como referem Vieira e Fonseca, 1995: 40, “(…) apesar de coexistir uma

grande variedade de modelos, a trimestral é a mais corrente, 49,6%, o que não deve ser totalmente alheio à própria organização do ano escolar”), deveriam ter sido publicados

seis números nesse período.

Categoria de análise 3 – “Vantagens pedagógicas da produção do jornal para professores e alunos / contribuição do jornal escolar para o sucesso escolar dos

alunos / contribuição do jornal para o cumprimento das metas do projeto educativo”

Todos os Presidentes / Diretores consideram o jornal escolar uma ferramenta muito importante no que se refere às vantagens pedagógicas do mesmo, sobretudo em duas vertentes:

a) Numa primeira vertente, é destacado o aspeto comportamental, das atitudes e valores, tendo em conta que, de acordo com as opiniões dos Presidentes / Diretores, o jornal ajuda a promover os valores da entreajuda, do trabalho em equipa e do respeito mútuo entre todos os elementos da comunidade

educativa, visto que o jornal é um trabalho de equipa, impossível de ser realizado por um pequeno número de pessoas;

b) Numa segunda vertente, é destacado o papel que o jornal pode ter enquanto instrumento que contribui para o sucesso académico dos alunos. É destacado o papel que a produção de conteúdos para o jornal pode ter no desenvolvimento do aluno, nomeadamente através da aquisição de melhores competências de leitura e escrita. É, também, realçado o facto de, segundo um dos Presidentes, se observar que, normalmente, os alunos que participam no jornal têm mais e melhor sucesso académico.

São precisamente estas as duas vertentes que estiveram na origem das duas metas do Projeto Educativo do Agrupamento que se encontra em vigor, pelo que não podemos dissociar o jornal escolar das referidas metas. Podemos, outrossim, verificar que o jornal escolar é um elemento facilitador para a consecução das referidas metas.

Categoria de análise 4 – “Relação com a Comunidade Educativa”

Todos os Presidentes / Diretores referem a grande importância do jornal escolar enquanto veículo de relação com a comunidade, realçando o facto de, muitas vezes, ser a única forma de dar a conhecer o dia-a-dia das escolas.

No que se refere às evidências deste destaque dado ao jornal escolar durante o período em análise, apenas não as encontrámos no único “editorial” publicado durante o período em que o segundo Presidente exerceu essas funções.

Nos outros três períodos em análise, encontrámos, de uma forma resumida, as seguintes evidências da importância dada à comunicação com a comunidade educativa:

a) Balanços da atividade educativa e do trabalho efetuado pelo órgão de gestão; b) Traçar rumos para a ação futura;

c) Motivar e chamar os pais à participação na escola;

d) Motivar e chamar os restantes elementos da comunidade educativa à participação na escola;

e) Informar a Comunidade Educativa das dificuldades sentidas pelo órgão de gestão durante o desempenho das suas funções;

f) Destacar a importância e agradecer ao Pessoal Docente e Não Docente o empenho, dedicação e profissionalismo com que desempenharam as suas funções;

g) Destacar a importância e agradecer a participação da comunidade educativa na vida da escola / agrupamento.

h) Partilhar preocupações com a comunidade educativa (por exemplo, nova legislação; novos programas; novo estatuto do aluno);

i) Informar os pais sobre os benefícios que podem ter na escola (por exemplo, auxílios económicos; necessidades educativas especiais);

j) Partilhar reflexões sobre o sucesso e insucesso dos resultados escolares; k) Partilhar reflexões sobre o papel da família nos resultados escolares dos

alunos e nos órgãos de gestão da escola / agrupamento.

Categoria de análise 5 – “O jornal enquanto espelho da dinâmica do órgão de gestão”

Todos os Presidentes / Diretores consideram que o jornal escolar poderá espelhar a dinâmica de um órgão de gestão, no sentido em que todas as atividades / participações dos elementos da comunidade escolar e da comunidade educativa que nele são publicados refletem o dia-a-dia da escola / agrupamento, que por sua vez poderão significar que o órgão de gestão incutiu (ou não) uma determinada dinâmica na vida da escola / agrupamento.

Categoria de análise 6 – temas do ‘editorial’

No que se refere aos temas dos “editoriais” ainda não mencionados nas categorias de análise anteriores, verificamos que os participantes na investigação optaram por diferentes abordagens:

Durante o primeiro período em análise, o Presidente optou, como referiu na entrevista, por destacar temas “da atualidade e no contexto das dinâmicas da escola” Verificamos, então, que são feitos vários apelos à reflexão dos pais, são feitas reflexões sobre o contexto social em que a escola se insere e são feitas várias análises críticas à

forma como a tutela gere a educação. A título de exemplo, é criticado o calendário escolar em uso em Portugal.

Durante o segundo período em análise, o Presidente dedica o único editorial que publicou às questões ambientais e ao apelo aos jovens para que se preocupem com a defesa do meio-ambiente. Apesar desta temática se enquadrar nas metas do projeto educativo da escola, trata-se de uma orientação completamente diferente do período anterior.

No que se refere ao terceiro período em análise, o Presidente optou, nos editoriais publicados, por acrescentar um papel utilitário aos mesmos, informando os pais sobre o funcionamento da escola, dando-lhes a conhecer alguns dos seus direitos e deveres. Destaca-se, ainda, a partilha da opinião do Conselho Diretivo em relação ao modo de funcionamento da escola e/ou do enquadramento legal em que esse funcionamento ocorre, dando a conhecer as mudanças legislativas que ocorreram e da sua aplicação e efeito na escola que dirigiu.

Durante o quarto período em análise, o Presidente / Diretor manteve a postura reflexiva dos seus antecessores, mas escolhendo um leque mais abrangente de temas, o que também se poderá justificar devido ao elevado número de “editoriais” publicados, facto decorrente do número de anos que ocupou os cargos de Presidente / Diretor.

Assim, neste período encontramos reflexões sobre o novo paradigma educativo (“a escola de todos e para todos”) e vários problemas que condicionam a ação educativa, como por exemplo a instabilidade que se vive na educação e a desvalorização da atividade docente.

Categoria de análise 7 – “publicação de artigos”

Nesta última categoria de análise verificamos que todos os Presidentes / Diretores, à exceção do segundo, referem que não eram eles os responsáveis pela seleção / aprovação dos conteúdos publicados no jornal. Esta atitude deixa transparecer uma postura que espelha o desejo de ter um jornal “aberto”, “livre”, que publicasse todo e qualquer artigo que qualquer elemento da comunidade escolar apresentasse para publicação. São referidos, no entanto, critérios de “atualidade” e “qualidade” por dois Presidentes / Diretores, mas também é referido que a definição e verificação desses critérios era da responsabilidade do grupo de professores responsáveis pela elaboração

do jornal (responsáveis pelo “clube de jornalismo”, Biblioteca Escolar, professores do Departamento de Línguas).

Um Presidente refere, ainda, que a elaboração e publicação do jornal era acompanhada de perto pelo Conselho Pedagógico – que definia a sua matriz e os temas a abordar em cada número.

Como já foi referido, apenas o segundo Presidente assume controlar, de alguma forma, os conteúdos do jornal escolar, pois refere que estes eram submetidos a

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