• Nenhum resultado encontrado

Vários autores têm apontado como os profissionais de saúde podem atuar durante o período gravídico-puerperal, de modo a realizarem uma intervenção que contribua para ajudar a mulher a ajustar-se de modo positivo a este processo de transição para a maternidade, tendo em conta o seu bem-estar global.

A este propósito, Isserlis et al. (2008) dizem que uma das prioridades que o profissional de saúde que acompanha a mulher nesta fase da sua vida deve ter, é da ajudá-la a expressar as necessidades, sentimentos, expetativas, e a ajudá-la a encontrar recursos que permitirão preparar a vinda do bebé nas melhores condições. Deste modo, referem que é essencial mostrar disponibilidade e atenção, desenvolvendo uma relação empática com a mãe, isto é, uma relação em que ela sinta confiança e compreensão para expor livremente a sua situação, e em especial aquilo que a angustia, sem que se sinta julgada. Salientam ainda que, não se deve encarar a mulher como uma doente, isto é, como “uma paciente”, pois tal pode

33

modificar a sua resposta emocional, mas deve-se vê-la como uma pessoa que se encontra em boa saúde e a vivenciar um processo fisiológico peculiar, o que pode contribuir para que esta se sinta bem e se adapte melhor à gravidez.

Nesta linha de pensamento, Klein e Guedes (2008) acrescentam que uma intervenção que dê suporte às grávidas para puderem expressar os seus sentimentos, angústias, dúvidas, medos, dificuldades e preocupações, lhes permite compreender e lidar de forma mais ajustada com esta fase, o que faz com que se sintam melhores, autoconfiantes e dispostas para enfrentar a realidade. Neste sentido, Maçola et al. (2010) ressaltam que o profissional de saúde revelando-se compreensivo e atento para com os sentimentos da mulher, contribui para o bem-estar desta e para a sua vinculação ao bebé.

Na opinião de Piccinini, Gomes, Nardi e Lopes (2008), os profissionais de saúde não devem considerar a grávida como uma futura mãe, pois os seus pensamentos e sentimentos são atuais durante a gravidez, indicando já a existência de uma relação e um espaço psicológico dedicado ao bebé. Deste modo, sublinham a importância de ter em conta este aspeto e, em vez de considerarem que estão face a uma futura mãe e um feto, assumindo que o impacto psicológico surge apenas após o nascimento, enfatizam que é necessário criar empatia com a mãe, com os seus sentimentos e com o próprio bebé. Assim, sugerem que será esta atitude que proporcionará aos profissionais de saúde uma maior possibilidade de acesso ao estado psicológico da mulher e, desta forma, a promoção da saúde da própria grávida e da sua relação com o bebé.

Brito (2009), por sua vez, refere que o bem estar-psicológico é essencial durante a gravidez, e para isso, os profissionais não só devem estar atentos ao estado emocional da mulher, mas também devem mobilizar o envolvimento do cônjugue e de outros membros da sua família próxima. A participação de todos é, de acordo com Hoga e Reberte (2007), um meio facilitador do envolvimento da mulher na gravidez, bem como do seu companheiro, pois contribui para tornar esta etapa num acontecimento mais significativo para o casal e a sua família, assim como para a existência de uma memória familiar positiva e feliz.

Para Pacheco et al. (2005), dado que o comportamento da mulher durante o parto é determinado pela forma como ela concebe esta experiência durante a gravidez, importa conhecer melhor o modo como o parto é antecipado para ajudar a grávida a preparar-se de forma mais adequada, e a participar de modo mais eficiente no parto e, assim, beneficiar de uma adaptação positiva ao pós-parto.

34

Nesta ótica, Isserlis et al. (2008) referem que é importante ajudar a mulher a preparar o parto, motivando-a a colocar dúvidas, a escolher o melhor método de gestão de dor e a pessoa que gostará que esteja presente, sendo especialmente relevante ajudá-la a elaborar um projeto de nascimento realista. Estas autoras enfatizam ainda que, sobretudo com a primípara, é importante ajudá-la a antecipar as possíveis dificuldades que terá com o bebé, e a adquirir confiança nas suas competências parentais, devendo os profissionais incentivá-la a imaginar soluções, apoiando-se eventualmente em memórias que tenha da infância, propondo possíveis soluções para que ela possa ter várias opções a considerar, e ainda, ajudá-la a refletir sobre as consequências de cada solução. Segundo estas autoras, a mulher em se imaginando mãe, permite-lhe começar a assumir-se enquanto tal, o que facilita a sua adaptação a este novo papel. Neste âmbito, tem sido destacado por várias pesquisas (Frias, 2009, 2011; Frias & Franco, 2008a, 2008b) que a realização de um curso de Preparação Psicoprofiláctica para o nascimento traz benefícios para a mulher, uma vez que lhe proporciona uma preparação física mas também psicológica para o parto, permitindo-lhe experienciá-lo de modo mais ativo, e ainda lhe faculta segurança e dá- lhe confiança para desempenhar o seu novo papel de mãe, sem receios em cuidar do bebé. Sendo assim, importante sensibilizar a mulher a realizá-lo.

Relativamente ao momento do parto, alguns autores destacam que para ajudar a mulher a vivenciar uma experiência positiva deste processo, os profissionais devem intervir de modo a propocionar um ambiente íntimo, de apoio, respeito pelas suas necessidades, e onde ela sinta que tem um papel importante. Sendo, ainda, destacado que caso as escolhas que a mulher tenha feito para esta etapa, não tenham podido ser postas em prática, é importante posteriormente explicar-lhe os motivos (Isserlis et al., 2008).

Por sua vez, segundo Conde e Figueiredo (2007) a intervenção dos profissionais de saúde, com vista à promoção do ajustamento parental, será favorecida pela compreensão das mudanças que determinam a experiência psicológica da transição para a parentalidade. Para estas autoras, tal intervenção deverá ter em conta todos os componentes do processo em questão e focar-se nas maiores áreas de preocupação parental. Sendo assim, estará a garantir-se aos pais uma prestação de cuidados adequada, bem como a diminuição da morbilidade associada a esta etapa.

35

Dentro desta ótica, Isserlis et al. (2008) salientam que os profissionais de saúde devem ter em conta as necessidades e reações emocionais características da gravidez, parto e pós-parto, e que estas assumem tanta importância como as necessidades físicas durante estes períodos. Sendo que, apesar de existirem algumas reações comuns à maioria das mulheres durante a vivência do período gravídico- puerperal, alertam que existem inúmeras respostas a cada um destes processos, e que cada resposta individual deve ser respeitada. Deste modo, estes autores afirmam que compreender e responder às necessidades emocionais da mulher durante este processo de transição para a maternidade, será seguramente um contributo para melhorar o bem-estar da mãe e também do bebé.

Por seu turno, Correia e Sereno (2012) propõem de modo esquemático (figura 4) um modelo de intervenção multidisciplinar, segundo o qual julgam poder articular na gravidez, parto e puerpério uma colaboração promotora de uma experiência adaptativa à maternidade. Assim, segundo estas autoras, este modo intervir permitirá aos profissionais de saúde contribuírem para ajudar uma vivência positiva do período gravídico-puerperal, tendo como meta o bem-estar global da mãe, e que consequentemente, trará benefícios para a sua relação com o bebé.

Intervenção multidiciplinar

- Informacao sobre os diferentes tipos de parto - Aprendizagens

- trabalhar mitos

- Pensar escolhas de modo realista. - Planos de parto

- Repensar partos distócicos

- Ajudar a melhorar o modo como a mulher lida com a distócia.

-Atenção à primiparidade

-Atenção temática a enquadramentos securizantes (vizando a diminuir incongruências entre

expectativas e realidades a viver).

- Disponibilidade para ouvir - Esclarecer procedimentos - Envolver o mais possivel a mulher

- Facilitar acompanhamento familiar nos partos distócicos. - Apoiar e reforçar emocionalmente -Atenção à primiparidade - Clarificar e tranquilizar procedimentos intraparto diminuindo as preocupações sobre a sua sua saúde e a do bebé.

- Atenção às dificuldades acrescidas das primíparas - Facilitar a recuperaçéao puerperal atendendo às queixas e preocupações da puérpera. -Importância do aconselhamento estruturado no puerpério imediato, facilita o bem estar e autoestima da mulher/mãe.

O

OQQUUEEFFAAZZEERR??

Gravidez Parto Puerpério

Preparação à parentalidade

Vigilância pré-natal

36