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Capítulo 5. A avaliação externa do Projeto Agente Jovem

5.1. Introdução

de Pesquisa da Universidade Federal Fluminense (DataUFF)9, contratada através da Fundação Euclides da Cunha10, pelo MDS/PNUD. Foi coordenada pela Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI).

O objeto da pesquisa avaliativa, conforme definição no Termo de Referência elaborado para a implementação da avaliação, era o de analisar o desempenho do Projeto Agente Jovem e propor recomendações para o aperfeiçoamento da prestação de serviços no âmbito do programa, considerando os objetivos estipulados na portaria nº.

879, de 03 de dezembro de 2001, que estabelece suas normas e diretrizes. Ou seja, através de uma sondagem e formulação de juízo de valor sobre os hábitos e as opiniões dos beneficiários, procuravam-se conhecer as mudanças ocorridas com os jovens após a passagem pelo Projeto, as vantagens trazidas e os problemas a serem solucionados.

Outro interesse da avaliação era verificar o impacto do Programa a curto, médio e longo prazos na vida desses jovens, na comunidade mais próxima e na sociedade em geral.

A avaliação foi realizada através de uma pesquisa nacional, qualitativa e quantitativa, entre jovens em situação de risco social, em 81 municípios brasileiros, incluindo as capitais.

A pesquisa qualitativa foi realizada em duas etapas: a primeira com grupos focais e a segunda, através de entrevistas em profundidade. Os grupos focais tinham como objetivo identificar as práticas positivas e as fragilidades do Projeto. As informações coletadas permitiriam o aprimoramento do Projeto através da definição de padrões mínimos de qualidade e a reformulação das atividades de capacitação. Foram realizados com cerca de dois mil jovens egressos e não-egressos do Projeto Agente Jovem e com seus responsáveis. Para garantir a representatividade de todas as regiões do país optou-se pela estratégia de realizar grupos focais em uma capital de cada região - Belém-PA, Curitiba-PR, Rio de Janeiro-RJ, Recife-PE e Goiânia-GO. Em cada local foram organizados quatro grupos: um com responsáveis pelos jovens egressos do Projeto; um com responsáveis por jovens que nunca haviam participado do Projeto;

outro com jovens egressos do Projeto, que o tivessem concluído há mais de seis meses e há menos de vinte meses; e outro com jovens de 15 a 17 anos, que não tivessem participado do Projeto, mas em situação de vida similar aos egressos.

9 DataUFF é o Núcleo de Pesquisas Sociais Aplicadas, Informação e Políticas Públicas da Universidade Federal Fluminense, vinculado à Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal Fluminense.

10 Fundação Euclides da Cunha (FEC) é uma entidade de direito privado sem fins lucrativos.

Os jovens egressos e seus responsáveis foram selecionados a partir de um cadastro de participantes do Projeto, fornecido pela SAGI/MDS. Os não-egressos e seus responsáveis foram recrutados nas mesmas comunidades dos jovens egressos, entre os mais pobres, pertencentes às classes D e E, definidas no ―Critério Brasil de classificação socioeconômica‖.11 Para o grupo de responsáveis pelos não-egressos, houve a preocupação de se selecionar aqueles com filhos acima de 15 anos e abaixo de 30 anos.

O roteiro para a discussão nos grupos focais foi elaborado conjuntamente pela equipe avaliadora, pela Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação e pela Secretaria Nacional de Assistência Social e tinha como norte questões sobre a qualidade interna do Projeto e os seus impactos para os participantes.

Entre os temas discutidos nos grupos focais destacavam-se: a qualidade do Projeto; o valor, o uso e o significado da bolsa e as relações intra-familiares, assim como mudanças quanto a: qualidade de vida, padrões de consumo, acesso à escola e à rede de saúde; viabilização de alternativas futuras para a sobrevivência; percepção sobre a institucionalização do Projeto e o aumento da relação entre beneficiários e a sociedade civil local.

Já as entrevistas em profundidade tiveram um universo bastante diversificado e complexo. Somaram um total de 156, em 20 municípios do país, distribuídos por todas as regiões geográficas e em 17 unidades da federação. Os municípios foram selecionados segundo a existência ou não do CRAS e usou-se como critério o seu porte, classificado, para efeito de análise, em três tipos: (i) pequenos; (ii) médios e grandes e (iii) metrópoles. Foram entrevistados no âmbito do município orientadores sociais e instrutores do Agente Jovem; coordenadores; gestor municipal na área de Assistência Social; diretores e professores de escolas em bairros nos quais havia jovens participantes do Projeto e integrantes do Conselho Tutelar. Entrevistaram, ainda, gestores e técnicos que atuavam ou eram responsáveis pelo Projeto Agente Jovem na administração estadual da federação em que se localizava cada município pesquisado.

A pesquisa quantitativa, por sua vez, foi do tipo domiciliar, com aplicação de 2.300 questionários distribuídos em todas as capitais e nos municípios selecionados para a pesquisa. Utilizou-se de uma amostra experimental e uma amostra controle. O número total de indivíduos pesquisados foi proporcional ao número de jovens atendidos pelo

11 O critério Brasil de classificação socioeconômica tem a função de estimar o poder de compra das pessoas e famílias urbanas, sem a pretensão de classificar a população em termos de

“classes sociais”.

Agente Jovem, sendo garantido na amostra experimental um mínimo de 30 entrevistas por estado. Foram pesquisados três municípios de cada estado, com exceção dos seis maiores (GO, PE, BA, RJ, MG e SP) que tiveram cada um quatro municípios pesquisados. Os municípios maiores detinham 61% do total de jovens inseridos no Programa.

A amostra controle foi realizada com 512 entrevistas em 43 cidades, selecionadas pela proporção do tamanho da população dos municípios, sendo garantido um mínimo de 10 entrevistas por estado. Na seleção dos municípios foram compatibilizadas categorias como tamanho do município, número de jovens atendidos e nível de gestão do Sistema Único de Assistência Social (pleno, básico e inicial), para garantir o ―espalhamento‖ da amostra.

Os resultados da pesquisa são interessantes, mas extremamente densos, como pode ser observado nos relatórios apresentados pelo DataUFF ao MDS. Não é objetivo deste trabalho discorrer em detalhe sobre esses dados. Serão apontados aqui alguns resultados sem deixar de considerar a importância de outros dados presentes nos relatórios. Isto se justifica pelo fato de o interesse maior, neste momento, estar em conhecer as recomendações elaboradas a partir desses resultados e saber de suas implementações.