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2 ANÁLISE CIENTOMÉTRICA DA APLICAÇÃO DE WETLAND CONSTRUÍDA

2.1 INTRODUÇÃO

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA, 2017), a aquicultura é baseada no cultivo de organismos aquáticos geralmente em um espaço confinado e controlado. Essa atividade possibilita produtos mais homogêneos, rastreabilidade durante toda a cadeia e outras vantagens que contribuem para a segurança alimentar, no sentido de gerar alimento de qualidade, com planejamento e regularidade.

Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, 2016), a aquicultura é a mais rápida das atividades agropecuárias em termos de resultados produtivos e uma das poucas capazes de responder com folga ao crescimento populacional, o que pode contribuir para o combate à fome em todo o mundo. Essa atividade é considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como atividade estratégica para a segurança alimentar sustentável do planeta, por fornecer alimento de alta qualidade e, de gerar emprego tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento.

Dentre os países com maior potencial para a aquicultura, o Brasil tem papel de destaque, em especial por sua disponibilidade hídrica, clima favorável e ocorrência natural de espécies aquáticas que compatibilizam interesse zootécnico e mercadológico. No Brasil, a aquicultura vem sofrendo constantes transformações, tendo se consolidado como importante atividade no agronegócio brasileiro, substituindo em parte o peixe proveniente da pesca extrativa (AYROZA, 2009).

De acordo com o SEBRAE e o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), o Brasil tem potencial para atingir até 2030, uma produção anual de 20 milhões de toneladas de peixe, assumindo assim um papel importante no aproveitamento do pescado mundial (MPA, 2013). Contudo, a produção aquícola nacional ainda apresenta números incipientes se comparada com a dos maiores produtores mundiais, como a China, a Índia, o Vietnã e a Indonésia (FAO, 2014). A aquicultura brasileira vive um momento inquestionável de expansão, transformação e consolidação, tornando-se em algumas regiões do país a atividade principal de pequenos, médios e até grandes proprietários rurais. A aquicultura partiu de um sistema que se iniciou para satisfazer necessidades de subsistência. O cultivo de organismos aquáticos passou a ser parte de um processo produtivo e econômico, ditado, também por políticas econômicas (exportação) e sociais (emprego e alimentação), daí o grande impulso que vem tendo no mundo inteiro (SOUZA, 2006).

O cultivo de peixes e plantas aquáticas em tanques fertilizados com águas residuárias e excretas é uma prática comum e antiga, sobretudo na Ásia: China, Índia, Indonésia e Vietnã (FELIZZATO; STARLING; SOUZA, 2000).

Considerada uma atividade que impulsiona o desenvolvimento social e econômico, a aquicultura possibilita o aproveitamento efetivo dos recursos naturais locais, principalmente os hídricos. Porém, como qualquer outra atividade econômica, necessita de planejamento básico e estratégias para produzir bons resultados (GOVERNO DE SERGIPE, 2011). Embora a preocupação com o impacto ambiental da piscicultura tenha crescido desde o início de 1990, a produtividade da pesca ainda é o fator decisivo para a sua implementação (DIAS et al., 2012).

Ainda de acordo com Souza (2006), as discussões acerca da inserção da aquicultura no mundo moderno sob o paradigma da sustentabilidade ambiental, têm consequências diretas para os rios e bacias hidrográficas além de contribuírem para o desenvolvimento de um meio rural mais sustentável. Valenti (2000) considera que a aquicultura moderna está baseada em três pilares: a produção lucrativa, a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento social. Os três componentes são essenciais e indissociáveis para que se possa ter uma atividade perene.

A instalação de unidades de piscicultura, embora totalmente dependente da qualidade e quantidade de água disponível, é por si, uma atividade que causa modificações na qualidade da água. O impacto causado no ambiente varia de acordo com o sistema de cultivo utilizado e, certamente, com as características do corpo d’água que recebe o efluente (ZANIBONI-FILHO, 1997). As alterações provocadas pela produção de peixes em tanques-rede incluem aporte de nutrientes na água que podem causar eutrofização do meio, introdução de espécies exóticas que possam comprometer a biota nativa e uso de antibióticos que propiciam o desenvolvimento de bactérias patogênicas resistentes (AMÉRICO, 2013).

Diante desse cenário, observa-se que muitos são os desafios para o crescimento da piscicultura continental no Brasil, pois o seu desenvolvimento tem seguido a lógica de outras regiões do planeta, permanecendo em segundo plano as questões ambientais, sociais e de políticas públicas, atreladas às premissas da noção de sustentabilidade (VIEIRA; WEBER, 1997; ALEXANDRE FILHO, 2008). Apesar das vantagens, a piscicultura pode gerar degradação ambiental, como qualquer sistema de produção intensiva (SACHS, 1993; ROCHA, 2008; AZEVEDO-SANTOS et al., 2011).

Embora as macrófitas aquáticas já venham sendo usadas em tratamento de efluentes por séculos, o termo fitorremediação é mais recente. Segundo Andrade et al. (2007), a fitorremediação é o uso de plantas e seus microrganismos associados para o tratamento do solo,

água e ar, e é uma tecnologia emergente com potencial para o tratamento efetivo de uma ampla variedade de poluentes orgânicos e inorgânicos.

A fitorremediação pode ser realizada tanto em sistemas naturais como em wetlands construídas. A tecnologia de tratamento de águas residuárias, conhecida como wetlands construídas, foi inicialmente empregada na Alemanha por Käthe Seidel do Instituto Max Planck em 1952, usando a macrófita Scirpus lacustris plantada sobre brita para a remoção de fenol e na redução da carga orgânica proveniente de efluente de laticínio (KADLEC; KNIGHT, 1996). Ainda na Alemanha na década de 1970, Kickuth testou a eficiência na remoção de poluentes em leitos cultivados usando como meio de suporte solo de alta quantidade de silte e plantado com Phragmites australis (HEGEMANN, 1996).

Com o objetivo de analisar a aplicação de wetland construída para tratamento de efluente de aquicultura no Brasil, foi realizado um levantamento bibliográfico e busca em bases de dados.

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