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O sucesso económico de uma empresa reside na sua capacidade de identificar as necessidades dos actuais e potenciais novos clientes, e de desenvolver rapidamente produtos que satisfaçam essas necessidades e sejam produzidos com o menor custo possível. Para atingir tais objectivos não basta definir uma boa estratégia de marketing, um plano de produção cuidado ou ter produtos com um design arrojado, é preciso ter um processo global de desenvolvimento de produto que inclua todas estas vertentes de forma integrada.

Pode-se definir “produto” como algo que uma empresa vende aos seus clientes, e “desenvolvimento de produto” como o conjunto de actividades necessárias para a sua produção. Neste conjunto de actividades, inclui-se a detecção de uma oportunidade de mercado, o desenvolvimento de conceitos, a análise económica, a concepção de desenhos técnicos e modelos, a elaboração de protótipos e planos de produção, a produção de algumas unidades do produto, o teste e ensaio, a produção em larga escala, o marketing e a distribuição e venda.

Vários autores (por exemplo Ulrich [Ulrich, 2000], Marxt [Marxt, 2005] e Vajna [Vajna, 2005]) afirmam que o desenvolvimento do produto é uma actividade interdisciplinar que requer a participação de (quase) todos os membros de uma empresa. A organização e o tipo de equipas depende muito das empresas envolvidas e do tipo de produtos a desenvolver, mas existem três áreas fundamentais: o marketing, a concepção e desenvolvimento, e a produção.

O marketing é a área responsável pela ligação entre a empresa e os clientes; são os elementos desta área, que identificam as oportunidades de mercado e as necessidades dos clientes alvo, definem os segmentos de mercado, realizam a divulgação da empresa, definem o preço final do produto e são responsáveis pelo lançamento e pela promoção do mesmo.

O papel da concepção e desenvolvimento, que inclui obviamente o design de produto, é essencial no desenvolvimento do produto porque define a forma e as propriedades físicas que melhor respondem às necessidades dos clientes alvo. Neste contexto, design inclui o design industrial (a estética, a ergonomia e as

interfaces) e a engenharia (componentes mecânicos, eléctricos, aplicações computacionais, etc.).

À produção cabe a tarefa de desenvolver e operar o sistema que irá produzir o produto em causa, e tratar dos processos de compra e de distribuição de todas as matérias-primas necessárias para tal.

Usualmente, o desenvolvimento de um produto não é um processo rápido, de baixo custo, nem fácil. De acordo com Ulrich [Ulrich, 2000], a maioria dos produtos precisam pelo menos de um ano até estarem concluídos, mas existem produtos que precisam de três, cinco ou mesmo dez anos. Quanto aos custos envolvidos, estes são obviamente proporcionais ao número de elementos envolvidos na equipa de concepção e desenvolvimento e ao seu nível técnico, e ao tempo despendido por estes.

O desenvolvimento de um produto é um verdadeiro desafio: é preciso gerir sensatamente as relações de compromisso, ser dinâmico na tomada de decisões, dar atenção aos “mais insignificantes” pormenores, terminar o desenvolvimento em tempo útil, de modo a satisfazer as necessidades actuais dos clientes, e ter sempre em atenção o custo final.

O processo de desenvolvimento de um produto é uma sequência de actividades, na sua maioria intelectuais e organizacionais, que as empresas utilizam para conceber, desenhar, produzir e comercializar um determinado produto. Algumas empresas seguem planos de desenvolvimento detalhados, enquanto outras são incapazes de descrever o seu processo criativo. No entanto, processos de desenvolvimento de produto bem definidos são preferíveis por ajudarem a garantir um nível de qualidade adequado, facilitarem a coordenação entre os diferentes membros da equipa, auxiliarem a planear e gerir correctamente todas as situações existentes, e por garantirem a existência de um registo adequado de todas as actividades envolvidas, para que mais tarde seja possível melhorar o mesmo produto e o seu ciclo de vida e de produção.

A Figura 4.1 ilustra um processo genérico de desenvolvimento de um produto. Normalmente, este processo é composto por seis fases: planeamento, desenvolvimento de conceitos, projecto de sistemas, projecto de detalhe, ensaios e refinamento e, finalmente, o lançamento em produção.

O planeamento é muitas vezes referido como a “fase 0” de um produto, uma vez que antecede a aprovação do projecto e o lançamento do desenvolvimento do mesmo. Esta fase inicia-se com a definição de uma estratégia adequada e a avaliação da tecnologia envolvida e do mercado alvo. Desta etapa resulta um documento intitulado “declaração da missão do projecto” (“project mission

statement”) que especifica o mercado alvo, os objectivos do negócio, os

pressupostos assumidos (“key assumptions”) e as restrições.

Planeamento Desenvolvimento de conceitos Arquitectura do sistema Projecto de detalhe refinamento Teste e Lançamento em produção

Figura 4.1: Processo genérico de desenvolvimento de produto (imagem adaptada de [Ulrich, 2000]).

Durante o desenvolvimento de conceitos, as necessidades do mercado alvo são identificadas, desenvolvidos e avaliados vários conceitos e um ou mais conceitos são seleccionados para prosseguir com o desenvolvimento do produto. Neste contexto, conceito refere-se à descrição da forma, da função e das características do produto.

O projecto do sistema inclui a definição da arquitectura do produto e a decomposição deste em subsistemas e nos seus componentes. Também é comum definir durante esta fase o esquema de produção a adoptar. Geralmente, desta etapa resulta o desenho (layout) geométrico do produto, a lista de especificações de cada um dos seus subsistemas, e um diagrama preliminar da sequência de montagem do produto final.

O projecto de detalhe envolve a especificação completa da geometria do produto, dos materiais utilizados, das tolerâncias dimensionais e geométricas e das qualidades superficiais dos componentes que constituem o produto, e identificação dos componentes que irão ser adquiridos a terceiros. Quando necessário, é durante

esta etapa que se fabricam os dispositivos e as ferramentas necessárias à produção interna.

Durante a fase de ensaios, testes e refinamento, constroem-se e avaliam-se várias pré-produções do produto, geralmente designadas por protótipos.

A derradeira fase no desenvolvimento usual de um produto é o lançamento em pré-produção. Nesta etapa, o produto é produzido usando-se já o sistema de produção final. O objectivo principal deste processo é preparar quem vai operar com o sistema de produção em larga escala e resolver alguns problemas que ainda possam persistir no ciclo de produção. Os produtos que resultam desta fase muitas vezes são enviados e testados por alguns consumidores, previamente identificados como representativos do público-alvo em questão, de forma a detectar algumas falhas ainda não determinadas.

O produto diz-se lançado quando fica disponível para a sua distribuição em larga escala.

4.2: Apresentação do caso em estudo: Desenvolvimento de um sistema

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