• Nenhum resultado encontrado

INTRODUÇÃO

No documento Download/Open (páginas 38-40)

3 CAPÍTULO I DIAGNOSE NUTRICIONAL DE NITROGÊNIO EM FOLHAS

4.3 INTRODUÇÃO

O feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) é uma leguminosa com alto valor nutritivo, sendo rica em proteínas, fibra, além de sais minerais como o ferro, potássio, fósforo e cálcio. Por essas qualidades nutricionais, é um alimento indicado em programas de combate à fome e desnutrição e ótima alternativa de fonte de proteínas naqueles locais onde alimentos de origem animal são caros. No Brasil, 70% da população consome feijão diariamente, sendo o consumo per capita anual de feijão de 16,5 kg (CONAB, 2012). Levando em consideração todos os gêneros e espécies de feijão, a produção de feijão da safra 2010/2011 foi de 3,73 milhões de toneladas, em uma área cultivada de 3,99 milhões de hectares, o que resulta em uma produtividade média de 935 kg ha-1 (CONAB, 2012), considerada baixa pelo potencial produtivo da espécie.

A produção de folhas é um fator primordial ao desenvolvimento vegetal, uma vez que é através delas que a planta realiza fotossíntese. Além dos fotoassimilados, elementos como o N e P também são remobilizados das folhas para os grãos. A intensidade da translocação desses elementos é maior quando a planta entra em senescência. A translocação de nutrientes de tecidos maduros e senescentes para os órgãos que estão em crescimento pode ser um fator determinante no desempenho do cultivo do feijoeiro, portanto, estudar a senescência foliar não só contribuirá para nosso conhecimento sobre este processo de desenvolvimento fundamental, mas também levará a modos de manipular a senescência para aplicações agrícolas.

A produção de área foliar constitui um caracter de variação complexa. As diferenças genotípicas na produtividade de muitos cultivos são principalmente associadas a variações na área foliar, pois as variações na atividade fotossintética por unidade de área foliar são muitas vezes inconsistentes e não significativas (Richards, 2000). A morfologia foliar dentro de um dossel reflete uma combinação entre a fotossíntese por unidade de área foliar e a interceptação de luz por folha: folhas mais espessas propiciam um maior aparato por unidade de área foliar, enquanto folhas mais finas e maiores podem interceptar mais luz (White & Montes-R., 2005). Uma alta área foliar específica (razão entre a área foliar e a massa de folha) pode compensar a menor fotossíntese por unidade de área foliar através de uma maior interceptação de luz mais cedo no desenvolvimento vegetal (Richards, 2000). A deficiência de P tem efeito pouco intenso na redução da atividade fotossintética em folhas de feijoeiro, pois modificações no metabolismo de P sob suprimento limitado de P podem aumentar a circulação interna de P interna na planta para aumentar a adaptação ao baixo P (Kondracka & Rychter, 1997). Segundo Trindade et al. (2010), o maior crescimento sob suprimento limitado de P durante o início de enchimento de vagens esteve associado a genótipos de feijoeiro capazes de manter a expansão foliar por meio de folhas de maior tamanho.

A remobilização de nutrientes dos tecidos vegetativos para os órgãos reprodutivos desempenha um papel importante para o rendimento de grãos do feijoeiro. Segundo revisão de Schiltz et al. (2005), a contribuição da remobilização de N dos órgãos vegetativos para a semente foi de 70% para a ervilha, 80-90% na soja, 43-94% na lentilha, 84% no feijão, e 80% no feijão de fava. As vagens e sementes do feijoeiro são os principais drenos de N quando ele é aplicado nas fases vegetativa e reprodutiva, respectivamente (Westermann et al., 1985). A remobilização foliar de P fornece mais da metade da demanda P na vagem e na semente em vasos de feijão (Snapp e Lynch, 1996). Na verdade, os valores de N e os índices de colheita de P são muito maiores do que os valores de índice de colheita de biomassa em cultivares de feijão, denotando que a translocação de N e P para as sementes é mais intensa do que a translocação de fotossintatos (Araújo & Teixeira, 2003). Em experimento realizado em campo, Araújo et al. (2012) determinaram o balanço de N e P com sete cultivares de feijoeiro, e indicou que a aquisição de nutriente pela parte aérea da planta entre a segunda e a quarta

semana após a floração contribuiu com 37% do N e P acumulado nos grãos. Cerca de 44% do N e 51% do P das folhas anexas foi remobilizado para os grãos duas semanas após a floração, o que correspondeu a 33% de N e 25% do P acumulado pelo grãos na maturidade fisiológica, e 56% do N e 49% do P presentes nas folhas foi perdido em folhas senescentes (Araújo et al., 2012).

Lynch & White (1992) propuseram que um ideótipo de feijoeiro para eficiência de N deve incluir intensa aquisição deste nutriente, translocação tardia deste para as sementes, alto índice de colheita de N e baixo teor deste nos grãos. Araújo & Teixeira (2003) consideram que o ideótipo para um sistema de produção sob baixos insumos deve privilegiar materiais com elevada absorção de nutrientes e produção de biomassa, porém com pequena translocação de nutrientes para os grãos, reduzindo a retirada de nutrientes do sistema e otimizando a ciclagem de nutrientes pelas folhas senescentes e dos resíduos ao final do cultivo.

A identificação da variação genética no crescimento vegetal em solos com déficit em nutrientes e o uso de caracteres nutricionais no melhoramento, vêm sendo propostos como estratégias para aumentar a eficiência de uso dos fertilizantes, o que seria vital para a obtenção de maior produtividade em solos de baixa fertilidade ou em condições de pequena disponibilidade de insumos (Clark & Duncan, 1991). Os fatores determinantes das diferenças genéticas na nutrição mineral de plantas estão relacionados com a morfologia radicular, as reações que ocorrem na interface solo-raiz, a dinâmica de absorção radicular, o transporte e a partição do nutriente e a sua utilização para produção de biomassa (Araújo & Machado, 2006). Contudo, as respostas de uma planta a estes mecanismos em condições de estresse nutricional são controladas por uma elevada gama de genes, cuja expressão pode variar sensivelmente conforme o estádio ontogenético (Lynch, 1995; Araújo et al., 2005; Araújo & Teixeira, 2008).

Estes fatos levam a formulação da hipótese de que a ontogenia do desenvolvimento foliar do feijoeiro pode variar em função do genótipo avaliado e da disponibilidade de P e N no solo e na planta. Neste contexto, são de suma importância estudos que descrevam detalhadamente a ontogenia no desenvolvimento e senescência foliar de plantas de feijoeiro.

O objetivo desse trabalho foi avaliar o desenvolvimento e a senescência foliar de diferentes cultivares de feijoeiro, em resposta à aplicação de diferentes doses de N e P no solo.

No documento Download/Open (páginas 38-40)

Documentos relacionados