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PARTE II – COORDENAÇÃO DOS DIRETORES DE TURMA DO ENSINO

Tema 1- Coordenação dos Diretores de Turma enquanto Cargo

1. Introdução, Contexto e Pertinência do Tema

A escolha do tema da parte II deveu-se ao facto de ter sido CDTS, num contexto de grandes alterações organizacionais e de mudanças legislativas que ocorreram na escola pública com um forte impacto na prática profissional. Esta função de gestão pedagógica enquadrou-se, temporalmente, em dois biénios consecutivos e um quadriénio em anos letivos distintos.

Costa et al. (2001), referem que “ foi como o advento da escola de massas, com a consequente complexificação das estruturas, dos processos e do tipo de população escolar, que se acentuou a necessidade de gestores pedagógicos intermédios”. Como tal, a função do CDTS é mediar os vários atores da comunidade educativa. Não é fácil, envolve muito trabalho e dedicação para se conseguir efetuar um trabalho de excelência.

Existem inúmeros modelos organizacionais de uma escola, fazendo alguns autores analogias com empresas, com a cultura, com a política, entre outras. Para Lima (1992), “do ponto de vista de uma educação tradicionalmente centralizada, a escola é mais frequentemente vista como uma unidade elementar de um grande sistema - sistema educativo. E é exatamente o sistema escolar, que, nesta perspetiva, é apreendido como uma organização, uma macro- organização.”

Nestes anos de serviço o meu papel na gestão intermédia enquanto CDTS em vários modelos organizacionais foi desempenhado em contextos de liderança diferentes fruto dos cargos que me eram atribuídos, quer por eleição dos pares ou mais recentemente por nomeação do Diretor.

No que concerne à gestão e liderança do cargo de CDTS este é muito importante, quer ao nível interno com uma forte ação no funcionamento e organização da escola, quer ao nível externo, na articulação com a restante comunidade educativa. Ele é um dos pilares essenciais na organização escolar.

No início do meu primeiro biénio acompanhei a reforma do ensino secundário, segundo o Decreto-Lei n.º 74/2004 de 26 de março, o que se traduziu por uma mudança radical em toda a comunidade educativa, dado que a lei de bases do sistema educativo esteve em vigor cerca de dezasseis anos.

Foi premente esta alteração de forma a acompanhar as profundas mudanças da sociedade e, neste contexto, o trabalho da direção de turma no desempenhando das diversas funções no exercício deste cargo de gestão pedagógica intermédia implicou mudanças profundas ao nível de toda a documentação que suporta o trabalho diário de um DT bem como foi, também, necessário fazer chegar a informação de forma sintetizada e clara, resultante de uma análise profunda da legislação, aos alunos, professores, assistentes administrativos e EE de modo a operacionalizar os demais procedimentos.

A pertinência da escolha do tema, da parte II, deste relatório prende-se com a comparação das metodologias, responsabilidades e funções respeitantes ao papel do CDTS, bem como as mudanças ocorridas na escola pública.

O meu cargo iniciou-se a partir do ano letivo 2003 até 2007, seguido de um interregno e, posteriormente, voltei a desempenhar este cargo desde 2011 até ao presente ano letivo. Durante este período pude constatar o quanto a escola pública mudou, desde a redução do número de turmas até ao número de horas que eram atribuídas ao Coordenador para o desempenho das suas funções, por exemplo. A reforma do ensino secundário teve como objetivos principais: o combate ao insucesso e abandono escolar; o aumento do rigor das aprendizagens; o reforço da autonomia das escolas e o desenvolvimento na formação das TIC.

As grandes alterações na organização do ensino secundário tiveram por base medidas legislativas com um forte impacto social tais como: o aumento da escolaridade obrigatória para os doze anos; permitiu uma maior articulação e

proximidade entre o ensino básico e ensino secundário e, por fim, existe uma maior oferta educativa.

Atualmente a organização do currículo do ensino secundário de acordo com Decreto-Lei n.º 139/2012, de 5 de julho, apresenta diferentes modalidades, orientadas quer para o prosseguimento de estudos, quer para o mundo do trabalho. O currículo dos cursos de nível secundário tem um referencial de três anos letivos e compreende diferentes tipos de cursos:

a) Científico-Humanístico b) Artístico Especializado c) Profissional

d) Vocacional

A definição das áreas de ensino atribuídas a cada coordenador é variada nos diferentes modelos organizacionais e definida no RI de cada escola. Enquanto CDTS só coordenei os Cursos Científico-Humanísticos (CCH), regulados pela Portaria n.º 243/2012, de 10 de agosto, com as alterações introduzidas pela Declaração de Retificação n.º 51/2012, de 21 de setembro.

Na escola onde desempenhei estas funções existe um coordenador para os cursos profissionais. Os outros cursos nunca existiram na minha escola. Os CCH, vocacionados para o prosseguimento de estudos de nível superior, conferem um diploma de ensino secundário, bem como o nível três de qualificação do Quadro Nacional de Qualificações e apresentam um plano de estudo de acordo com os diferentes cursos:

a) Ciências e Tecnologias – (CCT) b) Ciências Sócioeconómicas – (CCSE) c) Ciências Sociais e Humanas – (CCSH) d) Línguas e Literaturas – (CLL)

A liderança do DT contribui para proporcionar uma linha de orientação e de direção da escola convocando a intervenção de todos os atores educativos, (Alarcão & Tavares, 2003). Urge, assim, uma caminhada curricular inovadora, solidária e colaborativa pois um DT capaz de imprimir confiança nos seus pares bem como potenciar formas de participação dos alunos e das famílias nos conselhos de turma está a contribuir para que a escola se torne mais reflexiva, equitativa e justa.