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Introdução da Ordem de Cister no Território Português

No documento Mosteiro de São Bento de Cástris (páginas 32-35)

Introdução à Ordem de Cister| Contextualização Histórica e introdução no território português

1.2. Do Monaquismo à Ordem de Cister

1.2.1 Introdução da Ordem de Cister no Território Português

A inserção da Ordem de Cister no território português deu-se no século XII no reinado de D. Afonso Henriques no momento em que Portugal encontrava-se na fase de expansão. O primeiro Mosteiro Cisterciense em Portugal é o de São João de Tarouca, datado de 1143-1144. Pode-se assim dizer que a expansão do território foi também a expansão da Ordem Cisterciense em Portugal sobretudo no periodo na conquista Cristã (Esq. 1), à medida que iam conquistanto o território de norte para sul surgia a implantação de mosteiros de modo a gerir e ocupar o território22. Vários mosteiros cistercienses foram construídos,deste modo, um pouco por todo o território português23. Segundo a síntese de Ana Maria Martins, desde 1143 a 1769 foram fundados dezoito mosteiros masculinos e quinze mosteiros femininos, um total de trinta e três mosteiros dispersos por todo o país, desde o distrito de Viana do Castelo (Mosteiro de Santa Maria de Fiães) ao Algarve (Mosteiro de Nossa Senhora da Piedade de Tavira), sendo predominante a sua presença no norte e centro do país.

Esq. 1 Ordem cronológica dos mosteiros cistercienses e respectiva data de construção e localidade

22 MARTINS, Ana Maria Tavares Ferreira; “As Arquitecturas de Cister em Portugal, A actualidade das suas

reabilitações e a sua inserção no território”; Tesis Doctoral; Universidad de Sevilla; 2011; pp.104-106

23 Sob o reinado de D. Afonso Henriques foram construtídos quatro mosteiros: Mosteiro de São João de

Tarouca, Mosteiro de São Tiago de Sever, Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça e Mosteiro de São Cristóvão de Lafões.

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1.2.2 Construção monástica Cisterciense

Os mosteiros e abadias cistercienses formam diversos estilos arquitectónicos como: o Românico, Gótico, Manuelino, Barroco, Renascentista e Maneirista. A construção de um mosteiro abrange um ou mais estilos em simultâneo, visto que a influência do estilo predominante da época se reflecte no edificado. A construção toma características de outros estilos quando é influenciada ao longo do tempo, havendo um estilo predominante da época acrescido de outros24.

Para a fundação de um mosteiro cisterciense são necessários no mínimo doze monges e um abade25. Assumiam papel de construtores no momento de construção do mosteiro, participavam e davam o seu contributo na criação do seu habitat. O primeiro elemento a construir no edifício monástico é a Igreja, e depois o resto do edifício monástico.

Considerando-se a arquitectura cisterciense austera dirigida por indicações patentes na sua legislação própria (Capitula e Carta da Caridade) aplicada ao modo de vida dos monges, mas também aplicada na edificação dos seus mosteiros tal como refere o cap. IX dos capitula:

“Nenhum mosteiro poderá ser erigido em cidade, burgo ou aldeia. Não se pode enviar um novo abade para fazer uma nova fundação sem pelo menos doze monges, sem que entre os livros haja um saltério, um himnário, um colectário, um antifonário, um gradual, uma Regra, um missal, nem antes de naquele local terem sido levantados os edifícios do oratório, do refeitório, da casa para hóspedes e para o porteiro; isto para que imediatamente possam servir a Deus e levar uma vida regular. Fora dos muros dos mosteiro não se construa qualquer edifício destinado a habitação, que não seja o dos animais.”26

A construção de um espaço monástico rege-se por condicionantes territoriais, nomeadamente: a sua localização isolada das zonas habitadas, inserido na natureza27, perto a linhas de água28, em terreno fértil e rico em materiais para a construção do mosteiro, localizando-se em zonas de vale.

Enquanto a construção do mosteiro não estivesse terminado de modo a ser habitado pelos monges, estes residiam temporariamente à construção. Caso existisse necessidade de mais

24 MARTINS, Ana Maria Tavares Ferreira; “As Arquitecturas de Cister em Portugal, A actualidade das suas

reabilitações e a sua inserção no território”; Tesis Doctoral; Universidad de Sevilla; 2011; p.181

25 AA.VV.; “Arte e Arquitectura nas Abadias Cistercienses nos séculos XVI, XVII e XVIII; Actas do Colóquio

Arte e Arquitectura nas Abadias, 23-27 Novembro 1994; Mosteiro de Alcobaça; Edição do Instituto Português do Património Arquitectónico; Lisboa; Dezembro de 2000; p.320

26 Capitula, cap. IX in “Cister: os Documentos Primitivos”; Tradução, Introduções e Comentários de Aires A.

Nascimento; Edições Colibri; Lisboa; Março 1999; p.57 citado por MARTINS, Ana Maria Tavares Ferreira; “As Arquitecturas de Cister em Portugal, A actualidade das suas reabilitações e a sua inserção no território”; Tesis Doctoral; Universidad de Sevilla; 2011; p.97,

27 AA.VV.; Op. cit.; p.320

28 As potencialidades hídricas ou linhas de água, eram fulcrais para a higiene dos monges e para a sua

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membros para a obra eram chamados assalariados locais. A duração de construção de um edifício monástico era longa acolhendo os monges mesmo antes de terminado, desde que estivessem estabelecidas as condições para a sua habitabilidade, como foi referido anteriormente29. Ou seja os monges encontravam-se em “casa” e construíam a sua própria “casa”.

A racionalidade, as linhas arquitectónicas, a estética da pobreza, a simplicidade dos materiais (Fig. 2), a harmonia formada pelos volumes, a elegância das proporções, a esbelteza dos arcos, paredes caiadas, a luminosidade e importância do claro-escuro caracterizam a edificação monástica arquitectónica cisterciense. Estes parâmetros têm como propósito a busca da contemplação Divina e não ao fascínio pela arte.

O objectivo da construção concebe o espaço monástico como espaço para oração e dedicação a Deus e não como um edifício harmonioso e esplendor de arte. Assim a arquitectura apresenta o despojamento dos seus elementos existindo tanto no interior e como no exterior do mosteiro austeridade deste modo que nada deverá desviar a atenção de Deus.

Fig. 2 Perspectiva da nave da Igreja do Mosteiro de São Bento de Cástris (fotografia da autora 2014)

29 MARTINS, Ana Maria Tavares Ferreira; “As Arquitecturas de Cister em Portugal, A actualidade das suas

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1.3 “O Sacrosanto e Ecumenico Concílio de Trento”

No documento Mosteiro de São Bento de Cástris (páginas 32-35)