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1.Introdução Geral

O termo maxilectomia é usado para descrever a remoção parcial ou total da maxila, resultando em defeitos maxilares. Esses defeitos podem ser decorrentes do tratamento cirúrgico de neoplasias benignas ou malignas, malformação congênita e trauma. Os defeitos maxilares podem produzir severas alterações nas estruturas anatômicas da cavidade bucal, e, consequentemente, prejuízos estéticos, funcionais e, principalmente, psicológicos.

Dependendo da etiologia e extensão da deformidade, poderá envolver palato duro, mole ou ambos e ainda outras estruturas maxilares, resultando em uma comunicação buco-sinusal. Sabe- se que essas estruturas anatômicas contribuem extensamente na fonação, mastigação e deglutição, pois funcionam como área de suporte, promovem retenção e estabilidade para próteses em indivíduos edêntulos. Quando estas estruturas são removidas, parcial ou completamente, essas funções ficam comprometidas. A comunicação buco-sinusal permite a passagem de ar, líquido e alimento entre as cavidades, causando severas alterações na fala, deglutição e mastigação, reduzindo drasticamente a qualidade de vida de seus portadores. Nesse caso, duas são as alternativas: cirurgia plástica reconstrutora ou a confecção de prótese obturadora palatina.

A reconstrução de defeitos maxilares pela cirurgia plástica ou por uma prótese obturadora depende da idade do paciente, história médica e da extensão do defeito. As cirurgias reparadoras não são indicadas em casos de lesão extensa, complexidade da reconstrução cirúrgica maxilar e incerteza do restabelecimento das funções afetadas. Além disso, tem-se o risco de recidiva e radioterapia prévia em paciente oncológico.

Quando a reconstrução plástica é contraindicada, tem-se como tratamento de escolha a prótese obturadora palatina, sendo capaz de minimizar as possíveis consequências da maxilectomia. A confecção de próteses obturadoras palatinas tem por finalidade vedar a comunicação existente entre as cavidades oral, nasal e orbital, permitindo o restabelecimento da fala, da mastigação, da deglutição, da estética, proporcionando, assim, melhor qualidade de vida aos pacientes.

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34 Entretanto, a estabilidade e retenção destas próteses são dificultosas, pois, a condição óssea e da mucosa, são aspectos determinantes no planejamento de uma prótese obturadora palatina.

Sabe-se que as perdas maxilares alteram drasticamente a biomecânica das próteses obturadoras, pois o peso destas próteses e a presença de forças de alavanca aumenta as forças sobre os tecidos de suporte.

Assim, a utilização de implantes osseointegrados, como componente de sustentação de próteses orais e maxilofaciais, proporcionou uma nova alternativa de reabilitação para tais pacientes. E tem mostrado grandes vantagens, influenciando de modo positivo na autoestima e qualidade de vida do paciente, possibilitando sua reinserção em sociedade. Isso porque a associação dos implantes aos sistemas de retenção melhora a retenção e estabilidade da prótese e deixa o paciente mais seguro e confiante.

Entretanto, para se obter êxito clínico com este tipo de tratamento, é indispensável um planejamento prévio adequado às características intrínsecas de cada paciente, dos implantes e do sistema de retenção a ser selecionado. Visto que a redução do volume ósseo da maxila, após maxilectomia, pode comprometer a reabilitação protética, principalmente na área adjacente ao defeito. Uma quantidade adequada de osso disponível na maxila e a correta colocação e carregamento do implante são indispensáveis para uma reabilitação duradoura. A falta de osso pode expor a superfície do implante com consequente periimplantite, inflamação do tecido mole e possível fratura do implante.

O sucesso clínico, durante a reabilitação com implantes, é amplamente determinado pela maneira como o estresse mecânico é transferido do implante ao tecido ósseo circundante, sem gerar forças de grande magnitude, o que pode colocar em risco a longevidade do implante e da prótese.

Pesquisas sobre biomecânica de próteses implantorretidas objetivam estudar desenhos alternativos para diversas situações clínicas. Devido à indisponibilidade óssea, em regiões posteriores, uma adequada estabilidade anterior deveria ser alcançada para suportar extensões em cantilever

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35 que se projetavam distalmente. Ainda como alternativa para rebordos atróficos de pacientes maxilectomizados tem sido indicado a instalação de implantes com inclinação distal, em áreas de maior densidade óssea, como na região de primeiros molares, para melhorar a disposição geométrica do conjunto prótese/implante.

Em relação ao sistema de retenção, diferentes tipos são comumente indicados para esse tipo de prótese, dentre os quais se encontram os encaixes esféricos, os magnéticos e as barras, associados ou não. O que os diferencia é o tipo de material, resiliência e forma dos componentes, além do tipo de associação entre encaixes e implantes. Vários fatores devem ser levados em consideração para a correta seleção dos sistemas de encaixes, como o espaço disponível, a necessidade de sustentação da prótese, o nível de retenção que se deseja obter e, principalmente, a distribuição de forças sobre a mucosa, implante e osso.

Já que a maioria dos insucessos com próteses totais implantorretidas decorre de excesso de cargas transmitidas aos implantes e sistemas de retenção. Entre as metodologias utilizadas, a fotoelasticidade vem sendo utilizada para a análise da formação de tensões induzidas por reabilitações implantorretidas a implantes e osso suporte, em estudos que simulam as condições mecânicas clínicas existentes, neste tipo de reabilitação, por tratar-se de um método de análise que permite visualização direta destas tensões. É um método já testado, viável, de relativa facilidade de construção dos modelos e de interpretação dos resultados. Este método baseia-se no fenômeno da passagem de luz polarizada, através de um modelo de configuração geométrica arbitrária e na geração de padrões coloridos que são as franjas isocromáticas. Estas franjas são observadas no polariscópio e são proporcionais ao st ess sof ido pela pa te a alisada. Adicionalmente, a reprodutibilidade não afeta as propriedades físicas das estruturas envolvidas, e o ensaio pode ser repetido quantas vezes o operador desejar. O interessante dessa metodologia é que permite a visualização direta das tensões geradas sobre uma determinada estrutura, estabelecendo, dessa forma, uma correlação entre modelo fotoelástico e correspondentes situações das estruturas bucais quando estão sob tensões.

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36 Diante disso, este estudo teve como propósito avaliar a distribuição de tensões, por meio do método fotoelástico, em próteses obturadoras palatinas implantorretidas, sobre implantes paralelos ou inclinados, associados a diferentes tipos de sistemas de retenção.

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