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INTENSIDADE DE PODRIDÃO CINZENTA NO CACHO E POLIFENÓIS TOTAIS EM VARIEDADES

1 INTRODUÇÃO GERAL

No Brasil os locais de climas mais amenos concentram- se na Região Sul do país onde os estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul destacam-se por apresentarem, aliados a latitude elevada, locais de altitude superiores a 1.000 metros acima do nível do mar. Algumas dessas áreas, graças as suas condições climáticas particulares, tem sido cultivadas com variedades de uvas finas desde a última década, as quais atingem índices de maturação que fornecem matéria prima para a elaboração de vinhos diferenciados por sua coloração, aroma e equilíbrio gustativo. Em Santa Catarina, estes vinhedos estão em regiões como de São Joaquim, Água Doce, Bom Retiro, Tangará entre outras. As variedades que se encontram em maior quantidade são a Chardonnay, Cabernet Sauvignon e Merlot conduzidos em espaldeiras e manjedouras (ROSIER, 2003).

As condições climáticas aliadas à elevadas altitudes nestes vinhedos, proporciona um deslocamento de todo ciclo produtivo da videira, onde na maioria das variedades inicia o ciclo produtivo com a brotação na segunda quinzena de outubro e finaliza com a colheita na segunda quinzena de abril. Este deslocamento propicia resultados diferenciados na uva e no vinho do restante do país. As baixas temperaturas noturnas retardam o início da brotação e no período de maturação, as temperaturas noturnas amenas retardam o amadurecimento dos frutos, reduzem o crescimento das plantas e influenciam no metabolismo, propiciando uma colheita em uma época onde historicamente os índices de pluviosidade são bem menores que nos meses de vindima das regiões tradicionalmente

produtoras, permitindo com isso uma maturação,

principalmente fenólica, mais completa (ROSIER, 2003). Todas estas características climáticas favoráveis, associadas ao pioneirismo de uma atividade em uma região, traz consigo riscos decorrentes do desconhecimento de alguns

fatores que no futuro podem vir a influenciar na produção. Dentre os inúmeros fatores restritivos ao cultivo estão os problemas fitossanitários que, em muitos casos, podem contribuir com perdas de até 100% em áreas com condições climáticas propícias e, quando técnicas adequadas de sistemas de sustentação, assim como o manejo de poda não são adotadas

antecipadamente, levando obrigatoriamente ao uso

indiscriminado de defensivos agrícolas para o controle de doenças.

Dentre as doenças de maior importância para a viticultura no sul do Brasil, estão o míldio (Plasmopara viticola (Berk.& Curt) Berl. & de Toni) e a podridão cinzenta (Botrytis cinerea Pers.). Essas doenças ocorrem em todas as regiões vitícolas do Brasil, porém com maior incidência na região sul do país, sendo as doenças de maior importância em regiões subtropicais e temperadas (GARRIDO et al., 2004, NAVES et al., 2006). As condições climáticas predisponentes ao aparecimento destas doenças são temperaturas amenas e alta umidade relativa do ar (precipitação, nevoeiro e chuvisco), condições que, normalmente, ocorrem na região sul do Brasil no início do período de desenvolvimento da videira.

Por terem a ocorrência associada as condições climáticas que envolvem a umidade, temperatura e luminosidade, essas doenças podem ainda ser favorecidas pelos manejos culturais adotados antes e durante a produção, como sistemas de condução e métodos de poda.

A videira é uma planta que pode apresentar uma grande diversidade de arquitetura de seu dossel vegetativo e das partes perenes. A distribuição espacial do dossel vegetativo, do tronco e dos ramos, juntamente com o sistema de sustentação, constituem o sistema de condução da videira. Plantas conduzidas e corretamente podadas permitem, para uma mesma variedade e um ambiente determinado, melhor regular os fatores ambientais e, consequente redução da intensidade de doenças, e as respostas fisiológicas de cada variedade para a

obtenção de um produto desejado. Há várias maneiras para aumentar a performance dos sistemas de condução e poda, todas elas favorecendo, com maior ou menor intensidade situações como: a) o aumento da área do dossel vegetativo através da divisão em cortinas, permitindo maior produtividade e menor insolação, aeração e temperatura; b) a redução da densidade do dossel vegetativo, para favorecer as condições climáticas de insolação, aeração e temperatura, permitindo maior controle fitossanitário e menor produtividade; c) maior possibilidade para a mecanização do desponte, desfolha, colheita e poda de inverno; d) aumento da qualidade da uva e da produtividade da videira; e) melhor penetração de fungicidas em função de dosséis vegetativos menos densos; e f) finalizando com o agrupamentos de todos estes fatores sobre menor incidência e severidade de doenças como míldio e podridão cinzenta pela alteração das condições ambientais do dossel (GARRIDO et al.,2004).

Em geral, infecções fúngicas diminuem o rendimento e a qualidade das bagas e do vinho, através da redução da vitalidade da planta ou pela infecção direta nas bagas. O controle das doenças, na maioria das vezes é alcançado através de pulverizações excessivas de fungicidas e agroquímicos. O resíduo de agroquímicos afeta negativamente o processo de vinificação, pois apresenta ação antagonista às leveduras,

organismos responsáveis pelo processo fermentativo

(CHAVARRIA; SANTOS, 2013). Além disso, o alto custo econômico ao viticultor e o impacto negativo ao meio ambiente associado a este alto número de pulverizações, tem levado a uma busca por novas estratégias de controle de doenças, entre elas práticas culturais, uso de variedades resistentes, métodos de poda, sistemas de condução e sistemas de aviso.

A escolha de um sistema de condução adequado para o vinhedo depende não só da sua eficiência produtiva, mas também da influência sob o controle das principais doenças da videira, o que afetará diretamente a qualidade dos frutos, o

retorno financeiro ao produtor e a obtenção de produções mais sustentáveis, visando maior proteção ao meio ambiente e aos trabalhadores rurais.

O presente trabalho visa determinar o efeito de diferentes sistemas de condução sobre a dinâmica temporal do míldio e podridão cinzenta da videira em regiões de elevada altitude do sul do Brasil.

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