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5. Projeto de investigação

5.1. Introdução

A Organização Mundial de Saúde (OMS), ao longo dos tempos, tem vindo a evoluir a definição de saúde, deixando para trás a rudimentar apreciação que saúde é a ausência de doença e aliando a esta a alimentação, as condições sociais a saúde mental e a saúde física ligada ao objeto deste estudo, a atividade física. Deste modo, a saúde não é algo objetivamente observável pela ligação com uma multiplicidade de comportamentos do indivíduo. Apesar do bem-estar ser referência para apreciar a saúde, devemos ter atenção aos hábitos de vida que não trazem consequências no imediato mas que podem provocar distúrbios no futuro. Assim, o bem-estar futuro é um fator a ter em conta, ainda mais quando lidamos com crianças sobre as quais podemos ter uma ação educativa para a saúde.

Os estilos de vida das populações e a sua progressão são uma das maiores preocupações atuais pelas consequências que os hábitos de vida têm na sua saúde. As práticas diárias da sociedade têm sido os grandes catalisadores de problemas de saúde prejudicando o bem-estar, sendo que os delitos referentes ao sedentarismo e aos desequilíbrios alimentares são os mais verificados nos jovens portugueses.

A atividade física (AF) em adolescentes é objeto de estudo em várias investigações, pois tem vindo a revelar-se vantajosa para a saúde e consequentemente para o bem-estar e para a qualidade de vida. Caspersen (1985) define atividade física como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos, que resulte em gasto energético maior que os níveis de repouso, definição importante para entender que a AF tem diferentes níveis e pode ser realizada de inúmeras formas. Contudo, verificamos que os benefícios aumentam proporcionalmente com a quantidade de AF, nomeadamente a intensidade, a frequência e a longa duração (Sousa, 2011). Assim, importa referir que apesar de ser melhor fazer pouca atividade física do que nenhuma, o benefício para a saúde é claramente variável mediante a quantidade da mesma. Posto isto, a OMS recomenda aos jovens em idade

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escolar a prática de 60 minutos, ou mais, de atividades físicas de intensidade moderada a vigorosa.

A atividade física revela-se muito mais importante do que somente como promotora de aptidão física, tendo em conta que abrange dimensões diversas provocando “efeitos antropométricos, metabólicos, cognitivos, psicossociais e terapêuticos” (Matsudo, 2009 cit. Sousa, 2011, p.3). Podemos, então afirmar que a atividade física possui virtudes em várias vertentes promotoras de saúde e que se revela vantajosa para as crianças e jovens no seu estado de desenvolvimento.

O facto da atividade física promover uma qualidade de vida superior revela-se importante para incentivar os adolescentes a afastarem-se do sedentarismo, como Vasconcelos (2001, p.1) refere “um estilo sedentário apresenta um elevado custo na redução da qualidade de vida e da longevidade”. Desta forma, e ainda segundo a mesma autora, os jovens podem beneficiar a curto e longo prazo de uma vida ativa, aumentando a qualidade de vida, nomeadamente a “satisfação pessoal e a capacidade funcional” (idem, p. 2).

Na atualidade, a Educação Física (EF) tem um papel fundamental tanto para a prática de atividade física como também para a sua promoção fora das aulas. As novas medidas inscritas nas matrizes curriculares dos Ensinos Básico e Secundário, preveem uma redução opcional da carga horária da disciplina de EF no 3º ciclo e no Ensino Secundário. Tendo em conta os benefícios já referidos, é função dos grupos da disciplina nas escolas incentivarem os alunos a praticarem atividade física fora do tempo letivo. Além disso, os professores de EF não podem esperar que todos os alunos disfrutem de incentivos no meio familiar e por isso devem ter em conta que aqueles alunos menos ativos podem ter um ambiente familiar desencorajador para a prática de atividade física.

Na nossa sociedade, os comportamentos observados nas crianças e jovens têm influências da educação a que estão sujeitos, tanto no seio familiar, como na escola e noutros contextos sociais a que estes estão ligados.

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As interações pessoais são entendidas pelos jovens da nossa sociedade como fundamentais e é a partir dessa ligação com o meio que a própria identidade se forma. Tal como Wilkinson (2009) refere citado por Tomé, G. (2011, p.19), o adolescente começa a “relacionar-se com os pares e inicia relações mais próximas fora do ambiente familiar”, dando mais importância à aceitação do grupo de pares do que às intervenções dos próprios pais. Esta mudança pode dever-se a várias razões, sendo uma delas o tempo de contacto com os pais se ver diminuído nesta fase da vida. Contudo, o mesmo autor menciona que os pais não são substituídos e continuam a ser um grande suporte emocional e psicológico. Desta forma, a atitude dos pais sobre a prática de atividade física continua a ser tida em conta e a influenciar as decisões dos jovens.

O estudo dos estilos parentais começou a ser desenvolvido por Baldwin no sentido de estudar o ambiente em que as práticas parentais acontecem (Baldwin, 1994 cit. Vitali, 2004), sendo continuado por outros autores, como Baumrind (1971) que identificaram quatro estilos educativos parentais: autorizado, autoritário, permissivo e negligente. Já Maccoby e Martin (1983), partindo dos estudos anteriores, definiram os estilos em relação às dimensões da “exigência” e do “apoio”.

Tendo em conta a importância do ambiente familiar nos comportamentos das crianças e jovens, entendemos ser pertinente analisar possíveis relações entre os estilos educativos parentais e os hábitos de atividade física.

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