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2.4 Inventário das emissões de gases do efeito estufa

2.4.1 Inventário de emissões

2.4.1.1 Decisão se a empresa deve efetuar um inventário

Considerável número de empresas utiliza indicadores que envolvem projetos de mudanças climáticas de forma que respectivas informações estimulem interesses de grupos externos. Pode-se tomar como exemplo o Santander Central Hispano que integrou estes indicadores no processo de tomada de decisão para concessão de crédito (PINKSE; KOLK, 2009). Sobre questões que envolvem o inventário das emissões, os autores aconselham as empresas a refletirem sobre os seguintes aspectos:

· Impacto do clima atual: trata-se de efetuar o levantamento de dados referente ao impacto climático total da organização – isto é, a quantidade absoluta de emissões de GEE liberada à atmosfera (FGV, 2011).

· Pressão das partes interessadas e suas percepções: Pinkse e Kolk (2009) argumentam que as partes interessadas, incluindo órgãos reguladores, investidores e organizações não governamentais (ONGs), também estão preocupadas com informações que

envolvem emissão de carbono e pontos de vista relacionados à preocupação das companhias em atenuar suas emissões de GEE (FGV, 2011).

· Estratégia da empresa: atinente a um esquema de quaisquer programas ou estratégias de gestão ou redução de GEE que a organização esteja envolvida (FGV, 2011).

· Prioridades da gestão e seus valores: refere-se a melhor compreensão da gestão de uma organização sobre seus valores, perfil de emissões e sua potencial responsabilidade por emissões ou exposição a riscos envolvendo GEE (FGV, 2011).

2.4.1.2 Decisões quanto à metodologia de medição a ser adotada pela empresa

Entre as diversas metodologias corporativas existentes para a realização de inventários de gases de efeito estufa, o The Greenhouse Gas Protocol – A Corporate Accounting and Reporting Standard (o Protocolo de Gases de Efeito Estufa – Um Padrão Corporativo de Contabilização e Reporte), ou simplesmente GHG Protocol, lançado em 1998 e revisado em 2004, é atualmente a ferramenta mais empregada globalmente pelas empresas e governos com o intuito de compreender, quantificar e gerenciar suas emissões (FGV, 2011). Com relação à metodologia de medição, Pinkse e Kolk (2009) mencionam a importância do envolvimento das organizações nos seguintes assuntos:

· Envolvimento em protocolo com os tipos de gases do efeito estufa/ padrão: o GHG Protocol foi desenvolvido pelo World Resources Institute (WRI) em parceria com o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), além de ter sido resultante de associações multi-stakeholder com empresas, organizações não governamentais (ONGs), governo e outras conveniadas ao WRI e ao WBCSD. Dentre as características da ferramenta destacam-se o fato de oferecer uma estrutura para contabilização de GEE, a característica modular e flexível, a neutralidade com relação a políticas ou programas e a questão de ser fundamentada em um vasto processo de consulta pública (FGV, 2011). Além disso, as informações geradas podem ser aplicadas aos relatórios e questionários de iniciativas como Carbon Disclosure Project e Global Reporting Initiative (GRI).

· Possuir propósito específico para execução de inventário: as companhias geralmente esperam que seu inventário de GEE seja capaz de servir a diversos propósitos. Seja para comércio de emissões e/ ou registro das alterações climáticas e / ou efeitos internos em termos de uma melhor gestão das emissões de GEE (PINKSE; KOLK, 2009). Deste modo, faz sentido projetar o processo desde o início para que

disponibilize informações para vários usuários e usos - tanto atuais quanto futuros (FGV, 2011).

2.4.1.3 Decisões quanto aos limites organizacionais

As decisões quanto aos limites organizacionais são de fundamental importância quando se trata do inventário de GEE, uma vez que a empresa definirá se toda a companhia (incluindo joint ventures e subsidiárias) ou apenas parte dela estará envolvida no escopo do inventário (PINKSE; KOLK, 2009). A organização deve considerar os seguintes limites:

· Apenas a empresa ou também parte da cadeia de suprimentos: ao definir limites organizacionais, a empresa escolhe uma abordagem para a consolidação das emissões de GEE e, posteriormente, estabelece essa abordagem a fim de registrar e comunicar suas emissões de GEE (FGV, 2011).

· Apenas 100% da propriedade ou também parte das subsidiárias e/ ou joint ventures: as operações das companhias variam nas suas estruturas legais e organizacionais e abrangem: operações de propriedade integral, joint ventures incorporadas e não incorporadas, subsidiárias e outras. Para efeitos de levantamento de GEEs, os limites da empresa são discutidos conforme regras estabelecidas, uma vez que estas dependem da estrutura organizacional e do relacionamento com todas as partes envolvidas (FGV, 2011).

2.4.1.4 Decisões com relação ao escopo

Outro detalhamento importante, segundo Pinkse e Kolk (2009), caracteriza-se pelo estabelecimento de limites operacionais, ou seja, se a fonte de GEE é oriunda do escopo 1, 2 ou 3, em que são levantadas as seguintes discussões:

· Qual a fonte de GEE que a empresa pode incluir: de acordo com Pinkse e Kolk (2009), a emissão de gases do escopo 1 é proveniente de fontes que pertencem ou são controladas pela empresa. Tem-se como exemplo a emissão de gases originários dos veículos da organização, por exemplo. O escopo 2 contabiliza as emissões de GEE oriundas da aquisição de energia elétrica e/ou térmica consumida pela empresa. Finalmente, o escopo 3 é uma categoria de relato opcional, que permite a inclusão de todas as outras emissões indiretas. Desta forma, as emissões do Escopo 3 são provenientes das atividades da firma, contudo, ocorrem em fontes que não pertencem

ou não são controladas por ela (podem-se tomar como exemplo viagens corporativas de avião). Pinkse e Kolk (2009) ainda reforçam que durante o detalhamento do escopo é importante a consideração exata de alguns princípios relacionadas à relevância, integridade, transparência, coerência e precisão do levantamento efetuado.

· Quais tipos de emissões de GEE: as metas normalmente incluem um ou além dos seis mais importantes GEEs citados pelo Protocolo de Kyoto. Para empresas com fontes expressivas de outros GEEs que não sejam o CO2, geralmente faz sentido incluí-las para aumentar as oportunidades de redução (FGV, 2011).

· No processo, a consideração exata dos princípios para contabilização: a quantificação, elaboração e publicação do inventário de GEE precisam estar em conformidade com os cinco princípios de contabilização de GEE apresentados no GHG Protocol Corporate Standard e na norma 14064-1. O intuito desses princípios consiste em apoiar todos os aspectos ligados à contabilização e à elaboração de inventários de GEE e o seu emprego garantirá que o inventário demonstre, de maneira justa e transparente, todas as emissões de GEE da companhia. Os princípios de relevância, integridade, transparência, coerência e precisão são inspirados, em parte, nos princípios da contabilidade financeira e reporting. Eles também são consequência de um processo colaborativo que abrange as partes interessadas de uma ampla gama de disciplinas técnicas, ambientais e contábeis (FGV, 2011).