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Investigar a problemática do declínio da funcionalidade da pessoa

No documento 4MEMC PI Relatório Ana Santos 4734 (páginas 32-35)

4. EXECUÇÃO DAS ATIVIDADES, AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS E

4.3. Investigar a problemática do declínio da funcionalidade da pessoa

Ao longo de todo o estágio foi efetuada uma revisão sistemática da literatura sobre as intervenções promotoras da funcionalidade da pessoa idosa submetida a cirurgia (Apêndice VII) e foi consultada a Legislação, o regulamento de Mestrados da ESEL e os documentos da OE sobre as competências do enfermeiro generalista e enfermeiro especialista. Foi ainda elaborada uma reflexão acerca do quadro teórico que sustenta o problema de enfermagem estudado. Foram também consultados livros da biblioteca da ESEL e artigos científicos nas bases de dados, que permitiram mobilizar competências de investigação no âmbito do cuidado à pessoa idosa, (nomeadamente ao nível da sua funcionalidade), e da criação de uma relação de parceria com a pessoa idosa com vista à sua independência.

Para além de desenvolver e reforçar capacidades de investigação que permitiram sustentar a prática na evidência, tornou-se imprescindível efetuar um diagnóstico da realidade do serviço através da realização de entrevistas aos enfermeiros, a fim de conhecer e analisar as práticas.

A análise das práticas é vista como uma estratégia de construção de saberes que tem como centro o doente e família, na prática de cuidados de enfermagem (Bernardo et al.,

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forma a conhecer as suas opiniões e atitudes enquanto enfermeiros na prestação de cuidados à pessoa idosa internada no serviço. Pretendeu-se, por um lado, perceber a importância atribuída à avaliação do grau de dependência da pessoa idosa submetida a cirurgia e compreender de que forma os enfermeiros o faziam e quais as dificuldades sentidas. Por outro lado, o intuito passou por explorar a importância dada à implementação de intervenções promotoras da funcionalidade da pessoa idosa submetida a cirurgia e averiguar se essas intervenções eram desenvolvidas em parceria com pessoa idosa, na realização das suas ABVD.

Foi escolhida a entrevista informal para a recolha de dados pois é nela que se compreende o significado de um acontecimento na perspetiva dos participantes (Fortin, 2009). Desta forma, foi elaborado um guião orientador da entrevista (Apêndice VIII), onde se considerou pertinente incluir 3 questões de resposta aberta, que permitiram recolher respostas espontâneas e ter uma ideia mais precisa do que constituía a experiência dos participantes (Fortin, 2009). Dos 17 enfermeiros do serviço, foram realizadas entrevistas a 14, pelo que se obteve uma taxa de participação de 82%.

Após obter o consentimento informado dos enfermeiros, as entrevistas foram gravadas e transcritas para o papel, para posteriormente serem alvo de uma análise de conteúdo (Apêndice IX). O recurso à análise de conteúdo teve como finalidade obter indicadores que permitissem a realização de deduções lógicas e justificadas relativas às condições de produção/receção das mensagens (Bardin, 2011). Cada entrevista foi codificada numericamente, de forma a manter o anonimato e a confidencialidade dos resultados (Fortin, 2009). As entrevistas foram analisadas por unidade de registo (UR) e agrupadas em subcategorias criadas a posteriori, a fim de se extrair o significado das respostas dos enfermeiros (Bardin, 2011).

A análise das entrevistas permitiu verificar que a equipa foi unânime em considerar importante a avaliação do grau de dependência no desempenho nas ABVD das pessoas idosas hospitalizadas submetidas a cirurgia. Quando justificaram a pertinência da avaliação da pessoa idosa, referiram que esta permite identificar o seu grau de dependência (5 UR), individualizar os cuidados (5 UR), identificar as necessidades e incapacidades (7 UR) e ainda planear intervenções adequadas (6 UR). A maioria dos enfermeiros (64%) respondeu que essa avaliação seria feita com

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base na observação (9 UR), e alguns referiram que através de uma entrevista informal ao doente ou família, quando necessário (3 UR) poderiam colher dados relativos à capacidade do doente para realizar as ABVD, não existindo qualquer referência à utilização de uma escala de avaliação (0 UR). Relativamente aos momentos de avaliação, 93% dos enfermeiros disse que avaliava o doente na admissão hospitalar (13 UR) e 71% referiu o período pós-operatório (10 UR). No entanto, apenas 3 enfermeiros fizeram referência ao momento da alta (3 UR). Ao nível das dificuldades na avaliação, os enfermeiros apontaram as características do idoso (4 UR), a ansiedade presente (1 UR), a ausência de familiares (2 UR), a inexistência de escalas (6 UR) e a inadequada gestão de tempo (4 UR) como fatores impeditivos de uma avaliação correta e individualizada.

Na área temática da implementação de intervenções de enfermagem que promovem a funcionalidade do idoso hospitalizado submetido a cirurgia, 100% dos participantes considerou pertinente desenvolver essas intervenções (14 UR). Referiram a especificidade da pessoa idosa (5 UR), a promoção da independência (12 UR), a prevenção de complicações (6 UR), o planeamento da alta (9 UR) e os ganhos em saúde (5 UR) como aspetos-chave que justificam a importância das intervenções que visam a promoção da funcionalidade da pessoa idosa submetida a cirurgia.

Na categoria “estabelecimento de uma relação de parceria”, pretendia-se avaliar a forma como os enfermeiros cuidavam da pessoa idosa internada. Apenas 3 enfermeiros referiram que demonstravam tempo e disponibilidade para o doente (3 UR), 7 referiram que desenvolviam estratégias educativas com o doente de forma a aumentar os seus conhecimentos (7 UR), no entanto, apenas 3 envolviam a família nos cuidados (3 UR). O bem-estar do idoso foi referenciado por 5 enfermeiros (5 UR), no sentido de proporcionar qualidade de vida e conforto quando este regressa ao domicílio.

Concluindo, os dados resultantes da análise das entrevistas evidenciaram lacunas na avaliação da pessoa idosa que é internada para ser submetida a cirurgia. De uma forma geral, os enfermeiros demonstraram a necessidade de um instrumento que permitisse efetuar uma avaliação objetiva e sistemática dos idosos. Além disso, verificou-se que os enfermeiros se empenhavam para serem parceiros dos doentes

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nos cuidados, contudo a sua noção de parceria necessitava de ser trabalhada, uma vez que não referenciaram muitos dos aspetos que fazem parte do modelo de intervenção em parceria de Gomes (2009).

Antes de envolver os elementos da equipa de enfermagem neste projeto, considerou-se importante pôr em prática os conhecimentos adquiridos durante a formação especializada, através de uma prestação de cuidados de enfermagem diferenciada às pessoas idosas internadas, como futura enfermeira especialista, tendo em conta o quadro conceptual de enfermagem.

No documento 4MEMC PI Relatório Ana Santos 4734 (páginas 32-35)

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