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Investimento Direto Externo – NIGÉRIA

CAPÍTULO 2 – SITUAÇÃO RECENTE DA ÁFRICA SUBSAARIANA: ALGUNS

2.2 PERFIL DOS PAÍSES SELECIONADOS

2.2.1 NIGÉRIA

2.2.1.1 Investimento Direto Externo – NIGÉRIA

O último presidente eleito, Goodluck Jonathan, um político apoiado pelo sul do país, cuja maioria da população é cristã, derrotou o seu principal candidato, o general muçulmano Muhammadu Buhari, apoiado pelo norte do país. Apesar do total de votos recebido pelo atual

presidente corresponder a mais de 58% do total, o opositor contestou o resultado e, após as eleições, houve mortes em protestos violentos pelo país.

Diante dessa e de outras instabilidades políticas, a Nigéria, apesar de ser o maior recebedor de IDE no continente africano na atualidade, recentemente encontrava problemas para obter a confiança do investidor internacional. Em um estudo do Banco Mundial que data de 2007, os principais investidores no setor de mineração apontaram os principais riscos ao investir na Nigéria; entre eles, um dos mais citados remetia à instabilidade política do país, ou

problemas com infraestrutura.34

Diante de problemas com infraestrutura, o governo nigeriano concentrou esforços para melhorar os serviços do país no que diz respeito ao comércio internacional. Desde 1999 o governo fez esforços para melhorar as condições dos portos, e a autorização para parcerias público-privadas, bem como o regime de concessão, proporcionaram não só o resultado esperado de melhoria nas condições portuárias, aumentando o fluxo de comércio, como também se mostraram atrativas para o mercado internacional, que aportou recursos nesse tipo

de operação, melhorando os fluxos de IDE nigeriano.35

A autorização do governo para que se investisse em setores diversificados, numa tentativa de distribuir os 100% de IDE canalizados no setor petrolífero na década de 1990, também tem contribuído muito para a modernização dos portos. Alguns exemplos de grupos de investimentos que tiveram participação foram: Dinamarca, Alemanha, Reino Unido, Israel, França, Suíça, África do Sul, Irlanda, Bélgica, China, Índia e Grécia.

Além das medidas tomadas a fim de criar as concessões, o governo nigeriano também tem aumentado a participação na formação bruta de capital fixo do país. Enquanto que na década de 1990 as atuações do governo na FBKF foram de aproximadamente 19% do total, entre os anos de 2000 e 2012 houve uma equalização entre governo e iniciativa privada, ficando o primeiro com pouco mais de 40% do total.

Entre 1970 e 1990, a Nigéria era responsável pelo recebimento de aproximadamente 30% do total de IDE no continente africano. Esse montante estava diretamente relacionado às ricas reservas de petróleo que se encontram no país, porém, em 2007, ano no qual a mudança de patamar nos recebimentos de IDE já havia ocorrido, e esses se mostravam em plena

34 Para mais detalhes vide

https://openknowledge.worldbank.org/bitstream/handle/10986/7941/561780ESW0whit10Box349489B01P UBLIC1.pdf?sequence=1

ascensão, a Nigéria recebia não mais que 16% do total investido no continente africano. Esse movimento aconteceu por conta de novas descobertas de petróleo em outros produtores da atualidade, como Angola e Sudão, e por conta da diversificação dos investimentos estrangeiros diretos, que encontraram em países com economia mais avançada, como, por

exemplo, África do Sul e Egito, um aumento no portfólio de setores exploráveis.36

Retornando ao tópico dos portos e ações do governo, no intuito de dirimir os problemas de infraestrutura, de confiança no governo e de evolução nos fluxos de IDE, houve um esfriamento também da composição do IDE na formação bruta de capital fixo. O indicador, que já foi superior a 92% em 1996 e superior a 81% no ano de 2005, atingiu o nível mais baixo desde 1990 em 2013, com 17,3%. Esse indicador apresentou queda em 2012 e 2013 em comparação a 2011, que também estava abaixo da média da década de 2000. Movimento semelhante aconteceu com a formação bruta de capital fixo como um todo, que após apresentar acentuada queda em 2011 permanece estável num patamar mais baixo, conforme podemos ver no gráfico 10, abaixo:

36Investment Policy Review Nigeria, 2009. 1.310 1.277 2.040 2.171 2.127 4.978 4.898 6.087 8.249 8.650 6.099 8.915 7.127 5.609 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Elaboração do autor a partir de dados do UNCTAD.

Gráfico 9 - IDE - Nigéria Entradas líquidas 2000 - 2013 (Milhões US$)

Os resultados negativos da Nigéria ajudaram no número decrescente de recebimentos de IDE na África Ocidental. Algumas empresas venderam seus ativos por conta da diminuição dos preços do petróleo recentemente, porém, essa constatação não pode explicar sozinha a diminuição dos fluxos de IDE, uma vez que Gana e Costa do Marfim têm visto o IDE aumentar justamente devido a empresas de petróleo. Os ativos da Total e da Conoco Phillips foram vendidas para a Sinopec Group (chinesa) e Oando PLC (local).

Quanto aos tipos de investimento no país, os relatórios do Banco Central da Nigéria, apontam os seguintes números: em 2012, do total investido mais de 41% foi destinado ao setor de extração de petróleo e gás; 27,3% ao setor de manufaturas; 12,97% ao setor de comunicações, e destes mais de 66% está ligado a transportes; 9,1% ao setor de atacado e varejo e 4,4% foi destinado a serviços e negócios, categoria que engloba serviços bancários. Os números de 2011 são relativamente parecidos, mas com destaque para o setor de manufaturas, que teve participação de aproximadamente 24,7% do total, e para o setor de extração de petróleo e gás, cuja participação no total do ano de 2011 foi de aproximadamente

45,7%.37

Infelizmente, dados sobre a origem e destino setorial do investimento são muito escassos e não nos permitem uma análise mais detalhada. Uma saída razoável para o problema é trabalhar com os dados disponíveis, fazendo as ressalvas necessárias quanto às inconsistências ou erros, que por vezes são facilmente identificados.

37Relatório de estatística aplicada do Banco Central Nigeriano, 2014.

40,2 38,2 49,2 32,4 32,8 81,2 40,7 39,5 47,6 42,2 22,8 35,3 23,9 17,3 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Elaboração do autor a partir de dados do UNCTAD.

Segundo o site do Banco Central da Nigéria, as maiores regiões investidoras no ano de 2011 e 2012 foram: União Europeia, com 41,9% e 35,7% do total, respectivamente; América do Norte, com 17,3% e 16,2%, respectivamente; Ásia, com 17,2% e 14%, respectivamente; África, com 4,7% e 5,3% também respectivamente, e outros, que saíram de 0,2% em 2011 para 1,6% em 2012.

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