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INVESTIMENTO UNITÁRIO DO NOVO PROTÓTIPO

No documento Secagem de peras. Da tradição à ciência. (páginas 108-114)

EXPERIMENTAIS E SUGESTÕES João Monney Paiva, Paulo Lopes

6. ELABORAÇÃO DE UM NOVO PROTÓTIPO

6.3. INVESTIMENTO UNITÁRIO DO NOVO PROTÓTIPO

A energia emitida pelo sol é a fonte de quase toda energia disponível pelo homem, seja energia vital ou força motriz e de transformação na execução de tarefas quotidianas. No nosso ecossistema, através de diversos ciclos naturais, a radiação solar é convertida em diversos outros tipos de energia. Normalmente o termo "Energia Solar" é utilizado para expressar uma das formas de aproveitamento da radiação solar directa. Além disso, a energia solar ainda não tem um uso muito difundido, sendo um dos seus maiores entraves a disponibilidade do petróleo e dos seus derivados.

A secagem de produtos agrícolas tem uma grande aplicabilidade, sendo processo obrigatório para vários tipos de colheita tais como o

Figura 45. Radiação solar Fig. 44 Evolução da taxa de

café, o chá, o tabaco e, no caso em estudo, a fruta. Com as peras, a preocupação inicial era garantir a sua conservação enquanto alimento. O processo mais utilizado ainda é a secagem ao ar livre, que também se vale da radiação solar, mas de maneira primitiva e com muitos problemas relacionados com a exposição dos produtos à poeira, à chuva e aos ataques de insectos, roedores, etc. As estufas solares podem facultar uma grande melhoria na qualidade destes produtos. No sentido de contrariar todos estes indicadores, e fazendo uma pesquisa exaustiva (tendo por preço base os valores praticados na região de Viseu), foi elaborado um orçamento capaz de responder à produção dum módulo com capacidade para secar um mínimo de 50 kg de produto fresco (de peras de São Bartolomeu), variando a sua capacidade de carga com o tamanho das mesmas.

Quadro 1. Investimento de um módulo deste novo protótipo

Item Descrição (Unidade) Quantidade (Unidades) Preço Uni. (€) Total (€) Girândola (ф = 120 mm) Unidade 1 30 30 Vidro m2 6 15 90 Ferro m 40 2 80 Película reflectora m 1 1 1 Rede m2 1 2 2 Dobradiças unidade 2 1 2

Tinta (Preto fosco) litro 1 litro 5 5

Wallmate (Isolante) m2 2 10 20

Chapa (e = 2mm) m2 2 10 20

Mão-de-obra - - - 100

TOTAL (€) 350

Neste sentido, o quadro atrás apresenta o referido investimento. Estes módulos são de fácil execução e esta capacidade foi considerada para que qualquer pequeno produtor deste tipo de produto tradicional possa ajustar a capacidade de processamento à respectiva quantidade de produção. No entanto, é de realçar que esta é apenas uma estimativa de um preço para um único módulo, sendo deste modo elevada a possibilidade do preço ser revisto para valores substancialmente inferiores, por efeitos de economias de escala.

7. CONCLUSÕES

Foram apresentados os resultados do trabalho experimental sobre secagem de peras numa estufa solar. As alterações na altura do secador solar, para a mesma carga, não parecem influenciar significativamente os principais parâmetros adquiridos, bem como a taxa de secagem. Os perfis de temperatura espaciais não mostraram qualquer mudança significativa do respectivo padrão; o mesmo se pode dizer dos valores adquiridos ao longo do tempo. Já a utilização de diferentes proporções entre as secções de ventilação influenciam claramente a temperatura, a velocidade e a taxa de secagem, sendo que são mais elevadas perto da zona de saída. A utilização de uma girândola na extracção, de um modo aleatório, aumentou naturalmente a velocidade do ar, por comparação com a situação anterior, de convecção natural, mas os seus efeitos sobre a taxa de secagem ao ar livre ainda têm que ser demonstrados, pois a influência dominante da velocidade do escoamento sobre a temperatura é controversa; observaram-se taxas de secagem mais elevadas na estufa pequena. As peras expostas à radiação das lâmpadas de halogéneo não adquiriram a coloração acastanhada característica do produto (e possibilitada pela exposição à radiação solar). Fica por comparar a variação da taxa de secagem com a carga, nas duas estufas, sendo necessário, para o efeito, dispor de sensores fiáveis e com duração adequada que permitam a aquisição de valores de velocidade do escoamento.

Com a utilização deste tipo de metodologia verifica-se uma minimização, ou mesmo eliminação, do contacto com pragas e insectos; durante o período de secagem a que as peras foram sujeitas não foram visíveis efeitos da sua eventual existência. A eliminação de riscos de produção, sempre que verificadas condições atmosféricas adversas, principalmente de períodos chuvosos, não põe em risco uma colheita de frutos correspondente a um ano de trabalho; quando muito, pode aumentar o tempo de secagem, mas não comprometerá o produto final de forma significativa. Contrariamente à expectativa inicial, descontada a instrumentação o investimento inicial é relativamente reduzido, sendo este proporcional ao número de módulos que um potencial investidor necessite para utilizar na sua colheita. Não menos importante, e talvez mais atractiva, será a redução significativa do tempo de secagem pois, utilizando este tipo de estufas em condições típicas da época, num período máximo de

quatro dias poder-se-ão obter peras-passas (de São Bartolomeu) com características análogas às do produto seco pelo método tradicional (que necessita de um mínimo de uma semana, podendo, eventualmente, estender-se a duas).

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CAPÍTULO 6

No documento Secagem de peras. Da tradição à ciência. (páginas 108-114)

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