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3.4 OS INSTRUMENTOS ECONÔMICOS NA POLÍTICA AMBIENTAL

3.4.3 IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano

O IPTU é tratado também no Código Tributário Nacional, o imposto foi regulamentado pela Lei n°. 5.172 de 25 de outubro de 1996, está contido na seção II, do qual trata do que rege o Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana

do Capitulo III - Imposto sobre Patrimônio e Renda, nos artigos 32 a 34, que regulamentam o fato gerador do imposto, dão os critérios mínimos para a definição de zona urbana, bem como estipulam a base de cálculo do tributo e definem o contribuinte.

O IPTU é de competência privativa dos municípios e do Distrito federal, pode ser um grande instrumento de desenvolvimento de políticas públicas, por força do artigo 182 aliado ao artigo 156, I, c/c artigo 147 da Constituição Federal que trata da política urbana como instrumento extrafiscal para realização da função social da propriedade urbana, com vistas às atividades previstas no Plano Diretor com as recentes determinações do Estatuto da Cidade, valendo-se da progressividade de alíquotas para os imóveis subtilizados ou não utilizados.

Na visão de Pereira (2004), o IPTU pode ser considerado um dos poucos instrumentos econômicos de política ambiental conhecidos e utilizados, no sentido de contribuir para a conservação de áreas verdes particulares no meio urbano. Sua aplicação ocorre mediante a redução progressiva para os proprietários que mantêm remanescentes florestais nos imóveis.

3.4.3.1 Experiência da aplicação do IPTU ecológico: o caso de Curitiba

No município de Curitiba no Paraná, existem critérios para estimular a conservação de áreas verdes particulares. A Lei n°. 6.819 de 13 de janeiro de 1986 que disponha sobre a criação de estímulos à preservação de áreas verdes, com a redução do IPTU mediante contrato de compromisso mútuo entre a Prefeitura e o proprietário, dessa maneira, a lei estabeleceu os índices proporcionais da área conservada do terreno cadastrado no Setor Especial de Áreas Verdes e dos estímulos à conservação. Os critérios dessa lei foram alterados com o surgimento da Lei n°. 8.353 de 12 de dezembro de 1993, dispôs o monitoramento da vegetação de porte arbóreo e estímulos à conservação das áreas verdes no município de Curitiba. Estabeleceu em seu art. 25 que a título de estimulo, os proprietários ou possuidores de terrenos integrantes do Setor Especial de Áreas Verdes gozarão de redução e

isenção de imposto imobiliário proporcionalmente à taxa de cobertura florestal do terreno (PEREIRA, 2004).

Pereira (2004), ainda destaca que com a criação da Lei nº. 9.806 de 2000 que instituiu o Código Florestal de Curitiba, altera a forma de concepção do estímulo fiscal estabelecendo em seu artigo 10 que os possuidores de terrenos inscritos no Setor Especial de Áreas Verdes gozarão de isenção ou redução sobre o valor do terreno, para o cálculo base do IPTU, proporcionalmente à taxa de cobertura florestal, conforme os anexos da lei, os quais são descritos nas Tabelas 2 e 3:

Tabela 2: Áreas Atingidas por Bosque Nativo Relevante e Respectivo Percentual de Redução de IPTU.

COBERTURA FLORESTADA % DE REDUÇÃO

70% ACIMA 100 50 A 69% 80 30 A 49% 70 20 A 29% 50 10 A 19% 40 ATÉ 09% 30 Fonte: Lei n°. 9.806 de 2000.

Tabela 3: Áreas Atingidas por Bosque Nativo e Respectivo Percentual de Redução de IPTU.

COBERTURA FLORESTADA % DE REDUÇÃO

Acima de 80% 60

50 a 79% 40

30 a 49% 30

Acima de 10 a 29% 20

FONTE: Lei n°. 9.806 de 2000.

O IPTU é calculado conforme o procedimento definido pelo Código Tributário Municipal, Lei Complementar nº. 40 de 18 de dezembro de 2001 e legislação pertinente, que foi regulamentado no capitulo II, que dispõe sobre o Imposto sobre a propriedade Predial e Territorial Urbana, estabelecendo no art. 25º

que o imposto é imponível sobre o valor venal do imóvel (VVI). O VVI é determinado mediante avaliação tendo como referência os valores unitários da Planta Genérica de Valores Imobiliários e as características do imóvel. As alíquotas do imposto são diferenciadas em função da utilização de forma progressiva em função do valor venal dos imóveis definidas para imóveis residenciais, não residenciais e territoriais.

Segundo Pereira (2004, p. 68), o cálculo base do valor venal do imóvel para aplicação da alíquota do IPTU é obtido pelo somatório do valor venal do terreno mais o valor venal da construção, sendo assim, para cálculo de isenção e redução do IPTU sobre os imóveis com áreas verdes integrantes do Setor Especial de Áreas Verdes e que possuem construção de uso residencial, o valor de redução incide somente sobre o valor venal do terreno, de acordo aos coeficientes de cobertura florestal existentes, conforme Equações 5 e 6:

C T I VV VV VV   eq. 5 C T I VV Fator duçãoCF VV VV (  Re ) eq. 6 Onde: I

VV é o valor venal do imóvel, VV é o valor venal do terreno e T VV é o valor venal C

da construção. O fator de redução é definido de acordo com as faixas percentuais de cobertura florestal no terreno, que possibilita diferentes índices de redução de IPTU estabelecidos pela Lei nº. 9.806.

Segundo CURITIBA (2013), os proprietários de áreas verdes com bosques nativos e/ou pinheiros de grande porte e/ou árvores com grande volume de copada podem entrar com o pedido de desconto no valor do imposto junto a Secretaria Municipal de Finanças, estas solicitações são analisadas pela secretaria do Meio Ambiente, que realizará uma vistoria nas áreas e emitirá um parecer, aprovando ou não a concessão do desconto conforme uma tabela progressiva incluída na legislação. Pode-se observar na Tabela 4 os incentivos previstos no Código florestal para proprietários de terrenos com área verde.

Tabela 4: Incentivos Previstos no Código Florestal de Curitiba Para Proprietários de Terrenos Com Área Verde.

CARACTERÍSTICAS DO TERRENO DESCONTO

Terrenos com bosque nativo considerado relevante, cadastrado pelo município.

Até 100%.

Terrenos com bosques não

cadastrados pelo município.

Até 60%. Terrenos com árvores consideradas

imunes de corte.

10% por árvore, até o limite de 50%. Terrenos com pinheiros isolados e

diâmetro superior a 50 centímetros na altura do peito.

10% por árvore, até o limite de 50%.

Árvore isolada cuja projeção da copada perfaça uma área mínima de 40% da área total do imóvel.

Até 50%.

FONTE: CURITIBA, 2013.

Segundo Simonetti (2006, p. 09), no município de Curitiba o IPTU é utilizado como instrumento de estímulo à preservação das áreas verdes, são 77,7 quilômetros quadrados, ou 17,97% da área total do município.

De acordo com Cunha (2011) no município de Curitiba o número de beneficiados pelo IPTU pelo incentivo fiscal verde aumenta a cada ano, atingindo um percentual de 3,13% dos contribuintes tributados. Segue Tabela 5 correlacionado os dados de 2007 a 2011.

Tabela 5: Relação de Contribuintes Beneficiados Pelo IPTU Ecológico de Curitiba – Pr.

Ano Contribuintes Solicitantes Número de IPTU Lançados

2007 12.877 502.462 2008 13.779 512.530 2009 14.405 522.765 2010 15.637 532.618 2011 17.006 544.070 Fonte: SMF/CURITIBA-PR, 2013.

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