• Nenhum resultado encontrado

Apresentamos neste cap´ıtulo o principal resultado deste trabalho. Veremos antes alguns lemas, onde usaremos as nota¸c˜oes : G para grupo finito, G0 para grupo derivado de G e

Z(G) para centro de G.

Lema 3.1 Um grupo finito G possui uma ´unica K-representa¸c˜ao irredut´ivel de grau

maior que 1 se e somente se G possui [G : G0] + 1 classes de conjuga¸c˜ao , onde K ´e

um corpo algebricamente fechado.

Demonstra¸c˜ao Seja

KG = KGeG0 ⊕ KG(1 − e

G0),

tal que KGeG0 ' K(G/G0) ´e a soma das componentes comutativas de KG e

KG(1 − eG0) = ∆(G, G

0

) ´e a soma das demais componentes. Como K ´e algebricamente fechado, as componentes comutativas de KG s˜ao c´opias de K e o n´umero de classes de conjuga¸c˜ao de G ´e o n´umero de componentes simples de KG. O n´umero de componentes simples comutativas de KG ´e dado por:

dimKK(G/G

0

Se G possui uma ´unica K-representa¸c˜ao irredut´ıvel de grau maior que 1, ent˜ao a ela est´a associada a componente simples ∆(G, G0). Portanto, KG possui [G : G0] + 1 classes de conjuga¸c˜ao .

Suponha agora que G possui [G : G0] + 1 classes de conjuga¸c˜ao e escreva

KG = KGeG0 ⊕ ∆(G, G0) ' ⊕r

i=1Mni(K),

onde r ´e o n´umero de componentes simples de KG. Segue-se ent˜ao do fato de K ser algebricamente fechado que r = [G : G0] + 1 ⇐⇒ r − 1 = [G : G0] = dimKK(G/G

0

), tal que K(G/G0) ´e, a menos de isomorfismo, a soma das componentes comutativas de KG. Em termos matriciais,

KG ' K ⊕ · · · ⊕ K ⊕ Mni(K),

onde K aparece [G : G0] vezes nesse somat´orio.

A componente simples Mni(K) ´e tal que ni > 1, de onde segue o resultado. 2

Seja τ = {g0 = 1, g1, g2, · · ·, gr} um transversal de G

0

em G.

Lema 3.2 Um grupo finito G possui [G : G0] + 1 classes de conjuga¸c˜ao se e somente se

cada giG

0

´e uma ´unica classe de conjuga¸c˜ao e G0 ´e a uni˜ao de duas classes de conjuga¸c˜ao

{1} e G0 − {1}.

Demonstra¸c˜ao Para verificar que cada classe giG

0

´e uma uni˜ao de classes de conjuga¸c˜ao , basta mostrar que ∀x ∈ giG

0

, o conjugado de x ainda est´a em giG

0 . De fato, ∀x ∈ giG 0 , x = gig 0

, para algum g0 ∈ G0. Logo, ∀g ∈ G, g−1xg = g−1g ig 0 g = (g−1g ig)(g−1g 0 g) ∈ giG 0 , pois g−1g ig ∈ giG 0 e g−1g0 g ∈ g0G0 = G0.

Conclu´ımos que G possui, pelo menos, r + 1 classes de conjuga¸c˜ao , a saber, o n´umero de classes laterais de G0 em G. Note que G0 = (G0− {1})S{1} e, por hip´otese, G possui

exatamente [G : G0] + 1 = r + 2 classes de conjuga¸c˜ao . Ent˜ao, cada classe lateral giG

0

´e uma ´unica classe de conjuga¸c˜ao e G0 ´e a uni˜ao das classes G0− {1} e {1}.

Suponha agora que cada giG

0

´e uma ´unica classe de conjuga¸c˜ao , i ≥ 1, e G0 ´e a uni˜ao das classes G0 − {1} e {1}. Ent˜ao G possui [G : G0] + 1 = r + 2 classes de conjuga¸c˜ao e essas s˜ao as ´unicas classes de G. De fato, seja x o representante de qualquer outra classe

de conjuga¸c˜ao . Temos que x = gig 0 , para algum gi ∈ τ , g 0 ∈ G0; isto ´e, x ∈ ¯gi = giG 0 e, portanto, ¯x = ¯gi. 2

Teorema 3.1 Um grupo G possui exatamente uma ´unica K-representa¸c˜ao irredut´ıvel de

grau maior que 1 se e somente se:

• |G| = 2k, k ´e ´ımpar, Z(G) = G0

e |G0| = 2;

ou

• G ´e isomorfo ao grupo de todas as transforma¸c˜oes x → ax + b, a 6= 0, sobre um

corpo de ordem pn6= 2.

Demonstra¸c˜ao Suponha que G possui uma ´unica K-representa¸c˜ao irredut´ıvel de grau maior que 1. Segue dos lemas 3.1 e 3.2 que G age transitivamente por conjuga¸c˜ao sobre

G0 − {1}.

Como consequˆencia temos que G0 ´e abeliano, G0 ´e abeliano elementar e G0 ´e normal minimal em G. Com efeito, tome x ∈ G0, x 6= 1, arbitr´ario. Para todo y ∈ G0, y 6= 1, existe g ∈ G tal que y = g−1xg. Nesse caso, y2 = (g−1xg)2 = g−1x2g, · · ·, y◦(x) =

(g−1xg)◦(x) = g−1x◦(x)g = 1, ∀y ∈ G0

− {1}. Portanto, ∀y ∈ G0− {1}, existe inteiro k tal

que yk = 1 e o menor inteiro k com essa propriedade, ´e primo. Caso contr´ario, k = mn e

∀g0 ∈ G0 − {1}, (g0)m 6= 1, pois ◦(g0) = k e m < k. Logo, (g0)m elemento de G0 ´e tal que

(g0m)n = 1, com n < k. Contradi¸c˜ao . Portanto, k ´e primo.

Mostremos que G0 ´e abeliano. De fato, visto que x ∈ G0 =⇒ ◦(x) = k, k primo, temos que todos os elementos de G0−{1} possuem a mesma ordem (prima) e, portanto, G0 ´e um

p-grupo. Logo, Z(G0) ´e n˜ao-trivial. Considere agora a aplica¸c˜ao fg : G

0

→ G0 definida por fg(x) = g−1xg, ∀g ∈ G, x ∈ G

0

. ´E de verifica¸c˜ao imediata que fg ´e um automorfismo

sobre G0. Ent˜ao, fg leva Z(G

0

) em Z(G0), o centro de G0. Agora, ∀x ∈ G0 − {1}, {fg(x); ∀g ∈ G} = G

0

− {1}, pois G0 − {1} ´e uma ´unica classe de conjuga¸c˜ao . Em

particular, se x ∈ Z(G0), x 6= 1, ent˜ao G0 − {1} = {fg(x); ∀g ∈ G} ⊆ Z(G

0

), de onde segue que G0 ´e abeliano.

Mostremos agora que G0 ´e normal minimal em G. Seja H subgrupo de G tal que

{1} 6= H < G0, H 6= G0 e H / G. Ent˜ao, ∀g ∈ G, g−1Hg ⊂ H. Tome y ∈ G0

− H, y 6= 1

e x ∈ H. Por hip´otese, G0 − {1} ´e uma ´unica classe de conjuga¸c˜ao . Logo, existe g ∈ G

tal que x = g−1yg. Mas x = g−1yg ⇐⇒ y = gxg−1 ∈ H. Contradi¸c˜ao . Portanto, n˜ao

existe subgrupo pr´oprio de G0 normal em G, isto ´e, G0 ´e normal minimal de G.

Sendo G0 abeliano, podemos escrever {1} ⊂ G0 ⊂ G, tal que {1} / G0, G0 / G e

G0/{1} = G0, G/G0 s˜ao abelianos, isto ´e, G admite uma s´erie subnormal abeliana e,

portanto, ´e sol´uvel.

Suponha que |G0| = 2. Ent˜ao, G0 = Z(G). De fato, seja G0 = {1, g0}. Como G0 ´e uma ´unica classe de conjuga¸c˜ao e elementos conjugados tˆem mesma ordem, temos que

∀x ∈ G, x−1g0

x = g0 ⇐⇒ g0x = xg0, de onde segue que G0 ⊂ Z(G). Tome agora h ∈ G,

tal que h n˜ao pertence a G0. Como ¯h = hG0 = {h, hg0} ´e uma ´unica classe de conjuga¸c˜ao

(lema 3.2), escrevemos x−1hx = hg0

, para algum x ∈ G, o que implica que h n˜ao pertence a Z(G). Equivalentemente, temos que h ∈ Z(G) =⇒ h ∈ G0. Portanto, Z(G) ⊂ G0.

Sendo G0 central em G, podemos escrever {1} ⊂ G0 ⊂ G, tal que {1} e G0 s˜ao normais em G e G0 ⊂ Z(G), isto ´e, G admite uma s´erie central e, portanto, ´e nilpotente.

Nessas condi¸c˜oes temos que G ´e um 2-grupo. De fato, G ´e nilpotente se e somente se G ´e um produto direto de p-grupos. Digamos que G = G2× G3× G5× · · · × Gi× · · ·,

onde {Gi}i∈I ´e um conjunto finito e cada Gi ´e um i-grupo. Como |G

0

| = 2, temos que G0 ⊂ G2 e ∀a, b ∈ Gi, i ≥ 3, [a, b] = a−1b−1ab ∈ Gi∩ G

0

. Logo, |[a, b]| divide |Gi| e divide

|G0| = 2, o que nos d´a |[a, b]| = 1, ∀a, b ∈ Gi, ou seja, Gi ´e abeliano, ∀i ≥ 3. Note que o

elemento h = (1, h3, h5, · · ·) est´a em Z(G) = G

0

. Ent˜ao, h = (x, 1, 1, · · ·, 1), para x ∈ G2.

Portanto, G = G2, ou seja, G ´e um 2-grupo.

Seja n > 1 o grau de uma representa¸c˜ao irredut´ıvel de G sobre K, onde K ´e um corpo algebricamente fechado de caracter´ıstica zero. Ent˜ao, do lema 3.1,

KG ' K ⊕ K ⊕ · · · ⊕ K ⊕ Mn(K),

onde aparecem [G : G0] c´opias de K. Se |G| = 2m, ent˜ao

Como n ´e inteiro, m − 1 ´e par e, portanto, m ´e ´ımpar. Temos assim verificado uma implica¸c˜ao .

Passemos ao segundo item. Suponha agora que |G0| = pj > 2. Neste caso, Z(G) = 1.

De fato, digamos que |G0| = 3 e G0 = {1, a, b}. Como G age por conjuga¸c˜ao sobre

G0 − {1} = {a, b} e giG

0

= {gi, gia, gib}, gi ∈ τ , ´e uma ´unica classe de conjuga¸c˜ao de G,

ent˜ao a ´unica classe com um ´unico elemento ´e {1}. Logo, Z(G) = 1, pois, ∀a ∈ G,

Ca= {a} ⇐⇒ g−1ag = a, ∀g ∈ G ⇐⇒ ag = ga, ∀g ∈ G ⇐⇒ a ∈ Z(G).

Fica claro, desse modo, que Z(G) = 1 para qualquer ordem maior de G0.

Observe que os grupos G/G0 e G0 s˜ao nilpotentes, pois G/G0 e G0 s˜ao abelianos. Logo, a s´erie G ≥ G0 ≥ 1 ´e nilpotente de comprimento 2 e esse ´e tamb´em o comprimento

nilpotente de G. De fato, basta ver que G0 ´e normal minimal em G e, portanto, a s´erie

G ≥ G0 ≥ 1 ´e a s´erie nilpotente inferior de G.

Seja

η

um normalizador de sistema de G. Ent˜ao, do teorema 1.1, segue que G=

η

G0

e ηTG0 = 1.

Segue do teorema de isomorfismo para grupos que

η

' G/G0 que ´e, portanto, abeliano. A a¸c˜ao de

η

sobre G0, por conjuga¸c˜ao , ´e fiel. De fato, seja

φ : η −→ Aut(G0) n 7−→ φn: G 0 −→ G0 g0 7→ n−1g0 n

essa a¸c˜ao . ´E suficiente mostrar que ker(φ) = 1G. Para isso, tome n ∈ ker(φ), isto ´e, n

tal que n−1g0

n = g0, ∀g0 ∈ G0. Agora, ∀x ∈ G, x = eg0, com e ∈

η

, g0 ∈ G0. Ent˜ao,

∀x ∈ G,

n−1xn = n−1eg0

n = (n−1en)(n−1g0

n) = eg0 = x,

tal que n−1en = e, pois

η

´e abeliano. Portanto, n ∈ ker(φ) ⇐⇒ n ∈ Z(G) = {1

G} ⇐⇒

n = 1G, onde a rec´ıproca segue trivialmente. Da´ı conclu´ımos que

η

possui uma c´opia em

Visto que G0 ´e abeliano elementar e |G0| = pj, podemos escrever G0

' Zp× · · · × Zp,

onde Zp aparece j vezes. Nesse caso, G

0

´e um Zp-espa¸co vetorial.

Na representa¸c˜ao φ, G0 ' Zpj n˜ao possui Zp-subespa¸co invariante n˜ao-trivial, isto ´e,

a a¸c˜ao de

η

sobre G0 ´e irredut´ıvel. De fato, vimos que a a¸c˜ao de G sobre G0 − {1}, por

conjuga¸c˜ao , ´e transitiva; ou seja, ∀x, y ∈ G0 − {1}, existe g ∈ G tal que g−1xg = y.

Podemos escrever g = ng0, onde n ∈

η

, g0 ∈ G0. Ent˜ao,

g−1xg = y ⇐⇒ y = g0−1

(n−1xn)g0

= g0−1g0(n−1xn) = n−1xn,

pois n−1xn ∈ G0

e G0 ´e abeliano. Portanto, a a¸c˜ao transitiva de G sobre G0 se reduz `a a¸c˜ao transitiva de

η

sobre G0, de onde conclu´ımos a afirma¸c˜ao feita.

Na a¸c˜ao φ observe que ∀n ∈

η

, φn : G

0

→ G0 ´e uma transforma¸c˜ao linear sobre Zp

invers´ıvel, com φn−1: x 7→ nxn−1, ∀x ∈ G

0

, onde G0 ' Zpj. Como a essas transforma¸c˜oes

est˜ao associadas matrizes em Mj(Zp), o anel de matrizes de ordem j com coeficientes em

Zp, e Mj(Zp) s˜ao todas as transforma¸c˜oes lineares sobre Zpj ' G

0

, podemos pensar em

η

contido em Mj(Zp) via aplica¸c˜ao

ϕ : η −→ Mj(Zp) = {matrizes j × j com coef icientes em Zp}

n 7−→ ϕn

onde ϕn ´e a representa¸c˜ao matricial de φn em rela¸c˜ao a uma base fixada, cujo kernel ´e

kerϕ = {1G}.

Verifiquemos agora que o centralizador C(

η

) de

η

em Mj(Zp) ´e um anel de divis˜ao.

Basta mostrar que existe L−1 em C(

η

), ∀L ∈ C(

η

), L 6= 0. Ou ainda, que L ´e 1 − 1

e sobrejetiva, ∀L 6= 0. Do teorema do n´ucleo e imagem, isso se reduz a mostrar que L ´e sobrejetiva; isto ´e, que L(Zpj) = Zpj. Verifiquemos ent˜ao essa igualdade. Para todo

n ∈ η, n 6= 0, n ´e invers´ıvel; em particular, ´e sobrejetiva. Logo, ∀L ∈ C(η), L 6= 0, nL(Zpj) = Ln(Zpj) = L(Zpj). Portanto, L(Zpj) ⊆ Zpj ´e η-invariante. Como η age de

modo irredut´ıvel sobre Zpj e L 6= 0, temos que L(Zpj) = Zpj.

Como C(

η

) ´e um anel de divis˜ao finito e, portanto, um corpo finito, temos que C (η)∗

´e c´ıclico. Logo,

η

tamb´em ´e c´ıclico, pois

η

´e abeliano o que implica que

η

est´a contido em C(η)∗.

A a¸c˜ao de

η

como um grupo de permuta¸c˜oes sobre G0 − {1} ´e transitiva; ou seja,

G0−{1} ´e uma ´unica ´orbita de

η

. Visto que

η

´e abeliano, essa a¸c˜ao ´e tamb´em regular, pela

proposi¸c˜ao 1.1. Em particular,

η

´e semiregular (defini¸c˜ao 1.6). Ent˜ao, pela proposi¸c˜ao 1.2, temos que |η| = |G0 − {1}| = pj − 1.

`:

η

´e um subgrupo maximal em G. De fato, seja L subgrupo de G tal que

η

< L

< G e

η

6= L. Ent˜ao, existe l ∈ L, l = ng0, tal que n ∈

η

, g0 ∈ G0 e g0 6= 1. ´E claro que

n−1 ∈ L, pois

η

< L. Logo, n−1l = n−1ng0

= g0 ∈ L e consequentemente g0η, a classe

de g0 na a¸c˜ao de

η

, por conjuga¸c˜ao , sobre G0, pertence a L. Mas essa a¸c˜ao ´e transitiva. Ent˜ao, g0η = G0 ⊂ L. Como L ⊃ G0 e L ⊃ η, temos que L ⊃ G = ηG0; ou seja, L = G e, portanto,

η

´e maximal em G.

`: A representa¸c˜ao de G sobre as classes de

η

´e primitiva. Com efeito, seja

τ = {t1 = 1, t2, · · ·, tk} um transversal de

η

em G e suponha que ηt1 = η, ηt2, · ·

·, ηts; com s < k, ´e um bloco n˜ao-trivial fixado pela a¸c˜ao de G sobre G/η. Ent˜ao,

ηt1 = η ∪ ηt2 ∪ · · · ∪ ηts = M ´e um subgrupo de G. De fato, quaisquer que sejam

nti, n 0 tj ∈ M, temos que ntin 0 tj ∈ (ηti)n 0

tj ⊂ ∪si=1ηti =M. Ou seja, M ´e fechado para a

opera¸c˜ao de G. Note ainda que (nti)(t−1i n−1ti) = ti ∈ M e, com isso, titi−2 = t−1i ∈ M.

Assim, ∀nti ∈ M, ti−1n−1 = (nti)−1 ∈ M . Portanto, M ´e um grupo tal que η < M < G

e η 6= M 6= G, o que contradiz a maximalidade de η em G. Ent˜ao, n˜ao existem blocos n˜ao-triviais fixados pela a¸c˜ao de G sobre as classes de η, o que verifica a afirma¸c˜ao inicial. Al´em disso, essa ´e uma representa¸c˜ao fiel. De fato, se π : G → S(G/η) ´e essa repre- senta¸c˜ao , ent˜ao basta mostrar que kerπ = {1}. Para isso, observe que

kerπ ⊆ \

x∈G

ηx e que o grupo \

x∈G

ηx est´a contido no hipercentro de G (ver [2]). Visto que o hipercentro de G ´e {1}, pois Z(G) = {1}, ent˜ao kerπ = {1}.

Agora, usando o fato que |η| = pj− 1 e aplicando resultado encontrado em [3], temos

que G ´e isomorfo ao grupo de todas as transforma¸c˜oes x → ax + b, a 6= 0, sobre um corpo de ordem pj.

Para a rec´ıproca, suponha primeiramente que |G| = 2k, G0

= Z(G) e |G0| = 2.

Digamos que G0 = {1, a} e τ = {go = 1, g1, · · ·, gr} ´e um transversal de G

0

em G.

`: giG

0

= {gi, gia} ´e uma uni˜ao de classes de conjuga¸c˜ao . De fato, x ∈ giG

0 =⇒ x = gig 0 , g0 ∈ G0. Portanto, ∀g ∈ G, g−1xg = g−1g ig 0 g = (g−1g ig)(g−1g 0 g) ∈ giG 0 .

Logo, G possui, pelo menos, r = [G : G0] − 1 classes de conjuga¸c˜ao . Suponha que giG

0

´e uni˜ao de classes de conjuga¸c˜ao distintas, a saber, giG

0

= Cgi∪

·C gia.

Nesse caso, ∀g ∈ G, g−1g

ig = gi ⇐⇒ gig = ggi e g−1(gia)g = (gia) ⇐⇒ (gia)g = g(gia),

de onde conclu´ımos que gi e gia pertencem a Z(G) = G

0 . Ent˜ao, Cgi = Cgia = G 0 . Contradi¸c˜ao . Logo, giG 0

´e uma ´unica classe de conjuga¸c˜ao , para i ≥ 1.

Podemos escrever G0 = (G0 − {1}) ∪ {1}, onde G0 − {1} = {a} e {1} s˜ao, cada uma,

uma ´unica classe de conjuga¸c˜ao . Ent˜ao, G possui, pelo menos, r + 2 = [G : G0] + 1 classes de conjuga¸c˜ao , que afirmamos serem as ´unicas classes de G. De fato, se x ´e representante de qualquer outra classe de conjuga¸c˜ao , ent˜ao x = gig

0

, com gi ∈ τ ,

g0 ∈ G0; isto ´e, x ∈ ¯gi = giG

0

, de onde temos ¯x = ¯gi.

Portanto, do lema 3.1 segue que G possui uma ´unica K-representa¸c˜ao irredut´ıvel de grau maior que 1.

Agora, suponha que G ´e isomorfo ao grupo de todas as transforma¸c˜oes x 7→ ax + b,

a 6= 0, sobre um corpo de ordem pn6= 2. Ent˜ao, o grupo G0

de G corresponde ao grupo de todas as transla¸c˜oes . De fato, sejam f : x 7→ ax+b e g : x 7→ cx+d transforma¸c˜oes dadas como na hip´otese. Ent˜ao, est˜ao definidas inversas f−1 : x 7→ 1

ax − b a e g −1 : x 7→ 1 cx − d c.

Por um c´alculo direto, verificamos que o comutador [f, g] de f e g ´e dado por [f, g] = x +d(a − 1) + b(1 − c)

ac ,

que ´e uma transla¸c˜ao . Agora, se x 7→ x + q ´e uma transla¸c˜ao arbitr´aria, ent˜ao

x 7→ x + q ∈ G0. De fato, basta tomar, por exemplo, a = b = d = 1 e c = 1

1 + q na express˜ao d(a − 1) + b(1 − c)

ac . Da´ı conclu´ımos que |G

0

| = pn.

`: Existem precisamente duas classes de conjuga¸c˜ao em G0. De fato, a transla¸c˜ao

trivial x 7→ x ´e uma classe de conjuga¸c˜ao de G0. Se x 7→ x + q ´e uma transla¸c˜ao n˜ao-trivial, ent˜ao, para toda transforma¸c˜ao x 7→ ax + b ∈ G, a 6= 0, temos que

(1 ax − b a) ◦ (x + q) ◦ (ax + b) = ( 1 ax − b a) ◦ (ax + (b + q)) = ( 1 a(ax + (b + q)) − b a) = x + q a = x + qa −1,

tal que a ∈ Q e Q ´e um corpo de ordem pn. Ent˜ao, fazendo a percorrer todos os elementos

percorre todas as transla¸c˜oes n˜ao triviais de G. Como Q ´e finito, a classe de conjuga¸c˜ao de x 7→ x + q ´e, portanto, G0− {x 7→ x}, o que verifica a afirma¸c˜ao feita.

Seja agora x 7→ rx + s uma transforma¸c˜ao tal que 0 6= r 6= 1, isto ´e,

x 7→ rx + s ∈ G − G0. Ent˜ao, ∀ x 7→ ax + b ∈ G, a 6= 0, temos que:

(1 ax − b a) ◦ (rx + s) ◦ (ax + b) = ( 1 ax − b a) ◦ (r(ax + b) + s)) = 1 a(arx + rb + s) − b a = rx +rb + s − b a . Novamente rb + s − b

a percorre todos os elementos de Q, ∀ a, b ∈ Q e, portanto, a classe

de conjuga¸c˜ao de x 7→ rx + s corresponde a todas as transforma¸c˜oes x 7→ rx + s, s ∈ Q, 0 6= r 6= 1 fixo. Logo, existem pn− 2 classes de conjuga¸c˜ao em G − G0

. Como para cada 0 6= r 6= 1 fixado, existem pn transforma¸c˜oes associadas, temos que |G − G0

| = pn(pn− 2). Portanto, |G| = |G − G0| + |G0| = pnpn− 2pn+ pn= pn(pn− 1). Assim, [G : G0 ] = |G| |G0 | = pn− 1 ⇐⇒ [G : G0] + 1 = pn.

Ao todo, ent˜ao, existem 2 + (pn− 2) = pn = [G : G0

] + 1 classes de conjuga¸c˜ao em G,

Bibliografia

[1] R. W. Carter, Splitting properties of soluble groups, Journal London Math. Soc. 36 (1961), 89-94.

[2] P. Hall On the system normalizers of a soluble group, Proc. London Math. Soc. (2) 43 (1937), 507-528.

[3] B. Huppert, Zweifach transitive, aufl¨osbare Permutationsgruppen, Math Z. 68 (1957), 126-150.

[4] M. I. Kargapolov e Ju. I. Merzljakov Fundamentals of the Theory of Groups, Trans- lation of Osnovy teorii grupp, Springer-Verlag New York, Heidelberg, Berlin, 1979. [5] C. P. Milies e S. K. Sehgal An introduction to group rings, Kluwer Academic Pub-

lishers, 2002.

[6] R. S. Pierce Associative Algebras Springer-Verlag New York, Heidelberg, Berlin, 1982.

[7] G. Seitz Finite groups having only one irreducible representation of degree greater

than one, University of Oregon.

Documentos relacionados