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2. AUDITORIA ENERGÉTICA EM CENTROS ESCOLARES

2.9. Isolamento de Fachadas – Sistema ETICS

A legislação atualmente em vigor, no que respeita à eficiência energética dos edifícios, estabelece a obrigatoriedade da certificação energética para os novos edifícios e estende-se para todos os edifícios já existentes que sejam alvo de algum tipo de intervenção de reestruturação. Aquela veio igualmente fixar diversos parâmetros como é o caso dos valores limite da Transmitância Térmica das estruturas opacas verticais, que se estabelecem em função da zona climática em que o edifício está localizado, e que contribuem para a obtenção de edifícios com um baixo consumo energético.

Como forma de conseguir cumprir estes valores limite da Transmitância Térmica das estruturas opacas verticais, torna-se indispensável a aplicação de materiais isolantes nas paredes envolventes do edifício. Estes materiais têm diversas características que os distinguem dos demais, das quais se destaca a sua elevada resistência térmica, que permite reduzir a condutibilidade térmica das paredes e que se traduz numa considerável poupança económica devido à redução das despesas com a climatização.

Atualmente, o mercado dispõe de um vasto conjunto de tipos de materiais isolantes, que podem ser aplicados de acordo com as seguintes três formas: pelo interior, pelo exterior e no interior das paredes.

No que se refere à aplicação de isolamento nas fachadas de edifícios que já se encontram totalmente construídos, a melhor opção é a aplicação de isolamento pelo exterior da fachada, dado que apresenta mais vantagens relativamente aos outros modos de isolamento, nomeadamente:

 Mais fácil aplicação, e sem necessidade de mudar os equipamentos existentes no interior do edifício;

 Eliminação das pontes térmicas, o edifício é isolado na totalidade pelo exterior não deixando elementos construtivos em contacto com o exterior, como é o caso de vigas e pilares;

 Aproveitamento da inércia térmica das paredes exteriores, com o isolamento exterior todas as paredes exteriores passam a ter maior capacidade de armazenamento e de restituição de calor para o interior do edifício, o que se traduz numa maior estabilidade térmica do edifício;

 Problemas de infiltrações, com a aplicação pelo exterior de isolamentos estanques à água resolvem-se os problemas associados às infiltrações de água pela fachada;

 Reabilitação estética, permite remodelar as fachadas do edifício dando-lhe um novo acabamento.

Dentro das diversas técnicas e tipos de isolamentos aplicados pelo exterior, o que ganhou atualmente maior evidência é o sistema ETICS, “External Thermal Insulation Composite

Systems”, também conhecido no nosso país como “Capoto”, associado a designações

placas de isolamento, tipo EPS (poliestireno expandido), XPS (poliestireno extrudido), lã de rocha, cortiça, entre outros, pelo lado exterior do edifício juntamento com argamassas e colas para fixação destas placas, que dão o acabamento final à fachada.

Figura 2.37. Constituição do sistema ETICS (WEBER, 2012).

A lã mineral é o segundo material mais utilizado, como é o caso da Alemanha, por possuir melhor resistência ao fogo. Este isolante possui uma capacidade autoportante e coesão reduzidas, o que diminui a sua aderência, dado que exige fixação mecânica. Por outro lado, tem uma reduzida resistência aos choques e, por fim, aumenta a sua condutibilidade térmica com o aumento do teor de humidade (Lopes, 2005).

O aglomerado negro de cortiça, embora seja um produto natural com diversas vantagens ao nível ambiental, possui alguma absorção de água e um módulo de elasticidade transversal elevado, originando desta forma deformações significativas no sistema ETICS que poderão comprometer a estabilidade deste.

O poliestireno extrudido, apresenta uma maior resistência mecânica, incluindo ao choque, e térmica que o poliestireno expandido, mas possui maior módulo de elasticidade transversal e menor permeabilidade ao vapor de água. Em Portugal, existem poucas aplicações com este isolante e não é recomendado por entidades de homologação internacionais, devido ao seu módulo de elasticidade transversal ser superior ao poliestireno expandido moldado, originando maiores expansões e consequentes tensões no sistema (Lopes, 2005).

Atualmente, o EPS é o isolante térmico com maior utilização na Europa, incluindo Portugal, neste tipo de revestimento pelo facto de reunir um conjunto de características com maior vantagem relativamente a outros isolantes existentes. Portanto, o EPS é o revestimento mais recomendado a nível internacional e nacional para o sistema ETICS.

O sistema ETICS é fixado por intermédio de duas tecnologias: a colagem e a fixação mecânica. A primeira solução é atualmente a mais utilizada em Portugal devido às suas vantagens. A camada de colagem é feita por pontos, faixas ou em toda a área, ocupando até uma área mínima de 20% da superfície do isolante. A fixação por colagem é mais fácil e

rápida de aplicar do que a fixação mecânica, mas necessita de um suporte de fixação em bom estado de conservação e devidamente limpo.

Em casos de reabilitação, que apresentem um suporte degradado ou de difícil limpeza, a fixação mecânica surge como uma opção a considerar. Este tipo de fixação (normalmente buchas de plástico, PVC ou metálicas) constitui, por um lado, uma fonte de degradação e um motivo para uma execução menos cuidada da colagem, e possibilita pontes térmicas, pois após a sua fixação o seu topo permanece à face do isolante. Por outro lado, se o suporte for constituído por uma parede de alvenaria de tijolo corrente não rebocada, a operação de fixação é quase inexequível pelo facto de o tijolo estilhaçar com o furo do berbequim (Lopes, 2005).

No que se refere às argamassas que constituem a camada base do acabamento, existem dois tipos de argamassas: as cimentícias e as não cimentícias. Dentro das argamassas cimentícias surgem as pré-doseadas, cimento adicionado em fábrica, prontas a aplicar, e as de mistura “in

situ”, em que a mistura do cimento é realizada em obra. No nosso país estas últimas possuem

maior utilização, mas tenderão a ser substituídas pelas pré-doseadas, de forma a evitar a mistura em obra, evitando assim erros de mistura e perdas de tempo.

Por sua vez, as argamassas não cimentícias possuem uma maior flexibilidade e consequente resistência à fissuração, sendo consideradas de melhor qualidade, mas o seu custo é superior às cimentícias. Portanto, as argamassas orgânicas tem a vantagem de possuírem melhor qualidade que as cimentícias, mas não apresentando nenhuma delas qualquer tipo de problemas, desde que a sua mistura e aplicação seja executada corretamente.

Relativamente ao acabamento de superfície do sistema ETICS existem três tipos de produtos: os minerais, os acrílicos e os de silicone. Os minerais não são os mais adequados para exteriores, devido a terem uma maior tendência para o enodoamento, absorvem mais água que os restantes. Os acrílicos são os que têm maior utilização em Portugal e possuem uma boa qualidade geral face ao envelhecimento e à intempérie.

Mais recentemente surgiu o acabamento à base de resinas de silicone, com características melhoradas relativamente aos acrílicos, nomeadamente ao nível da flexibilidade, resistência à fissuração e repelência à água, possibilitando desta forma uma secagem mais rápida das superfícies.

A solução construtiva do sistema ETICS permite ainda a aplicação de uma pintura apropriada de base aquosa e com a possibilidade de incorporar biocidas, de forma a criar uma película resistente adicional ao desenvolvimento microbiológico e à acumulação de sujidades, ou, simplesmente, para melhorar o aspeto estético da fachada.

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