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Tractebel (antiga Eletrosul)26, com 29,5%, 1,5% e 69% de participação, respectivamente.

Os conflitos sociais que envolvem a UHE Itá iniciaram antes ainda de serem identificados seus impactos específicos, ao final da década de 70, com a divulgação, pela Eletrosul, da intenção de construir 22 aproveitamentos na bacia do rio Uruguai, entre eles a UHE Itá, o que gerou uma mobilização popular na região. Esse movimento resultou na criação, em 1979, da Comissão Regional dos Atingidos pelas Barragens (CRAB), que articulou basicamente a população rural e assumiu posições contestatórias à construção dos aproveitamentos hidrelétricos da bacia do rio Uruguai e foi o embrião para o surgimento do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)27.

Segundo o histórico da construção da barragem, pesquisado por Viana (2003), este movimento acompanhou, a partir de então, todas as etapas da implantação da hidrelétrica de Itá, através da articulação com outros movimentos sociais, sindicais, igrejas e, sobretudo, a Comissão Pastoral da Terra (CPT). No Quadro 7 e Figura 5, seguem identificados, em uma linha temporal, os principais eventos referentes à efetivação da UHE Itá.

Quadro 7 - Escala temporal da Hidrelétrica de Itá

Evento Período

Estudos para caracterizar os potenciais hidroenergéticos da bacia do rio Uruguai e montar um programa de construção de hidrelétricas

1966 a 1969 Os estudos são revisados levando em conta não

apenas o melhor aproveitamento energético do rio, mas também aspectos socioeconômicos, culturais, fisicoterritoriais e ecológicos. Itá figura entre as

1977 a 1979

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Em 1998 a Gerasul, estatal desmembrada da Eletrosul para gerenciar a geração de energia da região Sul, foi privatizada, sendo 68,6% de sua composição acionária adquirida pelo grupo franco-belga Tractebel-Suez pelo valor de US$ 801 milhões, na maioria financiada pelo BNDES. (ESPÍNDOLA, 2009)

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A história de luta e resistência de movimentos sociais ligados à construção de Hidrelétricas na região Oeste de Santa Catarina é relatada por vários pesquisadores, entre eles, Bloemer (1996), Reis (1998), Espíndola (1998), Espíndola (2009), Boamar (2002), Boamar (2003), Viana (2003), Reis, 2012.

prioritárias

Lançamento do marco fundamental da cidade nova 1981 Nova revisão de viabilidade, devido a mudanças

hidrológicas da bacia causada por enchentes. Nesta fase, altera – se o posicionamento da barragem, que passa a ficar a montante da foz do Rio Uvá. Nesta época, começam as providências efetivas com relação à relocação da cidade de Itá

1984 a 1985

O Brasil decreta moratória e o financiamento acordado com o Banco Mundial para a construção da hidrelétrica é suspenso

1989 Divulgação pelo Governo Federal do edital de

licitação para finalização do empreendimento sob o regime de concessão, dando o direito às empresas privadas de explorarem economicamente a energia gerada por esta UHE.

1994

Formação do Consorcio Itá, proprietário da hidrelétrica de Itá, a partir da união de três grandes empresas dos setores de geração de energia (Tractebel Energia), siderurgia (CSN) e cimento (Itambé)

1995

Inicio da Concessão (Decreto nº 1.712/ 1995) 1995 Reinício da obra (após período de paralização) 1996 Inauguração da Cidade Nova de Itá 1996 Realocação total da cidade de Itá 1997

Licença de instalação 1998

Renovação de licença de instalação 1999 Inicio do Funcionamento da hidrelétrica (geração de

energia) 2000

Prazo da Concessão 2030

Fonte: Adaptada de Reis (1998), Espíndola (2009), Consorcio Itá (2012), Viana (2003), Nespoli & Pizzatto (2007) .

4.1.5.2 Caracterização da Hidrelétrica de Machadinho

Outro empreendimento hidrelétrico que faz parte desta análise está relacionado à Hidrelétrica de Machadinho, também localizada na bacia do rio Uruguai. O projeto da UHE Machadinho iniciou-se sob conflitos, e em função das resistências dos movimentos sociais e ONGs foi modificado o local de construção da hidrelétrica. As organizações sociais questionavam os parâmetros socioambientais dos relatórios e inventários:

Para isto, foi realizado o "Estudo de Eixos Alternativos à Montante" que acabou por determinar a adequação de um novo sítio para a construção da UHE Machadinho, minimizando, desta forma, os prejuízos socioambientais, com pequena perda das capacidades projetadas inicialmente para o aproveitamento energético (ESPÍNDOLA, 2009, p. 183).

O local definido a partir desse estudo apontou a localização da UHE de Machadinho, ficando no rio Pelotas, aproximadamente 1.200 metros a jusante da foz do rio Inhandava (ou Forquilhinha), na divisa entre os municípios de Piratuba, em Santa Catarina e Maximiliano de Almeida, no Rio Grande do Sul. O reservatório é intermediário entre Itá (SC), a jusante, e o de Campos Novos e Pinhal da Serra, a montante. Entre a barragem de Machadinho (RS) e o reservatório de Itá (SC), existe um trecho de aproximadamente 10 km em que o rio corre em seu leito natural, efeito do deslocamento do eixo da barragem, para evitar a inundação do Rio Apuaê (NESPOLI & PIZZATTO, 2007, p. 18).

As áreas atingidas estão localizadas nos municípios de Machadinho, Maximiliano de Almeida,Barracão e Esmeralda, no Rio Grande do Sul e Piratuba, Capinzal, Campos Novos, Zórtea, Celso Ramos e Anita Garibaldi, em Santa Catarina, podendo ser observadas no Mapa 26.

De acordo com o Cadastro Sócio Econômico (CSE) realizado pela Eletrosul, em 2006, a área territorial ocupada pelo reservatório foi de 5.670 ha, atingindo 1.272 propriedades e 2.076 famílias. Segundo Nespoli & Pizatto (2007, p. 42), do ponto de vista físico estrutural foram atingidos “96,9 km de estradas, troncos e vicinais, 87 m de pontilhões, 260 residências, quatro escolas, três igrejas, três salões comunitários, dois cemitérios, dois campos de futebol e uma mini-hidrelétrica”.

A implantação da UHE Machadinho teve um orçamento total de cerca de R$ 1,15 bilhão na implantação de toda obra, sendo R$ 340 milhões de capital próprio dos empreendedores e o restante financiado pelo BNDES. A potência instalada é de 1.140 MW, e assegurada, de 529 MW médios. A composição dos acionistas da UHE Machadinho passou por várias alterações durante a sua história, contudo, desde 31 de dezembro de 2002, o Consórcio Machadinho, dono da UHE Machadinho, é composto pela Machadinho Energética S/A (MAESA) que possui 83,06% das ações, e a Tractebel possui outros 16,94% (NÉSPOLI;PIZZATO, 2007: p. 09).

Segundo Néspoli; Pizzato (2007:25), a MAESA é composta pela Companhia Brasileira de Alumínio – CBA (33,13%); Tractebel Energia S/A (2,8); Departamento Municipal de Eletricidade de Poços de Caldas - DME (3,28%); Camargo Correia Cimentos/S/A (6,3%); Alcoa Alumínio (30,99%); Votorantim Cimentos Brasil S/A (6,76); Valesul Alumínio S/A (9,98) e Companhia Estadual de geração e transmissão de Energia Elétrica - CEEE-GT (6,65%).

É importante destacar que os seus acionistas representam atualmente um grupo de empresas líderes do setor público e privado, com três empresas do setor de alumínio (Valesul, Alcoa e CBA), duas empresas do setor de cimento (Votorantim Cimentos Brasil e Camargo Corrêa Cimentos), duas concessionárias de energia elétrica (CEEE/RS e Departamento Municipal de Eletricidade de Poços de Caldas e uma geradora privada (Tractebel Energia (esta é acionista sozinha com 16,94% e também participa do consórcio com mais 2,8%). Por sua vez, o Grupo Votorantim e a Camargo Corrêa fazem parte de um consórcio que controla a VBC Energia S.A., empresa titular de participação acionária significativa no Rio Grande Energia S.A., Companhia Paulista de Força e Luz e Empresa Bandeirante de Energia S.A (NESPOLI & PIZZATO, 2007: p. 25). No Quadro 8 e Figura 6, seguem identificados, em uma linha temporal, os principais eventos referentes à efetivação da UHE Machadinho.

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